Francisco García é cubano e neste momento está preso na Grécia, tramitando seu pedido de asilo político. Segundo explicou ao CiberCuba, é "soldado da Federação Russa". Ele quer voltar à Rússia, apesar de reconhecer que alistar-se foi um erro. "Me arrependo de ter sido mercenário", diz por WhatsApp ao CiberCuba.
Em meio ao 'impasse' que vive, ele entrou em contato com esta plataforma, pedindo ajuda para dar visibilidade ao seu caso. "Sou soldado da Federação Russa". Estou na Grécia sem documentos, sem nada de asilo político", escreveu há algumas semanas.
Esta quinta-feira voltou a contatar a CiberCuba para explicar que já possui o cartão vermelho que recebem os solicitantes de asilo na Europa enquanto seu caso está sendo processado. O problema é que esse documento não serve nem para trabalhar nem para ir a um hospital.
"Por que me fazem isso? Este cartão vermelho não tem validade nenhuma aqui na Grécia. Não serve. Eu quero ir para a Rússia. Não quero continuar mais aqui. Você sabe o que é passar 10 anos sem passaporte nem nada, nenhum documento legal que comprove isso no país?", acrescenta por e-mail.
Sua experiência na Grécia não é boa. "Iam me mandar para Tessalônica, a 190 quilômetros do centro da Grécia, para que eu perdesse o dia da entrevista de asilo político", comenta.
"Este governo me deixou à mercê. Não sei nem o que fazer nem para onde ir. Não quero mais estar aqui na Grécia. Me deram uma carta vermelha que não serve para nada, nem para os hospitais", insiste.
No início de dezembro de 2024, El Toque publicou a história de um jovem cubano, Francisco García, natural de Santa Clara, que foi recrutado em Cuba por Elena Shuvalova e Dayana Díaz para se alistar na guerra da Rússia contra a Ucrânia, em troca de férias a cada seis meses, cidadania russa e não ter que lutar em linha de frente no combate.
De tudo isso, só cumpriram o que dizia respeito às férias. Ele tirou a parceira de Cuba e desertou com ela. Desde então, está em um centro de detenção de imigrantes na Grécia. Chegaram até lá fazendo escalas na Bielorrússia, Azerbaijão, Cazaquistão, Emirados Árabes Unidos, Egito e, finalmente, Atenas.
A presença de mercenários cubanos no conflito entre a Ucrânia e a Rússia não é segredo para ninguém. Há material gráfico que comprova a presença de cidadãos provenientes de Cuba nas fileiras do Exército russo durante a invasão da Ucrânia. Um vídeo publicado em janeiro de 2024 mostrou um combatente russo apresentando seu companheiro cubano em uma trincheira.
Muitos cubanos foram recrutados na Ilha para participar da guerra na Ucrânia com promessas de altos salários e uma rápida obtenção da cidadania russa. No entanto, ao chegarem à Rússia, se viram presos em uma guerra que prometia ser rápida, mas que já ultrapassou os três anos de duração.
Em setembro de 2023, o regime cubano afirmou ter detido 17 pessoas relacionadas a uma rede de tráfico de seres humanos que recrutava mercenários para a Rússia. Essas detenções ocorreram após as primeiras revelações sobre a presença de cubanos no conflito
Muitos desses mercenários cubanos participaram de algumas das batalhas mais sangrentas da guerra na Ucrânia, estando vinculados à 106ª Divisão Aerotransportada da Rússia, segundo uma reportagem da Schemes, a unidade de investigação do serviço ucraniano de notícias RFE/RL.
Cubanos como Frank Darío Jarrosay Manfuga, de 36 anos, foram capturados e afirmaram que foram enganados com falsas promessas de emprego. No seu caso, ele afirmou ser professor de Geografia e músico em Cuba, e ter sido recrutado sob falsas promessas de trabalhar na construção e enviado para a linha de combate sem uma compreensão clara da situação.
A Ucrânia já conseguiu demonstrar que, além de cubanos, a Rússia enviou ao front mercenários chineses e da Coreia do Norte.
Arquivado em:
