Judocas cubanos abandonam delegação e pedem asilo no Chile

Esses casos refletem o desejo de escapar de um sistema restritivo que limita não apenas as liberdades profissionais, mas também as pessoais.

Panamericano de Judô no ChileFoto © X/JIT Deporte Cubano/@MZLDeportes

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O Campeonato Pan-Americano e da Oceania de Judô, realizado neste fim de semana no Chile, foi palco não apenas de competições esportivas, mas também de um novo episódio de êxodo cubano: dois atletas abandonaram a delegação e solicitaram asilo no país sul-americano.

Segundo informou o advogado Mijail Bonito em entrevista com T13 En Vivo, os atletas, cujos nomes não foram divulgados, são uma mulher de 27 anos e um homem de 24, que deixaram a concentração da equipe nacional durante a tarde de domingo.

"Estão bem, muito tranquilos", assegurou Bonito, que acompanhará os atletas no processo de solicitação de refúgio político.

A delegação cubana, de acordo com suas declarações, retornou a Cuba sem eles.

As razões por trás do asilo

O advogado explicou que a decisão dos judocas se deve às severas condições que os atletas enfrentam na ilha: "Para conseguir integrar as seleções nacionais, eles precisam cumprir uma série de obrigações que vão muito além do aspecto esportivo", destacou Bonito.

Añadiu que, em contraste, o Chile representa para eles um país de liberdade e democracia, um cenário impensável em sua nação de origem. De fato, atletas como o lutador Yasmani Acosta, prata em Paris 2024, e o pesista Arley Méndez conseguiram enormes resultados em eventos internacionais representando seu novo país.

O advogado lembrou que em eventos passados, como os Jogos Pan-Americanos Santiago 2023, 14 atletas cubanos já solicitaram asilo, a maioria dos quais conseguiu se integrar com sucesso em equipes esportivas chilenas.

Um caminho legal e cheio de desafios

Bonito detalhou que o processo de solicitação de refúgio consiste em três etapas: admissão como solicitante de refúgio, que concede um visto de residência temporária renovável a cada oito meses; investigação, onde os solicitantes devem comprovar o temor fundado de perseguição se retornarem ao seu país; e resolução final, que pode ser a aprovação ou a rejeição do status de refugiado.

O advogado também avisou que, após essa etapa, os atletas não poderão retornar a Cuba devido às sanções que o regime impõe a quem desertar de delegações oficiais. Para isso, está sendo organizada uma rede de apoio que permita aos jovens começar uma nova vida no Chile.

Um padrão que se repete

Esta não é uma situação isolada. A fuga de atletas cubanos em eventos internacionais tornou-se uma constante. Desde 2021, dezenas de atletas desertaram em meio à profunda crise política, econômica e social que atravessa a ilha. Para além do esporte, esses casos refletem o desejo de escapar de um sistema restritivo que limita não apenas as liberdades profissionais, mas também as pessoais.

Perguntas frequentes sobre a deserção de judocas cubanos no Chile

Por que os judocas cubanos abandonaram a delegação no Chile?

Os judocas cubanos abandonaram a delegação oficial durante o Campeonato Pan-americano e da Oceania de Judô no Chile devido às severas condições enfrentadas pelos atletas em Cuba. Segundo o advogado Mijail Bonito, os desportistas buscaram asilo político para escapar do controle e das restrições do regime comunista na ilha.

O que implica o processo de solicitação de asilo para os judocas cubanos no Chile?

O processo de solicitação de asilo no Chile consiste em três etapas: admissão como solicitante de refúgio, que concede um visto de residência temporária renovável a cada oito meses; investigação, onde devem comprovar o temor fundamentado de perseguição se retornarem a Cuba; e resolução final, que pode ser a aprovação ou a rejeição do status de refugiado. Durante esse processo, os atletas não poderão retornar a Cuba devido às sanções impostas pelo regime àqueles que desertam.

É comum a deserção de atletas cubanos em eventos internacionais?

Sim, a deserção de atletas cubanos em eventos internacionais é um fenômeno recorrente. Desde 2021, muitos esportistas têm aproveitado competições no exterior para escapar da crise política, econômica e social em Cuba. Esse padrão se repete devido às condições restritivas e à falta de oportunidades na ilha.

Qual é o impacto dessas deserções no esporte cubano?

As desistências de atletas afetam significativamente o esporte cubano, diminuição do talento disponível e complicando a representação internacional. Além disso, refletem as tensões internas e a falta de recursos, o que leva muitos atletas a buscarem um futuro melhor fora de Cuba.

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