Fala cubana separada de sua filha de um ano após ser deportada: “Meu bebê me pede o peito”

Heydi Sánchez Tejeda, deportada de Tampa, chora a separação de sua filha de um ano: "Meu bebê pede para mamar", após ser presa mesmo com um pedido familiar em trâmite.


Heydi Sánchez Tejeda, a young Cuban mother recently deported from Tampa, contou entre lágrimas o drama de ter sido separada de sua filha de apenas um ano de idade.

Em uma entrevista concedida à Telemundo, Sánchez contou o quão doloroso está sendo enfrentar a distância forçada de seu bebê, depois de chegar a Cuba em um voo de deportação junto com 82 migrantes.

"Agora pouco estava falando com meu bebê e meu bebê me pedia meus seios. Meus seios estão doendo porque ela ainda mama de mim. Eu tenho que estar tirando o leite para que não me doa os seios. Tenho que me extrair o leite e jogá-lo fora", declarou entre lágrimas.

“Como você acha que eu me sinto quando jogo fora a comida da minha filha? Meu Deus, ela tem apenas um aninho”, acrescentou a mãe angustiada.

O caso comoveu profundamente a comunidade cubana no sul da Flórida, onde residem seu marido e sua pequena filha.

Sánchez foi detida quando compareceu a uma consulta de imigração em Tampa no dia 22 de abril, e sem aviso prévio, oficiais do serviço de imigração informaram-lhe que seria presa e deportada, apesar de ter um pedido familiar ativo.

A jovem mãe está casada com um cidadão americano e seu pedido de residência estava em trâmite.

No entanto, seu status migratório era particularmente vulnerável: ao entrar nos Estados Unidos, havia recebido um formulário I-220B, que lhe permitia permanecer no país enquanto seu processo de deportação estava sendo resolvido.

A advogada Claudia Cañizares, que representa Sánchez, explicou à Telemundo que a jovem mãe entrou inicialmente sob o programa "Permaneça no México" (MPP).

Durante esse período, foi sequestrada em território mexicano e não pôde comparecer à sua segunda audiência no tribunal de imigração, o que resultou em uma ordem de deportação à revelia.

“Ela pediu para entrar novamente nos Estados Unidos e, embora já tivesse essa ordem de deportação, não foi deportada de imediato devido à pandemia de COVID-19”, sublinhou.

“Durante esse tempo, casou-se, teve sua filha e tem se apresentado regularmente. No entanto, ao tentar reabrir seu caso, as medidas legais não tiveram sucesso”, explicou a advogada.

O drama de Sánchez destaca as profundas fissuras do sistema migratório estadunidense, onde mães como ela ficam presas entre trâmites intermináveis, decisões burocráticas e políticas migratórias que, longe de proteger as famílias, acabam por desintegrá-las.

A advogada de imigração Rosalí Chaviano explicou a América TeVé as razões legais que levaram à deportação da mãe cubana Heydi Sánchez Tejeda, que se encontrava sob supervisão migratória com um formulário I-220B nos Estados Unidos.

Segundo a advogada, o formulário I-220B não garante proteção contra a deportação, uma vez que se trata apenas de uma ordem de supervisão concedida a pessoas que já possuem uma ordem de deportação, emitida por um juiz de imigração ou por meio de um processo de saída expresso.

"O formulário I-220B significa que é uma ordem de supervisão quando a pessoa tem uma ordem de deportação", explicou Chaviano. "Esta ordem pode ser de um juiz ou expedita. Quando não se pode deportar a pessoa imediatamente, é concedida essa supervisão condicional."

A advogada enfatizou que os portadores de um I-220B devem se apresentar periodicamente ao Serviço de Controle de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), em consultas que permitem avaliar se as condições mudaram para possibilitar sua deportação.

No caso de Heydi Sánchez, apesar de cumprir rigorosamente com seus compromissos e ter iniciado há mais de dois anos um processo de regularização por meio de petição familiar, seu processo não havia sido concluído e o risco de deportação persistia.

"Se vão tomar qualquer ação, deve ser meses antes das datas. Trazer um advogado no mesmo dia não muda absolutamente nada", advertiu Chaviano.

Chaviano também alertou que as prioridades atuais de deportação incluem explicitamente pessoas com ordens vigentes, o que as expõe não apenas durante entrevistas no ICE, mas também em processos do USCIS, como biometria ou entrevistas de residência.

Sob as políticas mais restritivas implementadas recentemente, até mesmo migrantes com processos legais em andamento, como Heydi Sánchez, estão sendo alvo de detenções e deportações rápidas.

Além disso, a advogada explicou que as autoridades cubanas demonstraram preferência por aceitar migrantes jovens, profissionais e sem antecedentes criminais.

“Desafortunadamente, com Cuba, o que temos visto é realmente um padrão de que aceitam mais pessoas jovens, que podem trabalhar, profissionais, são essas as que mais os interessam. Não tanto aquelas pessoas que tenham um registro criminal, que estão aqui há muitos anos. Mais bem aquelas pessoas boas, pessoas que podem voltar à ilha para trabalhar e servir ao país”, indicou.

O esposo de Heydi promete não desistir: "Separaram uma menina de sua mãe, mataram em vida uma família."

Carlos Yuniel Valle, esposo de Heydi Sánchez Tejeda, agradeceu recentemente entre lágrimas o apoio recebido e assegurou que continuará lutando para reunir sua família, após a dolorosa deportação de sua esposa.

“Vou fazer este vídeo sem ânimo, sem vontade, sem fôlego”, disse ao começar uma transmissão na qual narrou a angustiante incerteza que viveu até saber que sua esposa havia sido deportada. Segundo ele, foi um amigo quem confirmou que Heydi já estava em Havana, quando ainda as autoridades não tinham comunicado nada oficialmente.

"De nada serviu tudo o que fizemos. De nada serviu, no final, o ICE e Trump saíram com a deles", lamentou, visivelmente afetado. "Separaram uma menina de sua mãe. Mataram em vida uma mãe, um pai, e o futuro de uma menina", acrescentou.

Valle aproveitou para agradecer publicamente aos jornalistas e meios de comunicação que se envolveram no caso, mencionando CiberCuba, Telemundo, Univision, Mario Pentón e uma congressista de Tampa. “Portaram-se maravilhosamente comigo, lutando, foram milhões de pessoas querendo me ajudar”, expressou, embora com pesar reconhecesse que “eles foram mais fortes”.

O pai de família também relatou que, segundo informações da advogada de Heydi, teria sido possível assinar o "Stop", um procedimento que poderia impedir a deportação. Apesar disso, as autoridades procederam e colocaram Heydi no avião com destino a Cuba.

A confusão continuou mesmo depois de sua partida. “Ainda às 12 e pouco da tarde, quando ela já estava há mais de uma hora em Havana, não sabíamos de nada”, explicou Valle. “O computador dizia que ela estava detida no CBP, o que era falso. A congressista ligou para o CBP e disseram que não tinham nada a ver com isso, que apenas lidam com as pessoas que entram, não com as que saem.”

Finalmente, Carlos Yuniel Valle encerrou sua mensagem reafirmando sua determinação de seguir em frente: “Muito obrigado a todos que me ajudaram e continuam me ajudando. Eu não vou desistir. Eu vou continuar lutando. Ela tem um processo em andamento e vamos ver o que podemos fazer”.

Perguntas Frequentes sobre a Deportação de Heydi Sánchez Tejeda

Por que Heydi Sánchez Tejeda foi deportada?

Heydi Sánchez Tejeda foi deportada devido a uma ordem de deportação ativa e estava sob supervisão migratória com um formulário I-220B, que não oferece proteção contra a deportação. Apesar de cumprir com suas consultas migratórias e ter um processo de regularização em andamento, as políticas mais restritivas atuais permitiram sua deportação imediata.

O que é o formulário I-220B e como ele afeta os migrantes?

O formulário I-220B é uma ordem de supervisão concedida a pessoas com uma ordem de deportação ativa. Permite que os migrantes permaneçam nos Estados Unidos sob certas condições enquanto sua situação é avaliada, mas não garante proteção contra a deportação. Os portadores devem se apresentar periodicamente ao ICE para avaliar se as condições mudaram para permitir sua deportação.

Como a deportação de Heydi afetou sua família?

A deportação de Heydi Sánchez Tejeda separou uma mãe lactante de sua filha de um ano, que ficou nos Estados Unidos sob os cuidados de seu pai, Carlos Yuniel Valle, cidadão americano. A repentina separação interrompeu o vínculo mãe-filha, gerando uma profunda angústia na família e suscitando indignação na comunidade cubana no sul da Flórida.

Que ações estão tomando a família e a comunidade para ajudar Heydi Sánchez?

Carlos Yuniel Valle, esposo de Heydi, prometeu continuar lutando para reunir sua família e agradeceu o apoio recebido de meios de comunicação e pessoas que se solidarizaram com sua situação. A comunidade cubana e defensores dos direitos dos migrantes expressaram sua indignação e instaram as autoridades a reconsiderar o caso, destacando a necessidade de uma reforma migratória que proteja famílias como a de Heydi.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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