"Vi muitas vezes entre a vida e a morte": Cubana nos EUA recorda sua travessia e a difícil passagem pelo Brasil

"Nem consigo explicar o trabalho que tive, passei 65 dias atravessando o Brasil."


Uma cubana nos Estados Unidos comoveu usuários no TikTok após compartilhar seu emocionante testemunho sobre a travessia migratória que a levou a atravessar o Brasil sem quase recursos, cantando em ônibus para sobreviver e enfrentando a incerteza ao lado de sua filha pequena.

Em um vídeo de mais de cinco minutos, publicado em sua conta @la_narraa, a mulher respondeu ao comentário de uma seguidora que lhe desejava bênçãos e perguntava se algum dia ela iria ao Brasil. Sua resposta não foi apenas afirmativa, mas também incluiu um relato cru e profundamente emocional sobre sua passagem pela América do Sul.

“Eu saí de Cuba e fui para a Guiana, de lá cruzei para o Brasil. Estive em Boa Vista, Manaus, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, e vivi 28 dias em Florianópolis antes de partir para o Uruguai”, contou. No total, disse ter percorrido 28 cidades e vilarejos brasileiros, em uma travessia que durou 65 dias e que qualificou como uma das experiências mais difíceis de sua vida.

Durante o relato, lembrou-se de que, ao sair do Uruguai com apenas 100 dólares, começou uma viagem a pé e de ônibus rumo ao Equador, cantando nos ônibus para ganhar a vida. “Me vi entre a vida e a morte muitas vezes”, confessou. Contou como dormiu na rua, sofreu com a fome e até foi expulsa de uma rodoviária por outro cubano quando tentou conseguir comida para sua filha. No entanto, também recordou gestos de solidariedade e como aprendeu português para poder se comunicar.

"Brasil é um país lindo", assegurou. Apesar das dificuldades, expressou seu desejo de voltar algum dia com sua mãe e seus filhos, especialmente com sua mãe, “porque ela já é velhinha e merece isso”.

Reações: uma onda de empatia entre migrantes

O testemunho gerou uma avalanche de reações solidárias e emotivas. Comentários como “você tem mais coragem que Mariana Grajales”, “você é uma guerreira”, “me fez chorar” ou “eu passei pela mesma coisa e ninguém acredita quando conto”, se repetiram uma e outra vez.

Muitos migrantes cubanos e de outras nacionalidades compartilharam suas próprias experiências, narrando desde a selva do Darién até rotas pelo Suriname, Peru, Venezuela ou México. Alguns lembraram de tê-la visto no Uruguai ou de terem se encontrado em cidades como Curitiba e Florianópolis. Outros, de países como Brasil, Rússia ou Estados Unidos, concordaram que “ninguém sabe o que passamos os emigrantes” e o peso emocional que implica reviver essas lembranças.

“O que você contou tocou todas as minhas fibras sensíveis”, comentou uma usuária. “Eu também fiz essa travessia sozinha com minhas filhas, e foi terrível”, escreveu outra.

Histórias que se repetem: uma geração em rota

O testemunho de @la_narraa não é um caso isolado. Cada vez mais cubanos visibilizam suas experiências nas redes sociais, em uma espécie de catarse coletiva marcada pelo sofrimento, pela violência, pela pobreza extrema e, ao mesmo tempo, por uma enorme capacidade de resistência.

Uma delas é Yaima Alemán, identificada como @lamuneka_97yai no TikTok, que relatou sua viagem de Cuba até o México, atravessando vários países como Colômbia, Peru e El Salvador. Após chegar à Nicarágua, continuou por Honduras e Guatemala até entrar no território mexicano, onde viveu um dos momentos mais difíceis: foi retida pela polícia e transferida em um caminhão fechado junto a mais de 100 pessoas. "Não se sentiam os pés, muitas choravam", narrou. Sua história também gerou tanta empatia quanto críticas, uma dualidade frequente nas redes sociais.

Outro caso é o de Lietty Piña, que a partir de sua conta @liettypi compartilhou sua passagem por Nicarágua, Honduras e Guatemala, onde foi retida por traficantes após ser enganada, conforme denunciou. "Lá estivemos sequestrados... essa parte é difícil", confessou em sussurros, temerosa de que o vídeo fosse censurado. A jovem vive atualmente no México e continua seus trâmites migratórios legais.

"Não é a mesma coisa contá-lo do que vivenciá-lo."

“Não é a mesma coisa contar do que viver”, diz a protagonista deste novo testemunho de periplo migratório, que sintetiza a luta de uma geração de cubanos que cruzou fronteiras em busca de uma vida melhor, muitas vezes arrisando tudo sem saber se chegarão.

O sofrimento que expressa não é apenas individual, mas representativo de uma diáspora impulsionada pela necessidade, que hoje encontra nas redes sociais uma forma de romper o silêncio, encontrar apoio e, talvez, começar a curar.

Perguntas frequentes sobre a travessia migratória de cubanos na América do Sul

Como foi a travessia da cubana no Brasil segundo seu testemunho?

A cubana descreveu sua travessia pelo Brasil como uma das experiências mais difíceis de sua vida, percorrendo 28 vilas e cidades em 65 dias, dormindo na rua, enfrentando a fome e aprendendo português para sobreviver. Apesar das dificuldades, ela expressou o desejo de retornar um dia com sua mãe.

O que motiva os cubanos a compartilhar suas histórias de migração nas redes sociais?

muitos cubanos compartilham suas histórias de migração nas redes sociais como uma forma de catarse, para visibilizar as dificuldades que enfrentam em busca de uma vida melhor e para encontrar apoio entre pessoas que passaram por experiências semelhantes. Isso também lhes permite romper o silêncio e começar a se curar.

Qual é o impacto emocional das travessias migratórias nos cubanos?

As travessias migratórias têm um profundo impacto emocional nos cubanos, gerando sentimentos de incerteza, medo e solidão. No entanto, também destacam a solidariedade e a resiliência que encontram ao longo do caminho, o que lhes proporciona forças para continuar sua jornada.

Quais são os desafios que os cubanos enfrentam em seu caminho para os Estados Unidos?

Os cubanos enfrentam numerosos desafios em seu caminho para os Estados Unidos, incluindo a necessidade de atravessar vários países com recursos limitados, aprender novos idiomas e superar obstáculos legais e pessoais na busca por uma vida melhor. A travessia pode incluir perigos físicos e emocionais significativos.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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