A doutora cubana Elisbet Cardero, de 37 anos, foi liberada esta semana após passar mais de 20 dias detida em um centro de transição de imigração em Broward, Florida. Cardero, que entrou nos Estados Unidos em 2022 e estava em processo de asilo com um formulário I-220A, foi presa no dia 11 de março após comparecer a uma consulta de imigração em Miami.
Según explicó su abogada, Ralip Hernández, a detenção não estava relacionada com crimes, mas sim com um aparente erro administrativo: a médica não notificou corretamente uma mudança de endereço após ter se mudado para o Texas. "Conseguimos provar que minha cliente não representa nenhum perigo para os Estados Unidos", indicou Hernández, após conseguir sua liberação sob fiança de 20.000 dólares.
O caso gerou preocupação entre a comunidade migrante, ao evidenciar como erros burocráticos podem colocar em risco a liberdade de pessoas em situação regular. "Uma pessoa sem antecedentes criminais, sem um problema legal, foi detida apenas por não ter feito a mudança de endereço como estipulado pelos canais legais", detalhou a advogada, que lembrou que muitos imigrantes desconhecem a obrigação de atualizar seu endereço com as autoridades sempre que se mudam.
“O processo é simples e pode ser feito online, mas não fazê-lo pode gerar problemas graves”, advertiu Hernández, que enfatizou que os imigrantes com casos abertos junto ao ICE devem ser especialmente cautelosos: “Qualquer inconsistência em seu expediente pode resultar em detenções inesperadas.”
Nas últimas semanas, diversos casos semelhantes têm sido relatados, especialmente entre cidadãos cubanos sob o mesmo status migratório (I-220A). No 10 de março, pelo menos cinco mulheres cubanas foram detidas na sede do ICE em Miramar durante as suas consultas agendadas. Várias delas, como Beatriz Monteagudo e Denice Reyes, foram transferidas para centros em outros estados sem informações claras sobre seu destino.
El 25 de março, Esteban García del Toro, jornalista cubano exilado, foi preso em uma reunião em Orlando, apesar de estar em processo de residência por casamento com uma cidadã americana. Outros casos recentes incluem o de Ariel Rodríguez Gutiérrez, vítima de uma fraude migratória, e o de Eduardo Núñez, preso em frente a sua casa em Miami enquanto tirava o lixo.
O contexto geral se tornou tenso desde que no 25 de março o Departamento de Segurança Nacional (DHS) anunciou a revogação do programa de parole humanitário para cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos. A partir de 24 de abril, as permissões ativas deixarão de ter validade, e aqueles que não ajustarem seu status poderão enfrentar deportações rápidas.
Casos como o do apresentador Diony Osniel López Díaz, em Miami, refletem a angústia de milhares de migrantes que agora se veem obrigados a abandonar o país ou enfrentar processos legais. O casal de opositores cubanos Lázaro Yuri Valle Roca e Eralidis Frómeta também recebeu notificação de saída, o que foi descrito por eles como “uma sentença de morte” se retornarem a Cuba.
A situação gerou um intenso debate nas redes sociais, comunidades migrantes e setores políticos. A congressista María Elvira Salazar pediu publicamente às autoridades migratórias que cessem as detenções de pessoas com I-220A e permitam que seus casos de asilo sejam ouvidos. "Estou pedindo aos gritos que lhes concedam o Parole in Place", declarou.
Especialistas em leis migratórias insistem que muitos desses detidos não têm antecedentes criminais e cumprem com as condições impostas pelo ICE. No entanto, as novas diretrizes adotadas desde a chegada de Donald Trump à presidência multiplicaram os receios da comunidade cubana nos EUA, que agora enfrenta uma crescente incerteza.
Enquanto isso, Elisbet Cardero continuará seu processo legal em liberdade, mas seu caso é um reflexo de um sistema que, em um contexto de mudanças normativas recentes, coloca em risco a vida de milhares de migrantes.
Perguntas frequentes sobre a situação migratória de cubanos com o I-220A nos Estados Unidos
O que é o formulário I-220A e o que implica para os cubanos nos EUA?
O formulário I-220A é um documento que permite a liberação de indivíduos da custódia migratória sob certas condições. Este documento não concede status legal nem direitos migratórios nos Estados Unidos, deixando os beneficiários em uma situação de incerteza legal. Os cubanos com I-220A devem comparecer a audiências migratórias e cumprir com as leis locais e federais.
Por que estão sendo detidos cubanos com I-220A ao comparecer a reuniões com o ICE?
As detenções de cubanos com I-220A se devem a um endurecimento das políticas migratórias e a erros burocráticos, como a falta de atualização de endereços. Essas detenções refletem uma supervisão mais rigorosa por parte do ICE, apesar de muitos dos detidos não terem antecedentes criminais e terem cumprido com suas obrigações legais.
Que medidas estão tomando os legisladores para ajudar os cubanos com I-220A?
A congressista cubano-americana María Elvira Salazar tem defendido a libertação de detidos com I-220A e está trabalhando em um projeto de lei para regularizar seu status. No entanto, critica-se a falta de ações mais contundentes por parte dos congressistas cubano-americanos, que poderiam pressionar o Departamento de Segurança Nacional para esclarecer o status desses migrantes.
Há risco de deportação para os cubanos com I-220A?
Enquanto tiverem processos de asilo abertos, os cubanos com I-220A não devem enfrentar deportação imediata. O advogado Mayron Gallardo assegurou que os cubanos com I-220A e casos de asilo abertos estão protegidos pela legislação vigente. No entanto, a incerteza persiste devido a mudanças na supervisão e nas políticas migratórias.
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