Jornalista oficialista confirma que famílias cozinham com portas e janelas como lenha em Cuba

O alto custo do carvão e sua escassez agravam a situação, afetando a cozinha diária.


A situação que milhares de famílias cubanas enfrentam devido à crise energética que as obriga a recorrer ao carvão e à lenha como alternativas para cozinhar diante da instabilidade do fornecimento elétrico e da escassez de gás liquefeito, foi abordada em uma recente edição do Noticiário da Televisão Cubana.

Em um comentário, o jornalista oficialista Abdiel Bermúdez destacou que o acesso ao carvão se tornou um problema crítico devido à baixa produção interna e aos altos preços no mercado informal, o que levou muitas pessoas a utilizar madeira de árvores, portas e janelas como combustível.

Durante sua intervenção, mencionou que "cozinhar com lenha ou carvão não estava nos planos de ninguém depois de uma Revolução Energética e à altura da segunda década do século XXI", no entanto, esta se tornou a única opção para muitas famílias que enfrentam apagões prolongados de até 20 horas.

O jornalista revelou que em algumas províncias, como Las Tunas, a produção de carvão diminuiu drasticamente devido à falta de combustível para a limpeza de marabú, à escassez de trabalhadores e aos baixos salários nas empresas estatais responsáveis pela produção.

Além disso, apontou que os preços no mercado informal variam de uma província para outra, alcançando até 3.000 pesos por saco em lugares como Havana e Villa Clara, o que torna este recurso inacessível para muitos cidadãos.

O panorama é ainda mais preocupante em Jobabo, município tunero considerado a "capital do carvão em Cuba", onde a oferta deste produto no mercado estatal é praticamente inexistente, e no mercado informal seu elevado preço representa um peso econômico insustentável para os trabalhadores.

Em declarações para a televisão, o jornalista local Yaidel Miguel Rodríguez Castro denunciou que "cozinhar está se tornando difícil, mas ainda mais difícil é encontrar com o que cozinhar".

O uso de lenha, embora uma alternativa, também representa um desafio para as famílias cubanas, especialmente nas cidades, devido às regulamentações sobre o uso de produtos florestais e à dificuldade de se obter madeira.

Além disso, a falta de querosene e diesel para acender o carvão tem obrigado muitos a recorrer a materiais plásticos como náilon e poliuretano, o que representa um grave risco para a saúde devido à inalação de fumos tóxicos.

O problema não está apenas na produção e distribuição do carvão, mas também na falta de soluções a longo prazo.

Rodríguez Castro propôs o desenvolvimento de uma infraestrutura de biogás como alternativa sustentável para a cozinha doméstica, no entanto, ele reconheceu que isso exigiria um investimento significativo e vontade política, fatores que até agora têm sido insuficientes para enfrentar a crise.

Enquanto o governo cubano continua priorizando a exportação de carvão para obter divisas, milhares de famílias na ilha enfrentam a angustiante realidade de não ter com o que cozinhar.

A crise energética em Cuba continua a se agravar, sem sinais claros de uma solução imediata que garanta aos cidadãos o acesso a meios básicos para a alimentação.

Perguntas frequentes sobre a crise energética e o uso de carvão em Cuba

Por que as famílias cubanas estão usando portas e janelas como lenha?

As famílias cubanas estão recorrendo a portas e janelas como lenha devido à grave crise energética que o país enfrenta, onde a escassez de gás liquefeito e a instabilidade no fornecimento de energia elétrica deixaram muitas pessoas sem alternativas para cozinhar. A baixa produção de carvão e seus altos preços no mercado informal forçaram as famílias a buscarem soluções extremas para poder cozinhar seus alimentos diários.

Qual é a situação atual da produção e distribuição de carvão em Cuba?

A produção e distribuição de carvão em Cuba estão em crise devido à falta de combustível para a limpeza do marabú, à escassez de trabalhadores e aos baixos salários nas empresas estatais. Em lugares como Jobabo, conhecida como a "capital do carvão", a oferta é praticamente inexistente e os preços no mercado informal são proibitivos para a maioria dos cidadãos, alcançando até 3.000 pesos por saco em certas províncias.

Quais alternativas estão sendo propostas para solucionar a crise energética em Cuba?

Uma das propostas para enfrentar a crise energética em Cuba é o desenvolvimento de uma infraestrutura de biogás, o que poderia oferecer uma solução sustentável a longo prazo para o cozimento doméstico. No entanto, essa iniciativa requer um investimento significativo e vontade política, fatores que até agora têm sido insuficientes para lidar com a emergência energética que afeta o país.

Como a falta de fornecimento de energia elétrica afeta a vida cotidiana em Cuba?

A falta de fornecimento elétrico em Cuba afeta gravemente a vida diária, obrigando as famílias a recorrer a métodos rudimentares e perigosos para cozinhar, como o uso de plásticos para acender o carvão, o que representa um risco para a saúde. Além disso, as quedas de energia prolongadas e a escassez de gás liquefeito mudaram as dinâmicas familiares, provocando a improvisação de soluções para poder alimentar suas famílias, muitas vezes em condições precárias.

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Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.

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