Extraditam para o México um cubano que liderava uma rede de exploração sexual de mulheres a partir da Colômbia

O cubano foi extraditado nesta sexta-feira para o México.


Cristóbal Fernández Viamonte, cidadão de dupla nacionalidade cubana e mexicana, foi extraditado para o México a partir da Colômbia após ser identificado como o líder de uma rede transnacional de tráfico de pessoas com fins de exploração sexual.

Sua captura, realizada em Medellín em julho de 2024, e sua posterior extradição, executada em 21 de março de 2025, foram resultado de uma operação conjunta entre a Polícia Nacional da Colômbia, a Polícia Federal Ministerial do México e a Interpol, em uma luta coordenada contra o crime organizado.

Fernández Viamonte foi requisitado pela justiça mexicana, especificamente pelo Juiz do Circuito Especializado do Estado de Yucatán, por sua participação no recrutamento e transporte de mulheres colombianas para o México sob falsas promessas de emprego.

Lá, as vítimas eram exploradas sexualmente, mantidas contra a sua vontade e submetidas a condições de escravidão moderna.

Uma fachada de luxo em Medellín para encobrir a rede de tráfico

Durante os quatro anos em que Fernández Viamonte permaneceu na Colômbia, estabeleceu-se no exclusivo bairro de El Poblado, em Medellín, onde levava uma vida de luxo que lhe permitia passar despercebido diante das autoridades.

Apresentava-se como um empresário de sucesso que residia em uma mansão avaliada em milhões de pesos colombianos, deslocando-se em veículos blindados e escoltado por pessoal de segurança privada.

No entanto, por trás dessa fachada operava uma complexa estrutura criminosa dedicada à captação de mulheres jovens, muitas delas em situação de extrema vulnerabilidade econômica, principalmente nas cidades de Bogotá, Cali e Medellín.

As vítimas eram enganadas com ofertas de emprego em hotéis e clubes noturnos em Cancún e Mérida, que incluíam supostos contratos de trabalho e promessas de estabilidade financeira.

De la captação ao domínio: O modus operandi da rede

Uma vez que aceitavam a oferta, as mulheres eram transferidas para o México, onde seus passaportes e documentos de identidade eram confiscados imediatamente.

De acordo com a Polícia Federal Ministerial, as vítimas eram obrigadas a assinar contratos fraudulentos que as endividavam por quantias impagáveis sob a justificativa de terem financiado a viagem e a estadia delas.

Essa tática, conhecida como "dívida-bondage", é um mecanismo de coerção comum nas redes de tráfico.

Em Cancún e Mérida, as vítimas eram forçadas a exercer a prostituição para saldar dívidas inexistentes, sob ameaças constantes e em condições de precariedade absoluta.

"As vítimas ficavam presa em um círculo de exploração do qual dificilmente podiam escapar", alerta o relatório da Interpol México.

Segundo a pesquisa, a rede de Fernández Viamonte empregava métodos sofisticados para traficar mulheres: utilizavam convites falsos para evitar os controles migratórios e reservas em hotéis e casas de segurança onde as vítimas eram mantidas sob estrita vigilância.

Captura em Medellín e golpe simultâneo no México

A detenção de Fernández Viamonte ocorreu no dia 10 de julho de 2024 no Centro Comercial Milla de Oro em Medellín.

Agentes encobertos da Polícia Nacional, juntamente com oficiais da Interpol, conseguiram surpreender o acusado enquanto ele fazia compras.

No momento de sua captura, Fernández Viamonte estava protegido por um esquema de segurança privado e viajava em um veículo blindado, medidas que havia implementado para evitar ser detectado pelas autoridades.

Simultaneamente, no estado de Yucatán, a Polícia Federal Ministerial capturou a alias "La Capitana", considerada a segunda em comando na rede criminosa. Esta mulher era responsável por receber as vítimas no México e coordenar sua exploração sexual.

Durante a operação em Mérida, as autoridades conseguiram resgatar oito mulheres que estavam retidas e sujeitas a trabalhos forçados.

A Interpol México confirmou que a estrutura criminosa de Fernández Viamonte operava com um alto nível de sofisticação, contando com uma rede de colaboradores que incluía recrutadores na Colômbia, operadores logísticos e responsáveis pela segurança das vítimas em território mexicano.

Um negócio milionário alimentado pela exploração

De acordo com as autoridades, a organização criminosa acumulou um patrimônio que supera os 8.000 milhões de pesos colombianos (cerca de 2 milhões de dólares).

Esses rendimentos provinham da exploração sistemática de mulheres que, iludidas pela promessa de um futuro melhor, acabavam presas em uma rede de prostituição forçada.

Os bens apreendidos incluem propriedades de luxo, veículos de alta gama e contas bancárias na Colômbia e no México.

“Esta rede utilizava seu poder econômico não apenas para manter sua operação funcionando, mas também para corromper intermediários e dificultar a ação das autoridades”, afirmaram fontes da Interpol citadas pela imprensa colombiana.

A luta frontal contra o tráfico de pessoas

O prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez, celebrou a captura e a extradição do chefe da rede criminosa e reafirmou a política de “tolerância zero” em relação a esse tipo de crime.

"Medellín não é refúgio de criminosos. Graças ao trabalho articulado entre a INTERPOL, a Polícia Nacional e as autoridades internacionais, no ano passado conseguimos capturar Cristóbal Paulino Fernández Viamonte, cidadão cubano-mexicano, no Parque Lleras", declarou o prefeito.

Em sua mensagem publicada nas redes sociais, Gutiérrez enfatizou que a segurança dos cidadãos e a proteção dos mais vulneráveis, especialmente mulheres e crianças, são uma prioridade para a administração local.

“Não paramos: inadmitimos, expulsamos, capturamos e até extraditamos qualquer depravado ou criminoso”, afirmou.

Uma operação binacional com apoio internacional

A extradição de Fernández Viamonte representa um golpe estratégico na luta contra o tráfico de pessoas entre a América do Sul e o México.

A operação, que levou mais de 90 dias de coordenação entre as autoridades de ambos os países, é um reflexo da crescente cooperação internacional para desarticular redes de exploração sexual que afetam principalmente mulheres jovens de origem colombiana.

A Polícia Nacional da Colômbia destacou que esta captura é parte de uma série de esforços articulados com agências internacionais, como Homeland Security Investigations (HSI) dos Estados Unidos, para combater o tráfico de pessoas e outros delitos conexos.

Além da detenção de Fernández Viamonte e do apelido "La Capitana", as autoridades abriram novas linhas de investigação para identificar outros membros da organização e aprofundar o rastreamento de ativos obtidos de maneira ilícita.

Após sua extradição para o México, Cristóbal Fernández Viamonte será processado pelo crime de tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, em um julgamento que pode resultar em penas exemplares devido à gravidade das acusações e à magnitude da rede criminosa.

Espera-se que no processo judicial também surjam novos detalhes sobre outros possíveis envolvidos e que as autoridades mexicanas consigam desmantelar completamente a estrutura criminosa que operava de ambos os lados da fronteira.

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Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.

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