Inauguram mercadinho exclusivo para trabalhadores do Hospital Juan Bruno Zayas em Santiago de Cuba

O governo santiaguero inaugurou um mercado para os trabalhadores do hospital Juan Bruno Zayas; embora o apresente como um apoio ao setor de saúde, a oferta é limitada e os preços não são esclarecidos.

Inauguram mercadinho no hospital de Santiago de CubaFoto © Facebook / Yudixa Sarmiento Rodicio

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Em uma tentativa do governo de Santiago de Cuba de atender às necessidades do setor de saúde, altamente afetado pelas péssimas condições de trabalho e pela profunda crise econômica, foi inaugurado um mercadinho exclusivo para os trabalhadores e acompanhantes do Hospital Dr. Juan Bruno Zayas Alfonso.

A doutora Yudixa Sarmiento Rodicio, secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde em Santiago de Cuba, informou no Facebook sobre a abertura do mercado, destacando que esta iniciativa contou com o apoio das autoridades governamentais locais.

Captura Facebook / Yudixa Sarmiento Rodicio

“Dia a dia trabalha-se para oferecer atendimento aos trabalhadores dessa instituição. Excelente iniciativa. Por Cuba juntos criamos”, afirmou a funcionária.

Apesar do suposto esforço governamental, nas imagens compartilhadas percebe-se uma oferta muito limitada de produtos, entre eles repolho, feijão colorado, pimentões e tomate, o que contrasta notavelmente com a intenção declarada de “oferecer atenção aos trabalhadores dessa instituição”.

Por outro lado, não é especificado o preço desses alimentos nem se esclarece se estarão ajustados para realmente constituir uma ajuda ao setor de saúde, ou se, pelo contrário, serão semelhantes aos elevados preços do mercado informal.

Tudo isso é claramente insuficiente como apoio aos trabalhadores de um dos maiores hospitais de Santiago de Cuba, algo que fica evidenciado nas imagens, onde mal se observam alguns poucos produtos.

A situação dos médicos em Cuba piorou nos últimos anos, com condições de trabalho cada vez mais precárias e salários que não cobrem nem as necessidades básicas.

Segundo uma análise sobre o poder de compra dos médicos na ilha, um médico recém-formado ganha 4.610 CUP por mês, enquanto aqueles com mais de 20 anos de experiência podem alcançar 7.500 CUP. No entanto, com uma inflação descontrolada e uma taxa de câmbio que coloca o dólar acima de 400 CUP, seu salário equivale a menos de 20 USD por mês.

As dificuldades não se limitam à esfera financeira. Um médico cubano refletiu sobre a dura realidade de seus colegas na ilha, apontando que muitos se sentem presos em uma profissão que já não lhes oferece estabilidade nem reconhecimento. O desgaste físico e emocional, somado à falta de insumos nos hospitais, tem levado a um êxodo crescente de profissionais da saúde.

A crise hospitalar agrava ainda mais a situação. Clínicas sem seringas, medicamentos essenciais em falta e plantões exaustivos fazem com que os médicos trabalhem em condições indignas. Muitos abandonaram a profissão, seja para emigrar ou se dedicar a outras atividades mais lucrativas dentro da economia informal.

Ante este panorama, o desencanto levou mais médicos a tomar decisões drásticas. Um testemunho recente expôs o caso de um profissional que abandonou sua carreira devido à impossibilidade de sustentar sua família com seu salário. A desesperança entre os médicos se tornou um problema estrutural que ameaça a estabilidade do sistema de saúde em Cuba.

Em contraste, os médicos que conseguem sair do país encontram melhores oportunidades, como ilustra o caso de uma médica cubana no exterior, que revelou que com seu primeiro salário conseguiu comprar o que na ilha equivaleria a vários anos de trabalho. Essa realidade evidencia a precarização do setor em Cuba e a urgência de uma mudança profunda nas políticas salariais e trabalhistas.

Perguntas frequentes sobre a situação dos médicos em Santiago de Cuba e a crise econômica

O que é o mercadito exclusivo inaugurado em Santiago de Cuba?

O mercadito exclusivo foi inaugurado para os trabalhadores do Hospital Dr. Juan Bruno Zayas Alfonso em Santiago de Cuba. No entanto, a oferta de produtos é muito limitada, o que contrasta com a intenção de oferecer apoio real aos trabalhadores da saúde.

Por que os médicos em Cuba consideram seus salários insuficientes?

Os salários dos médicos em Cuba são insuficientes devido à inflação e ao alto custo de vida. Um médico recém-formado ganha cerca de 4.610 CUP por mês, o que equivale a menos de 20 USD por mês, insuficiente para cobrir necessidades básicas.

Como a crise econômica afeta os trabalhadores da saúde em Cuba?

A crise econômica afeta os trabalhadores da saúde com salários que não cobrem as necessidades básicas, escassez de insumos médicos e condições de trabalho precárias.Isso tem levado a um êxodo crescente de profissionais da saúde, em busca de melhores oportunidades no exterior.

Que medidas o governo cubano tomou para apoiar os médicos?

O governo cubano tem feito tentativas de apoio, como a inauguração de mercadinhos exclusivos, mas essas medidas foram insuficientes devido à oferta limitada de produtos e à falta de soluções eficazes para melhorar as condições de trabalho e salariais.

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