Em pleno apagão noturno, um numeroso grupo de cubanos saiu às ruas em Havana para dançar e cantar em uma conga improvisada.
"Cayo Hueso se aquece com a conga, não há luz, nem água e muito menos comida, mas a conga não falta", expressou no Facebook o usuário identificado como Ofun Meyi Oneseven, que compartilhou um vídeo do acontecimento.
Na seção de comentários, usuários afirmam que a conga se formou na rua Oquendo, entre San Miguel e San Rafael, no Centro Habana.
"Déjate de invento com Cayo Hueso", gritavam os participantes, alguns com bebida na mão, animados por tambores e até uma corneta chinesa que se ouvia.
Homens, mulheres e até crianças dançavam felizes ao ritmo de uma rumba afrocubana, alheios por um momento aos problemas, à falta de eletricidade e à escassez generalizada.
"O cubano tem um carisma e uma alegria próprios, apesar de todos os problemas que existam, é muito solidário, falador e fraternal", é um dos comentários na publicação.
"Brincando, já estamos acostumados com os apagões", disse outro.
Nos últimos dias, surgiram nas redes vídeos com mensagens que tentam mostrar que "apesar das dificuldades" o cubano não perde sua essência musical, festeira e sua vontade de se divertir.
Assim é visto em um vídeo compartilhado no Instagram pelo usuário Shaylor xx, onde um homem idoso canta e dança no meio da rua enquanto alguns jovens fazem o coro de um balcão.
"A pesar das dificuldades que temos em nosso país, a alegria que nos caracteriza nunca nos falta", expressou o autor.
Existem realidades em Cuba, e uma delas é que Havana continua sendo privilegiada em relação ao resto do país no que diz respeito à distribuição dos recursos estatais.
Um exemplo são os apagões, que em a capital são muito menos do que nas demais províncias. Para esta segunda-feira, a Empresa Elétrica local anunciou os horários das afetações, e os blocos mais prejudicados ficam, no máximo, cinco horas sem serviço, enquanto que no interior podem ultrapassar as 20.
O regime não se limita e organiza fastuosos eventos internacionais enquanto a crise atinge o país.
Nos últimos 15 dias, celebrou-se o XXV Festival del Habano com uma festa espetacular no Capitólio de Havana, onde 600 convidados selecionados desfrutaram de um jantar de luxo, apresentações de artistas e a apresentação mundial da vitola H. Upmann Magnum 50 Gran Reserva Colheita 2019.
Dias antes, a cidade acolheu a nona edição do Festival de Salsa em cenários privilegiados como o Club 500 e o Hotel Memories Miramar, onde se apresentaram agrupações icônicas nacionais e artistas dos Estados Unidos e do Peru.
Ambos os eventos foram duramente criticados, especialmente por pessoas que vivem em outras províncias e enfrentam apagões prolongados, enquanto milhares de famílias vão para a cama sem comer.
Perguntas frequentes sobre a conga em Cuba e suas implicações sociais
Por que os cubanos celebram com congas apesar da crise?
Os cubanos celebram com congas como uma forma de resistência e expressão cultural. Apesar das dificuldades, como os apagões e a escassez de alimentos, as congas representam um momento de alegria e unidade, permitindo que as pessoas esqueçam temporariamente seus problemas e mantenham sua essência festiva e musical.
Que críticas enfrenta o governo cubano pelas congas organizadas?
O governo cubano enfrenta críticas por usar as congas como distração em meio à crise econômica e social. Muitos cidadãos consideram que esses eventos não refletem a verdadeira situação do país e são uma estratégia para desviar a atenção dos problemas reais, como a falta de eletricidade e alimentos.
Como as congas se relacionam com a repressão em Cuba?
Durante eventos como as congas, houve relatos de repressão policial, especialmente em celebrações organizadas pelo governo como a Conga de los Hoyos. Essas manifestações frequentemente se transformam em cenários de violência e confrontos entre a população e as forças de ordem.
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