Leonardo Padura: "Há poucas razões para pensar em Havana com otimismo"

"As pessoas estão se comportando com um deterioração moral que corresponde à destruição física do ambiente", assegurou o escritor.

Leonardo PaduraFoto © Wikimedia Commons

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O escritor Leonardo Padura Fuentes afirmou que há poucas razões para pensar na Havana com otimismo, tanto pelo deterioro de suas ruas e edificações quanto pelo comportamento das pessoas.

"Há poucas razões para pensar em Havana com otimismo. É necessário dinheiro e vontade; mas não houve intenção de preservar aquela Havana onde vive a maioria dos habaneros", lamentou.

O reconhecido autor de romances policiais inventou uma palavra para descrever sua relação com a cidade que o viu nascer: "ajenitude", e é que ao sair para a rua ele vê cada vez mais atitudes que lhe são estranhas, até mesmo hostis.

"As pessoas estão se comportando com um desgaste moral que corresponde à destruição física do ambiente. A cidade quebrada tem provocado um deterioro nos comportamentos das pessoas", revelou à agência EFE.

Padura está no México promovendo "Ir a La Habana", um livro sobre a história e o presente da capital cubana, cada vez mais distante daquela cidade onde cresceu, exerceu o jornalismo, escreveu seus romances e ainda continua vivendo.

"É um livro que sempre quis escrever", confessou. Nesta ocasião, não se trata de uma obra de ficção, mas de um volume que na primeira parte inclui fragmentos de suas novelas relacionadas com a cidade, e na segunda reúne crônicas escritas há anos sobre fatos ou personagens emblemáticos de Havana em outros séculos.

O prestigioso intelectual, a quem o regimetem tentado "invisibilizar" sua figura como escritor, opina que não haverá um bom futuro para o país enquanto todos os cubanos não remarem na mesma direção, independentemente de ideologias, crenças religiosas, raças ou preferências sexuais.

"Se todos nós embarcássemos no 'botecito' da Virgem da Caridade do Cobre, que levava um branco, um índio e um negro por uma tempestade na baía de Nipe, seria algo bom para o destino de Cuba. Não podemos permitir que as paixões derrotem a inteligência e que as desavenças superem a necessidade de concordância", concluiu.

No início do ano, Padura afirmou que em Havana têm crescido a marginalidade, a violência, a pobreza e a desigualdade.

Em entrevista com Infobae, recordou que nos anos 40 e 50 a capital cubana tinha um caráter deslumbrante que foi se perdendo aos poucos com as medidas do governo, e lamentou como atualmente se agravaram os apagões e as carências.

"A marginalidade tem crescido, a violência tem crescido. Também a pobreza e a desigualdade", sublinhou.

Perguntas frequentes sobre a situação atual de Havana e o impacto do regime cubano

Por que Leonardo Padura afirma que há poucas razões para o otimismo em Havana?

Leonardo Padura assegura que há poucas razões para o otimismo em Havana devido ao deterioro físico da cidade e ao comportamento moral de seus habitantes. O escritor destaca a falta de dinheiro e vontade para preservar a cidade, o que levou a um desgaste não apenas das edificações, mas também da conduta das pessoas. Segundo Padura, a cidade desgastada influenciou negativamente os comportamentos dos habaneros.

Como Leonardo Padura descreve a situação social e econômica de Havana?

Padura descreve a situação de Havana como polarizada, com crescentes níveis de marginalidade, violência, pobreza e desigualdade. Segundo o escritor, apenas alguns poucos conseguem desfrutar dos restaurantes e boates, enquanto o cidadão médio não pode se dar a esses luxos. Havana perdeu seu antigo esplendor devido às decisões do governo e à falta de recursos.

Qual é a crítica de Padura em relação à música de reguetón em Cuba?

Padura critica o reguetón por ser uma expressão do deterioro cultural e ético da sociedade cubana. Afirma que o reguetón não é a causa do deterioro, mas uma consequência do mesmo, refletindo a pobreza rítmica e harmônica da música, assim como letras machistas, racistas e homofóbicas. No entanto, esclarece que o problema de fundo é o deterioro social que levou a esta expressão cultural.

O que Leonardo Padura propõe para o futuro de Cuba?

Padura sugere que o futuro de Cuba depende da unidade de todos os cubanos, independentemente de suas ideologias, crenças religiosas, raça ou preferências sexuais. Afirma que é necessário que os cubanos trabalhem juntos e evitem que as paixões derrotem a inteligência e as desavenças superem a necessidade de concordância. Esta unidade é vital para o bom futuro do país.

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