Crise alimentar em Cuba: Preço do arroz dispara e chega a 300 pesos a libra no mercado negro

A escassez de arroz em Cuba levou o seu preço a disparar para 300 CUP por libra no mercado negro, afetando gravemente uma população com rendimentos mínimos. As importações diminuem e a inflação cresce.

ArrozFoto © Facebook/Dim Sta Clara

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A crise alimentar em Cuba se agrava com o aumento implacável dos preços dos produtos básicos no mercado negro.

Nos últimos dias, o preço da libra de arroz alcançou 300 pesos cubanos (CUP), um valor que evidencia a profunda escassez e o deterioro do poder aquisitivo da população.

Segundo relatos de cidadãos em várias províncias, conseguir arroz através da caderneta de abastecimento se tornou uma tarefa quase impossível, o que obriga as famílias a recorrer ao mercado informal, onde os preços alcançaram níveis exorbitantes.

Em Santa Clara, moradores denunciaram publicamente que nas Mipymes próximas à Escola Secundária Fe do Vale na Doble Vía, o preço do arroz está visível em lousas a 300 CUP por libra, apesar de que as autoridades tentaram regular esse preço em 170 CUP.

"Vocês não poderão ser menos corruptos e fazer algo pelo povo", expressou um morador nas redes sociais, acusando as autoridades locais de conivência com os comerciantes.

Captura do Facebook/Participante anónimo

"Antes o encontrávamos por 200 ou 250 pesos, mas agora é um luxo. Se você não tem dinheiro, não come", comentou um residente de Havana, que preferiu manter o anonimato.

Em várias áreas da capital, o arroz importado do Brasil, Uruguai e Índia superou os 350 CUP por libra, o que gera maior incerteza entre a população.

Municipios como Quivicán, na província de Mayabeque, têm o preço a 300 CUP e não é exclusivo do mercado negro.

A falta de arroz nos mercados estatais se deve, em parte, à diminuição das importações e aos problemas de distribuição dentro do país. Cuba depende em grande medida das compras no exterior para garantir o abastecimento deste produto, mas a crise econômica e a escassez de divisas complicaram a chegada de alimentos essenciais.

Captura de Facebook/Yaima Calzada

Em grupos de compra e venda em redes sociais, os preços refletem esta crise. Arroz Rainha, importado, é vendido por 590 CUP o quilo em pacotes de 30 unidades, enquanto o arroz San Diego é comercializado a 620 CUP o quilo com uma compra mínima de 30 pacotes.

Captura de Facebook/Thalía Méndez

Outros vendedores oferecem arroz da Guiana a 280 CUP a libra, o que evidencia que os preços elevados não se limitam a um único fornecedor.

Captura de Facebook/Ary Miguel Díaz Consuegra

Especialistas apontam que a falta de abastecimento e a inflação são consequências de uma combinação de fatores, incluindo a queda da produção nacional, a crise financeira do governo e as restrições ao comércio impostas pelo Estado.

Recentemente, o Ministério do Comércio Interior (Mincin) anunciou a chegada de um navio com arroz no porto de Havana, destinado a cobrir parcialmente os atrasos na entrega da cesta familiar normada dos últimos meses.

No entanto, esta remessa apenas cobrirá parcialmente as necessidades acumuladas, e sua distribuição se estenderá por fevereiro e março.

Em uma tentativa de controlar a inflação, o governo estabeleceu tetos de preços para o arroz. Em Camagüey, o preço foi fixado em 155 CUP por libra, o que provocou o fechamento em massa de postos de venda no mercado de Hatibonico, já que os vendedores consideram essa tarifa insustentável diante dos custos atuais.

Enquanto isso, em Santiago de Cuba, a secretaria do Partido Comunista, Beatriz Johnson Urrutia, anunciou a distribuição de 14 libras de arroz pela cesta básica, gerando diversas reações entre a população, que duvida da continuidade e estabilidade dessas entregas.

A situação não contrasta com a realidade em alguns hotéis de luxo. Uma cubana que se hospedou no hotel Iberostar Laguna Azul de Varadero compartilhou nas redes sociais que, durante sua estadia, o buffet carecia de arroz, oferecendo como alternativa espaguetes.

Este fato gerou debates sobre a qualidade e disponibilidade de alimentos em instalações turísticas em meio à crise alimentar nacional.

Ante esta situação, muitos cubanos recorrem a remessas enviadas por familiares no exterior para poder arcar com os altos preços do mercado negro. No entanto, aqueles que não possuem essa ajuda enfrentam um cenário de extrema precariedade.

Enquanto isso, o governo cubano não apresentou soluções concretas para conter a escalada de preços nem garantiu um fornecimento estável de arroz pelos canais oficiais, deixando a população mergulhada em uma crise alimentar sem precedentes.

Perguntas frequentes sobre a crise alimentar em Cuba

Por que o preço do arroz subiu tanto em Cuba?

O preço do arroz disparou em Cuba devido a uma combinação de fatores como a diminuição das importações, problemas de distribuição e a crise econômica que afeta o país. A libra de arroz no mercado negro atingiu 300 pesos cubanos, evidenciando a escassez e a desesperação da população em conseguir este produto básico.

Que ações o governo cubano tomou para controlar o preço do arroz?

O governo cubano tem tentado estabelecer tetos de preços como medida de controle. Em Camagüey, o preço da libra de arroz foi fixado em 155 pesos, mas essa medida gerou o fechamento de pontos de venda, uma vez que os vendedores consideram insustentável vender a esse preço devido aos custos atuais do produto.

Como a crise do arroz afeta a população cubana?

A crise do arroz afeta gravemente a população cubana, já que este cereal é um alimento fundamental em sua dieta diária. A escassez e o alto custo obrigam as famílias a recorrer ao mercado negro, onde os preços são proibitivos para muitos. Essa situação aumenta a insegurança alimentar e o descontentamento social.

Qual é a situação atual dos mercados estatais e do abastecimento de arroz?

A situação nos mercados estatais é crítica, com uma distribuição irregular e atrasos na entrega da cesta básica. Embora tenha sido anunciada a chegada de carregamentos de arroz para aliviar a escassez, estes apenas cobrem parcialmente as necessidades acumuladas e não garantem uma solução a longo prazo para a crise de abastecimento.

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