"Nada a ver com um Walmart": Youtuber cubano visita supermercado em dólares da 3ra e 70

"Este pedaço de presunto serrano a $146 foi a primeira coisa que me deixou sem palavras; alguns refrigeradores meio vazios em um supermercado recém-inaugurado."


El youtuber cubano Michel Crónicas, que reside no México e atualmente está de visita em Cuba, decidiu documentar sua experiência no supermercado de 3ra e 70, em Havana, um estabelecimento que aceita apenas dólares e foi batizado nas redes sociais como o "Walmart de Cuba".

Michel, que viajou a Cuba para acompanhar o retorno de sua mãe e seu padrasto, que estavam de férias no México com ele, visitou o supermercado recentemente inaugurado, localizado em uma das áreas mais exclusivas da capital cubana.

Em um vídeo compartilhado em suas redes sociais, Michel expressou sua surpresa diante dos preços elevados e da falta de produtos essenciais. "Não é fácil, não é fácil este supermercado em Cuba, onde um pedaço de queijo custa $77 e um pedaço de carne, 100 e tantos dólares americanos", afirmou em seu passeio pelos corredores do estabelecimento.

Também destacou a escassez de produtos em várias áreas do supermercado. "Muitos lugares, muitos refrigeradores, muitos espaços vazios... se cobra em uma moeda que o cubano não tem, que o cubano não ganha", expressou. Em seu vídeo, mostrou prateleiras com rum nacional a preços "inacessíveis", refrigeradores vazios e uma seção de carnes onde só havia presunto. "Os açougueiros cortando apenas presunto, que é o que tem", apontou.

Michel também destacou a presença de refrigerantes e cervejas nacionais que, segundo ele, "nunca mais tinham sido vistas em Cuba". No entanto, criticou a falta de variedade na oferta de produtos. "Basicamente, há muitos corredores com refrigerantes, com garrafas de água, há caixas de purê, muitas coisas em conserva, mas há muito pouca proteína", disse.

Michel continuou seu percurso mostrando os refrigeradores dos produtos lácteos. "Olhem, esta é a parte dos congelados, dos iogurtes. Esse tipo de manteiga está completamente vazio", disse enquanto apontava para uma prateleira quase deserta. Ele também mostrou várias caixas de produtos jogadas nos corredores, o que indicava que o sortimento do supermercado era irregular.

O vídeo de Michel Crônicas gerou uma onda de reações nas redes sociais, tanto no TikTok quanto no YouTube. Muitos usuários expressaram indignação pelos preços do supermercado e pela contradição de que em Cuba se abram lojas exclusivas para quem tem acesso a dólares. "E como você compra isso se ganha $20 por mês? Não entendo nada de Cuba", comentou um usuário no TikTok. Outro questionou: "Se ninguém pode comprar, por que esses produtos ainda são oferecidos?".

Outros usuários fizeram comparações com supermercados de outros países e criticaram o rótulo de "Walmart de Cuba". "Isso de Walmart não tem nada, Michel. Que triste!", apontou um comentário no YouTube. "É uma zombaria para os cubanos", acrescentou outro.

Alguns também alertaram sobre possíveis represálias contra o influenciador. "Tenha cuidado, Michel. Podem te denunciar por expor o fracasso econômico de um país sem liberdade e democracia", escreveu um usuário.

Um supermercado em dólares, proibitivo para muitos cubanos

O supermercado da 3ra e 70 tem sido alvo de controvérsia desde a sua inauguração. Anteriormente, a influencer Rosy Wanderlust também visitou a loja e expressou sua decepção: "Disseram-me que isso era como um Walmart e me sinto enganada porque não tem nada a ver. Aqui não há ofertas, não há promoções, não há variedade".

Por sua vez, o humorista cubano Jardiel abordou a situação com ironia, afirmando em um vídeo que o lugar "parece um templo e dentro reina São Dólar", em referência à dependência dos cubanos das remessas para acessar esses produtos.

O mercado de 3ra e 70 faz parte do Hotel Gran Muthu Habana e é gerido pela cadeia MGM Muthu Hotels e pelo grupo Gaviota, vinculado ao governo cubano. Aceita apenas pagamentos em dólares em espécie ou com cartões recarregados do exterior.

Perguntas frequentes sobre o supermercado de 3ra e 70 em Havana

Por que o supermercado da 3ra e 70 é chamado de "Walmart de Cuba"?

O supermercado de 3ra y 70 foi chamado de "Walmart de Cuba" devido ao seu conceito de oferecer uma ampla variedade de produtos em uma loja moderna e bem abastecida. No entanto, tanto o youtuber Michel Crónicas quanto outros visitantes criticaram essa comparação, já que o estabelecimento carece da variedade e dos preços acessíveis característicos do Walmart, além de aceitar apenas pagamentos em dólares, uma moeda que a maioria dos cubanos não possui.

Que críticas recebeu o supermercado da 3ra e 70?

O supermercado tem sido criticado pelos seus altos preços e pela falta de produtos essenciais. Os visitantes apontaram que muitos espaços estão vazios e que produtos são vendidos em uma moeda inacessível para a maioria dos cubanos. Além disso, é considerado um símbolo da desigualdade econômica em Cuba, uma vez que seu acesso é limitado àqueles que têm remessas ou rendimentos em dólares.

Como são geridos os pagamentos no supermercado da 3ra e 70?

O supermercado da 3ra e 70 só aceita pagamentos em dólares. Os clientes podem pagar em dinheiro ou usando cartões recarregados do exterior, o que exclui a maioria dos cubanos que não têm acesso a essas divisas. Esta política tem sido alvo de críticas por perpetuar a desigualdade no acesso a produtos de consumo básico na ilha.

Qual é o impacto da abertura deste supermercado na economia cubana?

A abertura do supermercado de 3ra e 70 exacerbou a dolarização da economia cubana. Ao se concentrar nas vendas em dólares, o supermercado reflete as profundas desigualdades econômicas no país e agrava a crise para aqueles que dependem de rendimentos em pesos cubanos. Esse fenômeno também afetou o mercado informal de divisas, gerando flutuações no valor do dólar dentro da ilha.

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