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A ativista trans cubana condenada a mais de 14 anos de prisão por sua participação nas protestas antigovernamentais de julho de 2021, Brenda Díaz, denunciou que na prisão sua identidade de gênero nunca foi respeitada, apesar dos apelos de sua família.
A jovem foi liberada como parte de um processo de desincarceramento anunciado pelo governo cubano em meados de janeiro, e em declarações à agência EFE, explicou que, após quase quatro anos cumprindo sua condena, a notícia de sua liberação a surpreendeu profundamente, deixando-a em "choque".
Em seguida, falou sobre os maus-tratos que sofreu durante seu encarceramento.
"Hoje sou outra pessoa. Não sou a Brenda que eu fui. Estava com 80 homens. Nunca fui tratada como pessoa trans, me tratavam como ‘o interno, o preso’. Eu dizia que era uma mulher trans e me diziam que não: ‘Você é um homem’", afirmou.
Brenda afirma que enfrentou humilhações físicas, como o corte de seu cabelo, algo que a devastou profundamente. "Depois de tanto tempo com a minha imagem feminina, me ver assim... isso me impactou muito", relatou.
Além disso, foi negado a ela o uso de roupa íntima feminina, o que para ela refletia o desprezo pela sua identidade de gênero no sistema prisional.
Sobre sua excarcerulação, relatou que, ao receber a notícia, não conseguiu nem pegar o telefone para ligar para sua mãe. Havia passado três anos e sete meses de sua vida trancada em um bloco de homens.
"Me parecia mentira que, depois de todo esse tempo, eu ia poder reencontrar tudo", destacou Díaz, que concedeu a entrevista ao lado de sua mãe Ana Mary, uma mulher que durante todo esse tempo denunciou os abusos contra sua filha em uma prisão masculina.
Ela também contou que, ao receber a notícia de que sua filha seria liberada, começou a gritar de emoção a ponto de os vizinhos irem à sua casa preocupados com o que poderia ter acontecido.
"Vieram pensando que algo me havia acontecido. Foi o momento mais emotivo da minha vida porque eu não via a hora de ela ser livre", sublinha.
Para celebrar a libertação, Brenda organizou uma festa em sua casa para se reencontrar com amigos e familiares. Além disso, a jovem, cujo caso se tornou um símbolo de luta para a comunidade trans em Cuba, voltou a fazer as unhas, algo que ela sempre gostou de fazer antes de sua prisão.
"Isso me deu mais forças. Eu penso que, nesses lugares, cada pessoa deve ser tratada como é e como deseja", expressou.
Embora em 2022 tenha sido aprovado o Código das Famílias, que legalizou o casamento e a adoção para casais do mesmo sexo, Brenda Díaz considera que a discriminação contra as pessoas trans persiste em Cuba. "Se eu sou uma pessoa trans, trate-me como tal", afirmou.
O regime cubano prometeu libertar 553 presos após o presidente Joe Biden remover Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo.
No entanto, uma semana depois, quando Donald Trump anulou a medida e restaurou a ilha na lista, o regime interrompeu as liberações.
Perguntas frequentes sobre a situação de Brenda Díaz e os direitos trans em Cuba
Quem é Brenda Díaz e por que foi presa?
Brenda Díaz é uma mulher trans cubana que foi condenada a mais de 14 anos de prisão por participar das manifestações antigovernamentais de 11 de julho de 2021. Durante seu tempo na prisão, denunciou maus-tratos físicos, verbais e a negação de sua identidade de gênero.
Quais foram as condições de encarceramento de Brenda Díaz?
Brenda Díaz foi confinada em um módulo masculino onde sofreu abuso físico e verbal. Nunca foi tratada como uma pessoa trans, sendo chamada de "o interno, o preso", e teve negados direitos básicos como o uso de roupas íntimas femininas.
O que representa a libertação de Brenda Díaz para a comunidade trans em Cuba?
A libertação de Brenda Díaz simboliza um importante avanço na luta pelos direitos humanos e visibilidade das pessoas trans em Cuba. Apesar de sua libertação, Brenda enfatiza a persistente discriminação contra pessoas trans na ilha e a necessidade de um tratamento digno e respeitoso que reconheça sua identidade de gênero.
Qual tem sido a resposta internacional diante do encarceramento de Brenda Díaz?
Organizações internacionais como a Human Rights Watch e o Departamento de Estado dos Estados Unidos condenaram a prisão de Brenda, considerando-a uma represália política e um ato de discriminação por sua identidade de gênero. Houve uma intensa campanha de pressão internacional que contribuiu para sua libertação.
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