Mais de 1.300 migrantes foram devolvidos a Cuba em 2024

Do total de devoluções, 978 migrantes foram retornados a Cuba a partir dos Estados Unidos. A crise migratória cubana continua sendo crítica, com números recordes de migrantes.


Mais de 1.300 migrantes irregulares foram repatriados para Cuba no ano passado, de acordo com dados do Ministério do Interior (MININT) divulgados pela imprensa oficial cubana.

Um total de 1.384 cubanos foram devolvidos à Ilha em 2024, informou o Noticiero Nacional de Televisión (NTV), que contabilizou 93 operações de devolução provenientes de diferentes países da América Latina e do Caribe.

Do total de devoluções, 978 migrantes foram retornados a Cuba a partir dos Estados Unidos no ano passado, o que deixa um saldo de 406 cubanos que foram repatriados pelas autoridades de países terceiros.

Após terem sido suspensos em dezembro de 2020, os voos de deportação entre os Estados Unidos e Cuba foram retomados em abril de 2023, após negociações para lidar com a crise migratória.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu deportações em massa a partir do momento em que assumir a presidência em 20 de janeiro. Entre todas as administrações americanas, o primeiro mandato de Trump registrou o maior número de repatriações, com 3.385 cubanos devolvidos à Ilha.

No entanto, diferentes advogados de imigração concordaram em afirmar que os cubanos não estão agora entre os grupos que mais aumentarão a potencial cifra de deportados com a nova administração, uma vez que os cidadãos da Ilha possuem um importante respaldo legal na Lei do Ajuste Cubano.

No entanto, o republicano anunciou para seu novo mandato um endurecimento das normas migratórias e prometeu eliminar o programa de parole humanitário e a aplicação CBP One, uma ferramenta essencial para agendar solicitações e cruzar a fronteira de forma legal.

Mais de 42 mil cubanos têm ordens de deportação nos EUA, mas o regime se recusa a recebê-los, segundo dados internos do Departamento de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) obtidos em meados de dezembro pela rede Fox News.

As estatísticas revelam as nacionalidades dos mais de 1,4 milhões de imigrantes ilegais nos EUA cuja deportação foi ordenada por um juiz de imigração do Departamento de Justiça, mas que ainda se encontram no país e não estão sob custódia do ICE.

No caso de Cuba, o número chega a 42.084 migrantes, ficando apenas atrás de El Salvador (203.822), Honduras (261.651), Guatemala (253.413) e México (252.044).

Em fevereiro de 2024, o relatório anual do ICE revelou que, em 2023, os Estados Unidos emitiram 6.199.629 ordens de deportação, o número mais alto desde 2020. Dentre eles, mais de 442.000 cubanos permaneciam com seus casos pendentes.

No entanto, ele destacou que tais cifras não correspondiam a ordens definitivas de expulsão, pois apenas 1.292.830 tinham uma emissão definitiva do país, enquanto 4.906.799 estavam pendentes de uma ordem final.

A crise migratória cubana

No contexto da grave crise migratória cubana, mais de 850 mil migrantes da Ilha chegaram aos Estados Unidos entre 2022 e setembro de 2023.

Desde 1º de outubro de 2021 até o fechamento do ano fiscal de 2023, cerca de 533.000 cubanos chegaram aos Estados Unidos, o que representa 4,8% dos 11,1 milhões de habitantes da nação caribenha.

Por sua vez, desde 1º de outubro de 2023 até agosto deste ano, mais de 208.000 solicitantes de asilo cubanos chegaram ao país pelas fronteiras, segundo dados da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP).

A essas cifras somam-se os 110.000 cubanos que foram examinados e autorizados a viajar por meio do parole humanitário em 2023 até julho de 2024, além de um número indeterminado de migrantes com outros tipos de visto, sobre os quais não há dados oficiais disponíveis.

O certo é que a população cubana caiu 18% entre 2022 e 2023, e 2024 está a caminho de se tornar o segundo ano fiscal com maior afluxo de cubanos na fronteira sul dos Estados Unidos, conforme revelou a agência AFP, baseando-se em dados oficiais.

Além disso, chama a atenção a quantidade de cubanos que foram interceptados pelas autoridades no mar ou nas costas dos Estados Unidos ao final do último ano fiscal: 65.911. Esse número é obtido ao subtrair o total de encontros (208.308) dos ocorridos na fronteira norte (362) e os da fronteira sul (142.035).

A mediados de abril de 2024, às vésperas da 38ª Ronda de Conversações Migratórias Cuba-Estados Unidos, o regime de Havana reconheceu que a atual crise migratória é "a maior da história de Cuba", mas culpou os Estados Unidos por suas políticas de pressão e por incentivar a emigração com "estímulos extraordinários e artificiais".

Por sua vez, as autoridades americanas lembram repetidamente que as fronteiras não estão abertas a pessoas que não tenham fundamentos legais para ingressar no país, e que aqueles que tentarem fazê-lo de forma irregular estarão sujeitos à expulsão conforme o disposto no Título 8.

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Redação do CiberCuba

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