Cuba sem leite em pó na cesta básica: Crianças receberão batido de chocolate

Cuba enfrenta uma crise alimentar: o MINCIN não garante leite em pó para crianças, oferecendo chocolate como alternativa. A escassez ressalta as crescentes deficiências do regime cubano em atender às necessidades básicas da população.

Imagen de referencia © Captura de video YouTube / Visión Tunera
Imagem de referênciaFoto © Captura de vídeo YouTube / Visión Tunera

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O Ministério do Comércio Interno de Cuba (MINCIN) anunciou que não conseguirá garantir a distribuição de leite em pó para todas as crianças na cesta familiar normatizada referente ao mês de dezembro.

Segundo o comunicado oficial, como alternativa, os menores de algumas províncias receberão um quilograma de mistura de chocolate para o café da manhã, uma medida que gerou fortes críticas e questionamentos sobre as prioridades e capacidades do governo para atender às necessidades básicas da população.

Captura de tela Facebook (fragmento) / MINCIN

Leite para uns poucos, mistura de chocolate para outros

O MINCIN explicou que as crianças de 0 a 2 anos terão garantido o leite até 10 de janeiro de 2025, enquanto em algumas províncias como Mayabeque, Cienfuegos, Sancti Spíritus, Camagüey e Las Tunas será entregue leite fluido para crianças de 6 meses a 1 ano.

Para crianças de 2 a 6 anos em províncias como Artemisa, Matanzas, Cienfuegos e Granma, será distribuído leite fresco. No entanto, nas demais regiões do país, onde tradicionalmente era fornecido leite em pó, as crianças receberão uma mistura de chocolate, uma solução que reflete a gravidade da crise alimentar que a ilha enfrenta.

Este anúncio chega em um contexto de deterioração constante da distribuição de produtos básicos em Cuba. Relatórios anteriores indicam que o leite em pó, um alimento essencial, se tornou inacessível para muitas famílias devido ao seu alto preço no mercado informal e à sua escassez nas redes estatais.

Um artigo publicado recentemente pela CiberCuba indicou que o preço de um quilograma de leite em pó no mercado informal pode chegar a até 5.000 pesos (mais do que o dobro do salário mínimo), um luxo inacessível para a maioria dos lares cubanos.

Subsídios eliminados e uma caderneta cada vez mais vazia

A crise atual não se limita ao leite. O governo cubano recentemente eliminou os subsídios a vários produtos da cesta básica, justificando que o país enfrenta dificuldades econômicas extremas.

Esta decisão aprofundou o descontentamento popular. Em províncias como Artemisa e Villa Clara, os cidadãos relataram longas filas e atrasos na entrega de produtos regulamentados, como arroz e óleo.

A eliminação de subsídios, o aumento dos preços e a distribuição insuficiente têm sido constantes nos últimos meses. Desde a alteração do programa da “libreta”, muitas famílias dependem quase exclusivamente dos produtos normatizados para se sustentar, o que faz com que medidas como a substituição do leite em pó por um preparo de chocolate sejam percebidas como uma zombaria às suas necessidades.

Reações da população

As reações não demoraram a surgir. Nas redes sociais, muitos cubanos expressaram sua indignação e frustração.

"Nem conseguem garantir leite em pó para as crianças, mas sempre têm recursos para atos políticos e de propaganda", escreveu um usuário em referência à recente Marcha do Povo Combatente.

Outro comentou: "Trocar leite por chocolate não é uma solução, é uma confissão de que não têm como resolver os problemas de fundo."

Os pais de crianças pequenas, em particular, foram os mais afetados. O leite é um alimento crucial nas dietas dos menores, e substituí-lo por preparados de chocolate levanta preocupações sobre o valor nutricional dessa alternativa.

Organizações internacionais têm alertado em várias ocasiões sobre o impacto da desnutrição nas crianças cubanas, uma situação que está se agravando cada vez mais.

Um problema que vai além do leite

O comunicado do MINCIN também aborda a distribuição de outros produtos básicos, como arroz, óleo, frango e grãos.

Embora se assegure que terão prioridade grupos vulneráveis, como crianças e mulheres grávidas, as entregas estão longe de cobrir as necessidades da população.

Em províncias afetadas pelos furacões Oscar e Rafael, a ajuda adicional inclui pequenas quantidades de arroz, ervilhas e óleo, mas essas entregas são insuficientes diante das necessidades reais.

Contexto de uma crise prolongada

A falta de leite na cesta básica não é um fenômeno novo em Cuba.

Em Matanzas, os frequentes apagões registrados em 2024 comprometeram a conservação do leite líquido, afetando a distribuição para crianças menores de seis anos. Segundo relatos, as interrupções elétricas também influenciaram a produção, deixando famílias sem acesso a um alimento essencial.

Em Guantánamo, a situação chegou a extremos em agosto de 2023, quando crianças entre sete e treze anos começaram a receber xarope como substituto do leite, uma decisão que gerou fortes críticas pela falta de valor nutricional. Esse tipo de medida reflete não apenas a incapacidade do governo em garantir suprimentos básicos, mas também o deterioro das condições alimentares nas áreas mais vulneráveis do país.

O governo tem tentado buscar soluções em diferentes frentes, como o pedido de ajuda à ONU em fevereiro de 2024 para enfrentar a escassez de leite e a inclusão de mipymes no fornecimento de produtos lácteos. No entanto, essas medidas têm sido insuficientes.

Enquanto o regime promove sua capacidade produtiva "graças a Fidel", as evidências apontam que as carências alimentares persistem e afetam de maneira desproporcional os setores mais desfavorecidos.

Uma crise que atinge os mais vulneráveis

A crise alimentar em Cuba continua a se aprofundar, afetando especialmente as crianças. Em uma reportagem recente, foi destacado como as famílias enfrentam a realidade de que seus filhos recebem leite apenas uma vez a cada três dias, na melhor das hipóteses.

Esse tipo de restrições gerou um impacto significativo na saúde e no desenvolvimento infantil, além de aumentar o descontentamento em relação às políticas do governo.

Em junho, um relatório publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) incluiu Cuba em sua avaliação da nutrição infantil e revelou que 9% das crianças em Cuba sofre de pobreza alimentar severa, uma condição que implica que os menores têm acesso a, no máximo, dois dos oito alimentos essenciais para uma vida saudável.

O recente anúncio do MINCIN sobre a cesta básica não apenas evidencia a incapacidade do governo cubano em garantir produtos essenciais, mas também reflete a falta de um plano eficaz para atender às necessidades básicas da população.

Enquanto o regime insiste em culpar o embargo americano pela crise, os cubanos enfrentam uma realidade marcada pela escassez, pela fome e pela incerteza.

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Redação da CiberCuba

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