Críticas e zombarias à abertura do polêmico hotel Torre K-23 em Havana

Ataúde, armazém e sem glamour são algumas das palavras que os habaneros usam para descrever o hotel, considerado pouco atrativo e destoante da arquitetura da região.

Entrada del hotel K-23 en La Habana, conocido como Torre K-23 © Pedro Luis García / Facebook
Entrada do hotel K-23 em Havana, conhecido como Torre K-23.Foto © Pedro Luis García / Facebook

Centenas de pessoas reagiram ao ver a entrada do hotel Torre K-23, no coração de El Vedado, que agora ficou exposta após a remoção dos andaimes colocados em frente à fachada.

Além da relevância de se erguer uma megaconstrução dedicada ao turismo enquanto a cidade se deteriora, o edifício não causou um impacto positivo em quem o viu.

As críticas e as zombarias no post do Facebook de CiberCuba refletem o rechazo que o hotel suscitou na população, que esperava um design compatível com a arquitetura do entorno e com suas belas construções dos anos 40 e 50.

Um dos primeiros a comentar foi o humorista Andy Vázquez. "Que alguém diga que essa coisa está pronta. Parece um crematório. Bem, do socialismo, porque até os crematórios aqui na Yuma são bonitos", expressou.

Captura do Facebook / CiberCuba

"Visto da minha casa, parece um caixão", afirmou uma vizinha da região.

"Luce como um cara grande com sapatos que não servem", comentou um residente em Miami.

"Talvez nos presente uma surpresa e quem sabe aquele grande edifício funcione como um enorme painel solar que abastecerá toda Havana com a esperada solução energética. Bravo por tão brilhante solução!", ironizou um idoso.

"Parece a parte de trás de um armazém onde jogam o lixo em contêineres", disse um pinareño.

"Uma fábrica tem mais glamour do que isso", assegurou um engenheiro.

"Que beleza, parabéns, que bom que houve dinheiro para gastar nessa construção, talvez não fosse suficiente para fazer uma termoelétrica", ironizou uma internauta.

"Parece qualquer coisa menos a entrada de um hotel, se me perguntassem sem dizer o que é, diria que é a entrada de um armazém atacadista. (...) é feio, um caixote retangular sem nenhum atrativo," comentou outro.

"Quando houver um apagão, aí está a sua árvore de Natal", expressou sarcasticamente um jovem.

"A entrada de qualquer hotel construído depois de 1959, como por exemplo, o Hotel Guantánamo, é muito mais acolhedora do que esta. Não se pode dizer que é mais bela, porque esta de bela não tem nada. Parece qualquer remendo de fachada, como os que se fazem para dividir em duas uma residência...", comentou uma mulher.

Recentemente, o arquiteto Maurys Alfonso Risco afirmou que a Torre K-23 é como uma "punhalada na paisagem de Havana", um grande bloco que desrespeita as normas urbanas de El Vedado e causa problemas aos seus vizinhos.

"O design é ultrapassado, com fachadas tecnológicas, mas sem graça, que desrespeitam princípios básicos da nossa arquitetura tropical, como o uso de varandas cobertas, beirais ou persianas para proteção solar", apontou Alfonso.

Outro aspecto negativo é o seu impacto no horizonte da cidade. "É mais alta que o obelisco a José Martí, algo que nunca deveria ter sido permitido. Se tivesse sido construída em uma área mais baixa da La Rampa, seria menos agressiva para a imagem urbana," acrescentou o especialista.

A Torre K-23 de Havana tem gerado polêmica por simbolizar as desigualdades em Cuba. Enquanto o regime priorizou esse grande investimento, o povo sofre com carências diárias, sem conseguir satisfazer necessidades básicas.

Em plataformas como o Facebook, os usuários cubanos renomearam o edifício com nomes singulares como O Mirante da Misericórdia, A Torre de Mordor, A Torre da Soberania, A Super Caixa de Fósforo, Hotel Voltus V e Grande Hotel que Ninguém Pediu.

Com 154 metros de altura e 42 andares que abrigam 565 quartos de categoria cinco estrelas, o hotel será gerido pela empresa espanhola Iberostar.

Este projeto, financiado com capital totalmente cubano, tem enfrentado inúmeros desafios desde que começou sua execução em 2018, inicialmente planejado para ser concluído em 2022.

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