Mais de 14 horas sem luz em Matanzas e com alerta de furacão: "Não foi o suficiente o que aconteceu em Guantánamo?"

A falta de eletricidade impede os cubanos de se prepararem adequadamente, lembrando o desamparo vivido em Guantánamo durante o furacão Oscar. A população exige soluções diante da negligência do governo.

Imagen de Matanzas en pleno apagón © Facebook / Matanzas En Fotos
Imagem de Matanzas em pleno apagão.Foto © Facebook / Matanzas Em Fotos

A tempestade tropical Rafael se aproxima do Ocidente de Cuba, onde ameaça chegar nas próximas horas com categoria de furacão. No entanto, a população continua a sofrer apagões massivos e prolongados, que dificultam sua preparação para situações de emergência.

Diante dessa situação, são muitos os cubanos que clamam pela restauração do serviço elétrico e denunciam a falta de previsão das autoridades, lembrando que os apagões deixaram praticamente o Oriente de Cuba incomunicado durante a passagem do furacão Oscar, uma negligência que custou vidas humanas em San Antonio del Sur e deixou um panorama desolador com milhares de desabrigados em Guantánamo.

Captura de tela Facebook / Alina Bárbara López Hernández

“Já passaram mais de quatorze horas em que deveríamos estar informados, coletando água e recarregando celulares para não ficarmos isolados e desinformados. Não foi o suficiente o que aconteceu em Guantánamo?”, protestou a acadêmica e ativista matancera Alina Bárbara López Hernández, que denunciou em suas redes sociais que “quase toda a cidade de Matanzas permanece sem eletricidade desde ontem às 18h” em meio à fase de alerta ciclônica.

No grupo do Facebook "Empresa Elétrica Matanzas", muitos usuários também denunciam esta situação de abandono em um momento de alerta para furacão, onde a falta de energia elétrica impede o abastecimento de água e as comunicações.

Captura de tela Facebook / Empresa Elétrica Matanzas

"Mais de 20 horas sem eletricidade. Senhores, neste circuito estão os edifícios que, sem eletricidade, não temos água. Os tanques estão vazios e um furacão se aproxima: os tanques podem se mover com o vento", alertou o usuário identificado como Ernesto Morales.

“Alguém com conhecimento, para não dizer outra coisa: 16 horas sem eletricidade. Os telefones de atendimento ao público do governo não atendem. O 18888 diz que está em ‘apagão’. Por favor, estamos esperando um ciclone. Tenham consciência e restabeleçam a energia”, disse Estrella.

Captura de tela Facebook / Empresa Elétrica Matanzas

“Até quando vamos continuar sofrendo com o seu mau trabalho? E para piorar, com um furacão à vista. Agora sim eles têm o pretexto perfeito para nos deixar mais horas sem eletricidade, então é melhor se preparar,” lamentou Idania Ramírez Rodríguez, que se queixou de ter tido apenas uma hora de eletricidade entre as 21:00 de segunda-feira e as 07:00 desta terça-feira.

“E o ciclone Rafael ainda não chegou… Preparem-se para ficar sem ver a luz por alguns dias”, advertiu outro usuário no grupo mencionado do Facebook.

Captura de tela Facebook / Empresa Elétrica Matanzas

Enquanto isso, Rafael avança para o noroeste em direção a Cuba, mantendo uma velocidade de 20 km/h e ventos máximos sustentados de 95 km/h. Espera-se que o sistema experimente uma intensificação progressiva nas próximas horas, uma vez que há condições favoráveis para seu desenvolvimento nesta terça-feira.

O Centro Nacional de Furacões (NHC) avisa que Rafael pode se tornar um furacão enquanto se aproxima de Cuba, alcançando as costas do arquipélago com força na quarta-feira. Nesse sentido, emitiu um Aviso de Furacão para as províncias cubanas de Pinar del Río, Artemisa, Havana, Mayabeque, Matanzas e a Ilha da Juventude.

Para as províncias cubanas de Villa Clara, Cienfuegos, Sancti Spíritus e Ciego de Ávila, foi emitido um Aviso de Tempestade Tropical, enquanto as províncias de Camagüey e Las Tunas receberam um Aviso de Vigilância de Tempestade Tropical.

O aviso de furacão significa que se esperam condições adversas nas áreas mencionadas, em um período aproximado de 36 horas. Recomenda-se à população que tome precauções imediatas para proteger vidas e bens materiais.

Os cubanos devem se manter informados sobre a evolução da tempestade tropical Rafael, pois tudo indica que ela ganhará mais força nas próximas horas.

As autoridades locais e o Instituto de Meteorologia de Cuba recomendam monitorar de perto a situação, devido ao risco de condições climáticas adversas que podem representar um perigo para vidas e bens.

Mas, assim como ocorreu com Oscar, os apagões estão impedindo a população de se preparar adequadamente para enfrentar o fenômeno meteorológico.

Apagões e desastre à passagem do furacão Oscar por Guantânamo.

Os testemunhos oferecidos pelos próprios moradores e vizinhos das áreas mais afetadas pelo furacão Oscar - como San Antonio del Sur, Imías e San Ignacio - evidenciam o erro cometido ao deixar a população sem eletricidade e isolada.

As comunidades afetadas ficaram dias sem eletricidade e sem informações sobre a situação, o que gerou incerteza. Não houve esforços rápidos para restabelecer a comunicação, o que deixou muitas pessoas em condições muito precárias.

O colapso total do sistema elétrico nacional (SEN) no dia 18 provocou uma desconexão que prejudicou a capacidade de comunicação e resposta, dificultando a coordenação das ações de emergência e a assistência às comunidades.

Além disso, apontaram que a falta de eletricidade e a ausência de radiocomunicadores foram um grande problema na hora de ativar os "conselhos de defesa".

Os radiocomunicadores teriam permitido a comunicação sem depender da eletricidade ou da internet, facilitando a coordenação entre diferentes pontos, como a represa, a montanha e o povoado. Devido ao "má mau gerenciamento da direção", não havia os equipamentos necessários, o que impediu informar a população sobre a gravidade da situação, salvar vidas e coordenar uma resposta adequada.

Como resultado dessa falta de comunicação, muitas pessoas "não souberam o que estava acontecendo", gerando uma resposta desorganizada e caótica, na qual aqueles que puderam tentaram se deslocar para lugares mais altos sem ter um conhecimento real do risco. Houve pessoas que morreram afogadas dentro de suas casas.

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