Um helicóptero das Forças Armadas cubanas evacuou nesta quinta-feira gestantes, pacientes críticos e outras pessoas vulneráveis de áreas incomunicadas em Guantánamo, após a passagem do furacão Oscar pela região oriental de Cuba.
Uma publicação no perfil oficial do Exército Oriental informou que, após várias missões de voo transportando alimentos, um helicóptero militar se encarregou da "evacuação de várias gestantes a termo, pacientes com necessidade de cuidados intensivos e um lactente com sua mãe".
A fonte não precisou para onde foram transferidas essas pessoas, que são parte das milhares evacuadas após as inundações sem precedentes que devastaram e isolaram povoados dos municípios de Imías e San Antonio del Sur.
“Não esperamos nada, nos reconforta a satisfação do dever cumprido e ser úteis”, foram as declarações dos tripulantes da aeronave, segundo o post do Exército Oriental, uma das três grandes formações militares das forças armadas do regime cubano.
O texto exalta a dedicação dos membros da tripulação do helicóptero, como “um reflexo do que hoje é cotidiano quando um país se mobiliza em apoio aos seus filhos”.
Segundo a publicação, “isto é uma guerra pela vida e pela saúde. É tudo em função do povo”; e como é um leitmotiv na propaganda do regime, tais ações são consideradas um logro da revolução.
No entanto, os números de pessoas evacuadas que foram publicados até o momento em sites do governo e meios de comunicação oficiais são contraditórios e não se especifica em que data ocorreu seu traslado para zonas seguras.
Enquanto o jornal Granma falou de mais de 15.000 habitantes evacuados - 9.000 em Imías e 6.000 em San Antonio del Sur -, no programa “Mesa Redonda” o segundo chefe do Departamento de Operações do Estado Maior Nacional da Defesa Civil (EMNDC), major César Eduardo Cross Licea, disse que “4.865 pessoas se encontram protegidas em centros de evacuação” e “outras 443 permanecem resguardadas em habitações de familiares, amigos e vizinhos, a quem se garante sua segurança e alimentação até que se decrete a etapa recuperativa”.
Entretanto, continuam os trabalhos de resgate em busca de famílias inteiras desaparecidas, segundo relatos dos residentes.
Brigadas de resgate e salvamento tentam localizar pessoas em ambos os municípios que estão desaparecidas após os deslizamentos de lama e as cheias de rios e represas.
Nesta quinta-feira, o MINFAR informou sobre “uma operação aérea para o transporte de alimentos em direção a Imías”, pois esse município ainda permanece incomunicado por via terrestre após os graves danos causados pelo furacão.
Nos últimos dias, habitantes de San Antonio del Sur e Imías, as localidades mais afetadas pelo furacão, e familiares que residem fora da província ou do país levantaram suas vozes para criticar a atuação ineficaz do governo para prevenir e atenuar as consequências do impacto do evento meteorológico sobre os moradores dessas áreas.
As pessoas questionam que as autoridades não ofereceram informações prévias sobre a passagem do furacão pela região, sabendo que toda a província estava sem eletricidade devido ao colapso do SEN. Afirmam, além disso, que o sistema de Defesa Civil nesses municípios também não foi ativado a tempo nem foram feitos planos de evacuação para áreas altas e seguras para proteger os residentes, que ficaram à mercê da sorte e do risco.
Até o dia de hoje, o governo confirmou o falecimento de sete pessoas, seis em San Antonio del Sur e uma em Imías.
No entanto, os testemunhos dos afetados colocam em dúvida os números oficiais fornecidos pelas autoridades. Uma vizinha de San Antonio del Sur assegurou que a realidade é muito mais crítica e que as mortes e desaparecimentos superam amplamente o que foi informado.
Nas redes sociais de cubanos circulam reportes extraoficiais que situam as mortes acima de vinte e em mais de 70 os desaparecidos. Sobre esses números, as autoridades não se pronunciaram.
Desesperados pela incerteza e falta de informações, familiares de pessoas desaparecidas têm recorrido às redes com pedidos de ajuda para localizá-las.
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