Sobrecogedor, assim é o testemunho do menino cubano de 12 anos, Abram Daniel González Hernández, que se recupera de lesões sofridas durante as inundações em San Antonio del Sur em razão da passagem do furacão Oscar.
Residente na localidade de Macambo, em declarações à televisão cubana, o menor relatou do Hospital Pediátrico Pedro Agustín Pérez, em Guantânamo, como foi aquela madrugada em que se despertou no meio da inundação e os eventos posteriores.
"Era 'agüita', mas não forte", disse em referência à chuva no momento em que foram dormir.
"Ficamos, mas quando acordei, a água já estava na altura da cintura e começou a subir. Subimos em 'pilares'. A casa afundou, consegui sair, minha família também”, explicou o menor.
“Se me soltou a mão da minha mãe. Foi aí que eu bati em uma palmeira de coco. Eu me segurei, consegui subir e passei frio”, relatou Abram Daniel sobre esses momentos duríssimos em que se soltou da mãe e como conseguiu se agarrar a uma palmeira de coco.
No entanto, a planta cedeu e foi ao cair que o menor se feriu.
“A mata de coco começou a traquear e, quando caí, uma perna ficou presa”, assim descreveu a importante ferida em sua perna esquerda que o fez passar por cirurgia assim que foi resgatado.
“Me fui mar adentro”, relatou.
Em seu esforço para sobreviver, a criança contou que viu "duas pedras" onde as ondas não "quebravam tão forte" e por ali pôde subir para a terra firme.
Chegou a Yacabo, de onde foi a Macambo, e foi à casa de um vizinho na praia e lá foi atendido por um médico militar.
Após receber os primeiros socorros em San Antonio del Sur, a criança chegou na tarde de terça-feira ao Hospital Pediátrico provincial, onde uma equipe multidisciplinar decidiu pela intervenção cirúrgica em sua perna esquerda, pois apresentava uma ferida com sinais de sepse, febre e tecido necrótico.
"Procedemos a realizar um desbridamento cirúrgico da ferida, e felizmente não houve lesões ósseas nem musculares; a lesão estava circunscrita à pele e ao tecido celular subcutâneo", informou o médico Evis Navarro Pérez.
A ferida ficou limpa. Agora, o menor está em bom estado geral, recebendo tratamento com antibióticos de acordo com o tipo de lesão que tem e, após 16 horas de evolução, tudo aponta para uma evolução favorável.
"A ferida está limpa e sem odor, o que indica que a recuperação será positiva", acrescentou Navarro.
O menino está sendo cuidado pela avó. Não está claro o que aconteceu com a mãe do menor. O relatório oficial não esclarece.
Após a devastadora passagem do furacão Oscar pela província de Guantánamo, os testemunhos dos afetados colocam em dúvida os números oficiais fornecidos pelas autoridades cubanas, que relatam apenas sete mortos como saldo oficial.
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