O que sabemos sobre o Apagão total em Cuba

Cuba sofre um apagão total desde 18 de outubro, afetando milhões e causando caos em Santiago e Havana. Sem data para solução, a crise gera filas, cortes de Internet e reações críticas.

Mapa de Cuba con apagón © Satellite tracker
Mapa de Cuba com apagãoFoto © Satellite tracker

Um apagão sem precedentes afeta toda a ilha.

No dia 18 de outubro de 2024, Cuba sofreu um apagão massivo devido à desconexão total do Sistema Electroenergético Nacional (SEN). A interrupção ocorreu depois que a usina termelétrica Antonio Guiteras saiu de operação, o que, segundo o Ministério de Energia e Minas, aconteceu às 11h07. A situação deixou milhões de pessoas sem eletricidade, e embora as autoridades tenham assegurado que estão trabalhando na restauração do serviço, até agora admitiram que “não há um prazo definido para restabelecer o serviço”.

Colas, caos e aeroportos às escuras

Em Santiago de Cuba, o apagão deixou 60% da população gasificada sem acesso ao gás liquefeito. Essa situação desencadeou longas filas de cidadãos em busca de combustível, enquanto o fornecimento foi restabelecido apenas em dois circuitos que atendem hospitais críticos. Segundo o jornalista Yosmany Mayeta, essas filas geraram cenas de caos, já que as pessoas estão desesperadas para conseguir os recursos necessários para cozinhar em meio à crise, relatou o jornalista.

Em Havana, a falta de eletricidade afetou até o Aeroporto Internacional José Martí, que ficou completamente no escuro. Embora a Corporação Cubana de Aviação tenha assegurado que estavam sendo utilizados geradores para manter as operações, as imagens compartilhadas nas redes sociais geraram dúvidas sobre se o suporte energético é suficiente para garantir a segurança dos voos, como indicaram as autoridades.

Suspensão de aulas em Cuba por crise energética

Este viernes, as aulas foram suspensas em toda Cuba devido à crise energética, conforme informou o jornalista Lázaro Manuel Alonso. A medida foi justificada pela grave situação do sistema elétrico nacional, que levou o primeiro-ministro Manuel Marrero a fazer uma aparição na televisão nacional. No entanto, em uma publicação no X (anteriormente Twitter), o Ministério da Educação (MINED) atribuiu a suspensão das aulas ao mau tempo, o que gerou confusão entre a população ao não coincidir os motivos.

O governo decidiu priorizar o suprimento elétrico ao setor residencial, limitando o uso de eletricidade no setor estatal apenas aos centros considerados indispensáveis. Em resposta à crise, o Ministério da Cultura também cancelou atividades culturais e fechou centros de recreação, além de implementar medidas de economia em toda a administração pública. A falta de coordenação na comunicação oficial sobre a suspensão das aulas foi vista como um reflexo da ineficácia na gestão da crise energética, revelaram as redes sociais.

Impacto na Internet e reações dos cidadãos

A crise não afetou apenas o fornecimento elétrico. A empresa de monitoramento NetBlocks alertou sobre uma queda significativa no tráfego de Internet na ilha, diretamente vinculada à desconexão da planta Guiteras. A interrupção afetou tanto usuários particulares quanto instituições que dependem da conectividade para suas operações, confirmou a NetBlocks.

A reação do público nas redes sociais não se fez esperar. Em plataformas como o Facebook, os usuários expressaram seu descontentamento com perguntas como “Até quando?” e críticas ao governo por não oferecer soluções efetivas. O sentimento de frustração cresceu à medida que os cortes prolongados continuavam, levando muitos a exigir mudanças políticas diante do que consideram uma crise energética insustentável, de acordo com os comentários nas redes sociais.

Ingenho em tempos de crise

Em meio aos apagões, os cubanos demonstraram mais uma vez sua capacidade de se adaptar a situações difíceis. Recentemente, uma imagem que se tornou viral mostrou como um residente transformou uma antiga máquina de costura Singer em um fogão a carvão. Esse tipo de solução lembra as medidas improvisadas vistas durante o "Período Especial" nos anos 90, quando a falta de recursos levou os cubanos a buscar alternativas para satisfazer necessidades básicas, destacou um internauta.

A dia de hoje, 19 de outubro de 2024, o apagão persiste, e a falta de uma solução clara tem gerado cada vez mais pressão sobre o governo. A população continua exigindo ações concretas para resolver esta crise que não mostra sinais de melhora.

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