Ulises Toirac prevê um futuro mais complicado após a comparecência de Marrero: “Estamos em um círculo vicioso”

“Meu prognóstico não é nada animador, mas não quero ser eu quem diga o que acontecerá. Apenas me atrevo a um detalhe: no próximo verão, quando se supõe que os famosos parques fotovoltaicos estejam funcionando, o déficit desta noite nos parecerá uma benção”, concluiu o ator.

Ulises Toirac y Manuel Marrero © Facebook / Ulises Toirac - Captura de video / Canal Caribe
Ulises Toirac e Manuel MarreroFoto © Facebook / Ulises Toirac - Captura de vídeo / Canal Caribe

A comparecência nesta quinta-feira do primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz junto a diretores do Ministério de Energia e Minas deixou mais preocupado do que aliviado o humorista cubano Ulises Toirac, que analisou a emergência energética e chegou à conclusão de que é “um círculo vicioso”.

Em uma extensa publicação em suas redes sociais, Toirac se referiu à comparecimento de Marrero Cruz como "alarmante", além de "pouco convincente", e considerou que a promessa do regime cubano de melhorar a situação com base em parques fotovoltaicos não se sustenta sobre um projeto sólido.

Captura de tela Facebook / Ulises Toirac

“Os parques fotovoltaicos não são feitos em poucos meses. Nas condições atuais (que incluem descontrole, indisciplina laboral, descoordenação, etc.) muito menos. Mas, por outro lado, falamos de 30 parques com 20 MW cada um, para um total (à plena capacidade) de 600 MW. Pensemos: só na noite passada o 'déficit' alcançou 1.600 MW (segundo declarações). Já se tem uma ideia do que cobrirá a totalidade dos parques fotovoltaicos funcionando à plena capacidade”, discorreu o humorista.

A este primeiro análise, o humorista acrescentou outras variáveis para demonstrar que as promessas de Marrero Cruz são puro voluntarismo ou uma manobra de distração do regime, empenhado em fazer os cubanos acreditarem que a solução para a crise energética virá das fontes de energia renováveis.

“A isso se soma a mora de pagamentos dos combustíveis e a falta de um fornecedor ‘barra aberta’ (Venezuela) para suprir as necessidades de petróleo. É um problema que vejo crescer e não diminuir... O ‘déficit’ leva o tempo necessário para estabilizar a aquisição e, longe disso, se agrava a cada semana mais”, acrescentou Toirac.

Com um sistema eletroenergético nacional (SEN) colapsado, o ator e engenheiro elétrico (CUJAE, 1986) considerou inviável a estratégia governamental de manutenções e renovação das termelétricas.

"Chegaram aonde iam chegar. Não agora, há dez ou quinze anos. As quebras estão se tornando cada vez mais frequentes (a ponto de tornar inviável operá-las) e sem dinheiro não se podem repor na velocidade que seria necessária", considerou.

A situação, que não é nova, mas sim a repetição de um ciclo cada vez mais crítico, levou o humorista a refletir que os cubanos se encontram em "um círculo vicioso".

“Menos combustível, menos geração, mais apagões, menos produtividade de fábricas e entidades produtivas, menos capacidade de gerar exportações, menos dinheiro entrando... ¡Menos combustível! (e leia o parágrafo novamente)”, disse Toirac, deixando à mostra o despropósito das promessas do regime.

Em relação ao que foi explicado por Marrero Cruz em sua tumultuada comparecência, sobre um "plano de medidas de emergência energética", o ator se mostrou cético e criticou a falta de previsibilidade do governo diante da urgente necessidade de combustível, como se o executivo de Miguel Díaz-Canel não soubesse nem a quantidade de dinheiro que se guarda "nos cofres" do regime.

“Meu prognóstico não é nada animador, mas não quero ser eu quem diga o que acontecerá. Apenas me atrevo a um detalhe: no próximo verão, quando se supõe que estejam funcionando os famosos parques fotovoltaicos, o déficit desta noite nos parecerá uma bênção”, concluiu entristecido o ator.

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