O governo cubano informa como pretende enfrentar a emergência energética.

O primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero Cruz, apresentou-se na noite desta quinta-feira em uma aparição conturbada no rádio e na televisão cubana junto a diretores do Ministério de Energia e Minas para informar sobre a atual crise energética no país.

Marrero Cruz deixou claro que a situação é extremamente crítica e indicou que não se espera uma solução a curto prazo.

"Há três fatores importantes que incidem no déficit de geração elétrica: o estado da infraestrutura, a falta de combustível e o aumento da demanda", reconheceu, embora tenha sublinhado que a falta de combustível é o elemento mais destacado dos três.

O alto cargo disse que, como política, eles escolheram priorizar o setor residencial e que estão "paralisando atividades econômicas" para garantir a geração de energia para a população, um esforço que, por outro lado, não é visível considerando os 1.678 MW de apagões que estavam previstos para esta mesma quinta-feira.

O primeiro-ministro afirmou que em um contexto de marcada escassez de combustível como o atual "a ausência de gás para cozinhar produziu um aumento da demanda elétrica" e dificultou ainda mais o panorama.

Soluções?

Alfredo López, diretor geral da União Elétrica (UNE), informou que, no caso da escassez de combustível, a partir desta sexta-feira a situação deve melhorar com a descarga de um navio de fueloil que será entregue às plantas, e de maneira adicional serão situadas outras 2.000 toneladas de diesel aos motores.

No entanto, a médio e longo prazo, segundo Marrero, a solução para a recorrente crise energética em Cuba passa por “eliminar a dependência dos combustíveis fósseis, substituindo-a por energia limpa”; ao mesmo tempo que apontou que se prevê uma contribuição de cerca de 900 MGW em 2025 a partir dessa energia fotovoltaica e de natureza renovável.

Adicionou que não vai “limitar a população que melhore a qualidade de vida”, embora tenha avançado que se espera um aumento nas tarifas elétricas para o setor privado.

“Estamos analisando que cresceram as formas de gestão não estatal pagando tarifas subsidiadas sem controle”, apontou, embora não tenha feito outras precisões sobre o tema.

Outro dos destaques da noite foi o anúncio de que as termelétricas Felton e Guiteras, dois dos blocos mais importantes do sistema, a curto prazo deverão fazer uma parada técnica de manutenção "para recuperar a capacidade de projeto de ambas as plantas", embora não tenham sido antecipadas datas.

Alfredo López indicou, além disso, que a geração térmica se comporta dentro dos parâmetros para o período e que as dificuldades se concentram na distribuída e na móvel. Estas últimas foram afetadas por problemas de combustível com carências que atingiram, nesta quinta-feira, cerca de 800 MW.

Ambos funcionários admitiram que os problemas atuais poderiam perdurar por mais de dois anos devido ao deterioramento atual das termoelétricas, à escassez de combustível e à crise econômica que imerge a nação.

Como é habitual, fizeram um apelo à cidadania para que adotem medidas de economia de energia e considerem o uso de energias alternativas e painéis solares.

Em uma mensagem postada nas redes sociais pouco antes das 16h, o governante Miguel Díaz-Canel publicou no X que havia orientado Marrero Cruz e outros membros do gabinete a realizarem uma comparecimento especial para abordar a "situação de emergência energética que atravessa o país".

“O complexo cenário pelo qual estamos passando tem sua causa principal no agravamento da guerra econômica e da perseguição financeira e energética dos Estados Unidos, o que dificulta a importação de combustível e outros recursos necessários para essa indústria”, escreveu o mandatário.

A comparecência de Manuel Marrero Cruz e dos diretores do Ministério de Energia e Mineração estava prevista para começar às 20h30, mas foi atrasada devido a supostos "problemas de enlace com Santiago de Cuba", província onde se encontrava o primeiro-ministro.