A morte violenta do reguetonero José Manuel Carbajal Zaldívar (El Taiger) comoveu os cubanos há poucos dias. Para entender essa tragédia absurda, muitas pessoas buscam respostas em aspectos de sua vida privada, de seu comportamento social em Miami e de suas crenças religiosas.
Os seguidores de El Taiger fizeram referência à carga mística de algumas de suas canções. Há quem afirme que ele previu sua própria morte, na letra e no videoclipe de "El Sano".
No entanto, nas crenças de El Taiger há outras questões que são ainda mais impressionantes e abrem o complexo debate do sincretismo religioso em Cuba.
El Taiger acreditava em Deus e era filho de Babalú Ayé (São Lázaro).
Em uma entrevista que ofereceu há poucos meses ao canal do YouTube Lo de nosotros no tiene nombre, El Taiger confessou que acreditava em Deus e reconheceu com orgulho ser filho de São Lázaro, Babalú Ayé na religião Yoruba.
"Sou muito crente em Deus, mas se você me pedir os detalhes da minha religião Yoruba, posso te dar. Sou filho de San Lázaro, meu signo é Irete Lazo. Tenho caminhado por este mundo a ponto de não depositar a fé em Deus, mas acredito nele porque vi o Diabo, ou melhor, vi as pessoas", disse e fechou seu comentário com um toque de humor: "Isso coloca em um podcast".
O que significa o signo Irete Lazo (Irete Iroso)?
Naquela entrevista, El Taiger revelou um detalhe muito importante, disse seu oddun no sistema de adivinhação de Ifá: Irete Lazo.
Este signo, entre outros aspectos, adverte a quem o carrega sobre a importância de estar atento porque o perigo espreita, e deve ter bem identificados os inimigos.
Após a morte de El Taiger, o babalawo cubano Alain Ifa Tola Oye Emi, residente nos Estados Unidos, pediu aos sacerdotes de Ifá próximos ao falecido músico que estudem todas as informações sobre o signo Irete Lazo.
Alain considera que se os rituais pertinentes forem realizados, os culpados deste doloroso caso de assassinato virão à tona e a justiça será feita.
"Há um caminho nesse signo que se chama 'A Armadilha a Orunmila' e está descrevendo praticamente o que aconteceu com El Taiger. (...) Estavam vigiando-o porque tinham inveja dele. (...) El Taiger sempre soube quem eram seus inimigos", disse o sacerdote.
O pataky ao qual Alain se refere narra como os traidores conheciam todos os costumes de Orunmila e cavaram um túnel sob sua casa para matá-lo com fogo.
Esta história se relaciona com o caso de homicídio de El Taiger porque há indícios de que havia combustível no local onde seu corpo foi encontrado, e as pessoas presentes no momento de sua morte eram próximas ao artista.
Nas redes sociais, aqueles que acompanharam este caso com atenção consideram que La Tranka de Cuba pode ter sido vítima de uma armadilha, preparada com tempo para acabar com sua vida.
"Não eram um, nem dois, no mínimo eram quatro pessoas. Escutem que isso é Ifá, estou lhes dando a luz", advertiu o babalawo e pediu unidade entre os sacerdotes para que, com seus rituais e crenças ancestrais, promovam que se faça justiça no caso da morte de El Taiger.
O pataky da "Trampa a Orunmila"
Orunmila (Orula) vivia em uma casa de madeira e tinha muitos inimigos. Estes, ao perceberem que ele sabia tudo porque era um grande adivinho, decidiram incendiar seu ilé (casa de oração).
Desde a entrada da casa, cavaram um túnel subterrâneo até o quarto de Orunmila, sem que ele percebesse. Através de uma fresta no chão, observaram onde ele se sentava todos os dias para consultar o oráculo.
Sob essa sala, colocaram quatro vigas fortes para evitar que o piso colapsasse, encheram o espaço com lenha, lixo, tecidos e atearam fogo.
Osun estava situado à direita de Orunmila e começou a se mover por causa do calor. Ao notar esse movimento, Orunmila virou Osun em sua direção e este lhe revelou que havia uma armadilha com fogo.
Orunmila disse algumas orações e usou alguns cubos de água sagrada para apagar o incêndio. Em seguida, pegou uma barra nas mãos e com todas as suas forças bateu no chão.
O fumo começou a sair e, quando a névoa se dissipou, apareceram os inimigos de Orummila, que, ao se verem descobertos, se entregaram dispostos a que ele decidisse seu destino.
Orunmila, em vez de castigá-los, pediu que aprendessem Ifá para que pudessem alcançar o conhecimento que ele possuía e deixassem de sentir inveja. A partir desse momento, Orunmila compreendeu que Osun era um santo com a missão de avisá-lo e protegê-lo de qualquer perigo. (Tomado da web Osha e Ifá)
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