Regime cubano rejeita apelação de cinco manifestantes de Caimanera

Os encarcerados, todos homens, ainda poderiam recorrer a um procedimento especial de revisão perante o Tribunal Supremo ou perante o Ministério da Justiça.

Manifestantes de Caimanera © Facebook
Manifestantes de CaimaneraFoto © Facebook

Um tribunal cubano rejeitou o recurso de cinco manifestantes de Caimanera, Guantánamo, que foram condenados a penas de dois a oito anos de prisão por sua participação nas protestas de 2023.

De acordo com a agência EFE, as rejeições, confirmadas na terça-feira, somam-se a uma longa lista decidida pelo regime após as manifestações que abalaram o país nos últimos anos.

Em maio do referido ano, os jovens marcharam pelas ruas de Caimanera, uma localidade contígua à base naval dos Estados Unidos, gritando "Liberdade" e exigindo melhores condições de vida.

As autoridades cubanas inicialmente desestimaram a protesto, alegando que tinha sido um ato de "indisciplina" causado por pessoas sob o efeito do álcool. No entanto, as condenações que se seguiram foram severas, com acusações de desordem pública, incitação ao crime e atentado.

Giselle Morfi, chefe da equipe jurídica da Cubalex, uma ONG de direitos humanos com sede em Miami, Estados Unidos, confirmou que a apelação foi indeferida e que as sentenças originais, que variam entre dois e oito anos, serão mantidas.

Agora, como próximo passo, os encarcerados, todos homens, ainda poderiam recorrer a um procedimento especial de revisão perante o Tribunal Supremo ou perante o Ministério da Justiça.

Victoria Martínez, mãe de dois dos condenados, denunciou as duras condições que enfrenta o povo de Caimanera, onde a crise econômica se agravou desde as protestas, expôs o referido meio de comunicação.

"A situação em Caimanera está bem péssima", afirmou, descrevendo cortes diários de eletricidade e uma grave escassez de alimentos. Essas dificuldades estão inseridas em uma crise econômica nacional que inclui a falta de medicamentos e combustível, exacerbada pelo colapso financeiro que atravessa Cuba há três décadas.

Em 2023, o Tribunal Popular Municipal de Niceto Pérez condenou Daniel Álvarez González a oito anos de prisão, um ano a menos do que o solicitado pela Promotoria, por acusações de incitação a delinquir e desordens públicas.

Luis Miguel Alarcón Martínez e Freddy Sarquis González receberam sete e cinco anos de prisão, respectivamente, pelos mesmos crimes.

Por sua parte, Rodolfo Álvarez González foi condenado a quatro anos de prisão por desordens públicas, enquanto Felipe Octavio Correa Martínez recebeu uma sentença de dois anos de prisão pelo delito de atentado.

Yandri Pelier Matos foi absolvido após a declaração de testemunhas da defesa que provaram sua não participação na protesto.

As condenações de Caimanera fazem parte de uma estratégia mais ampla do governo cubano para silenciar o descontentamento popular. As autoridades já haviam condenado cerca de 500 pessoas por sua participação nas históricas protestas de 11 de julho de 2021, nas quais milhares de cubanos saíram às ruas em toda a ilha para exigir liberdades e melhorias sociais.

Organizações de direitos humanos como Justiça11J, com sede no México, documentaram mais de 1.500 prisões relacionadas a esses protestos, com 607 pessoas ainda na prisão e dezenas condenadas pelo crime de sedição, uma acusação de natureza política utilizada para reprimir a dissidência.

Este rejeição aos recursos reforça a percepção de que o regime cubano está decidido a evitar futuras manifestações, utilizando as sentenças como advertência à população.

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