Morre "de maneira repentina" o general cubano Ramón Espinosa Martín, vice-ministro primeiro das FAR

Ramón Espinosa Martín tinha 85 anos no momento de sua morte.

Ramón Espinosa Martín siendo condecorado por Fidel Castro (i) y Ramón Espinosa Martín (d) © Collage Cubadebate
Ramón Espinosa Martín sendo condecorado por Fidel Castro (i) e Ramón Espinosa Martín (d)Foto © Collage Cubadebate

O General de Corpo de Exército Ramón Espinosa Martín, primeiro vice-ministro das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), faleceu na tarde desta terça-feira aos 85 anos.

A nota oficial das FAR, replicada na imprensa, não precisou a causa do falecimento e limitou-se a indicar que morreu "de maneira repentina".

Captura de Facebook/Lázaro Manuel Alonso

Além de seu cargo nas Forças Armadas, Espinosa Martín era membro do Buró Político do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (PCC) e deputado na Assembleia Nacional do Poder Popular.

Ostentava também os títulos de Herói da República de Cuba e do Trabalho, conforme informou a breve nota oficial, que fez alusão à sua “brilhante folha de serviços à Pátria e às FAR”.

O cadáver do general octogenário será cremado e as cinzas depositadas na sala Granma do Ministério das Forças Armadas Revolucionárias até que sejam realizadas as honras fúnebres.

O governante Miguel Díaz-Canel lamentou, através de uma publicação no X, o falecimento do alto cargo militar cubano.

"Com profundo pesar pela partida física do general de Corpo de Exército Ramón Espinosa Martín. Abraço seus companheiros das FAR e seus familiares e amigos. O lendário herói de Cabinda continuará inspirando os valentes militares cubanos. Até sempre, querido companheiro", escreveu Díaz-Canel.

Nascido em 12 de março de 1939 em uma família camponesa em Camajuaní, antiga província de Las Villas, Espinosa Martín se integrou à luta clandestina contra Fulgencio Batista nos anos 50 como parte do Movimento 26 de Julho.

Depois, uniu-se à guerrilha do Diretório Revolucionário 13 de Março na Serra do Escambray e chegou a ser o segundo chefe do Comando “Menelao Mora”.

Após 1959, permaneceu no Exército, realizou estudos militares em Cuba e na União Soviética e foi ascendendo progressivamente no âmbito das FAR.

Na guerra de Angola, foi chefe dos instrutores cubanos em 1975, onde liderou a conhecida batalha de Cabinda, na qual ficou gravemente ferido.

Posteriormente, foi chefe da missão militar cubana na Etiópia entre 1980 e 1982.

Ao seu retorno, foi nomeado Chefe do Exército Oriental, cargo que ocupou por mais de vinte anos.

No currículo de Ramón Espinosa Martín consta que ele presidiu o tribunal militar que condenou à morte o general Arnaldo Ochoa e impôs altas penas de prisão para outros altos oficiais em 1989.

Em 2001, Espinosa Martín foi promovido a General de Corpo de Exército, a mais alta patente depois de General de Exército, e em 2009 foi designado vice-ministro das FAR. Em 2021, assumiu o cargo de vice-ministro primeiro.

Membro do Comitê Central do PCC desde 1980, fazia parte do Buró Político desde 1997 e foi deputado da Assembleia Nacional durante várias décadas.

Foi autor de dois livros sobre suas experiências na batalha de Cabinda e a luta guerrilheira em Cuba, e recebeu numerosas condecorações.

A morte de Ramón Espinosa Martín se soma à de outros quatro generais cubanos: Romárico Vidal Sotomayor, Juan Antonio Hernández Hernández, Jorge Luis Guerrero Almaguer e Juan Israel Cervantes Tablada.

O falecimento de velhos generais cubanos como Ramón Espinosa Martín e outros "históricos" expõe a urgência de uma troca de geração que poderia abrir o caminho para as mudanças que o país tanto precisa.

Esses altos comandos, formados na rigidez ideológica e militar de um sistema que manteve Cuba em um estancamento político e econômico, simbolizam um passado que sufocou qualquer tentativa de abertura ou reforma significativa.

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