Depois que o regime publicou a lista com 125 atividades econômicas proibidas para as formas econômicas não estatais, gerou-se uma grande polêmica em torno da proibição ou não do chamado “pacote semanal”.
O listado, publicado na Gaceta Oficial da República de Cuba No. 78 de 2024, provocou que o oficialista Periódico 26, de Las Tunas, se apresentasse diante dos especialistas da Direção Municipal de Trabalho com a interrogação: “¿Se acabarão o pacote semanal e as novelas turcas?”.
Embora o portal web tenha publicado o post originalmente em sua página do Facebook, depois o retirou. No entanto, Raudel Rodríguez, jornalista oficialista da emissora provincial Radio Victoria, reproduziu o texto na íntegra em suas redes sociais e acrescentou algumas reflexões.
De acordo com o texto compartilhado, os especialistas da Direção Municipal de Trabalho explicaram que o decreto 107 (Das atividades não autorizadas a serem exercidas pelas micro, pequenas e médias empresas privadas, cooperativas não agropecuárias e trabalhadores por conta própria) inclui em seu anexo 1, seção I, parágrafo 62 entre as atividades proibidas a “Criação de selos discográficos, editoras musicais e entidades para a comercialização de discos e outros suportes fonográficos (5920)”.
No entanto, os funcionários apontaram que “logo em seguida a própria norma especifica que se excepcionam dessa proibição as ‘licenças para vendedores de discos já aprovadas’”.
O texto compartilhado pelo jornal oficialista esclarece que: “Até agora, os trabalhadores autônomos que prestam o serviço de cópia de diferentes materiais audiovisuais o fazem amparados pela licença para exercer a atividade de vendedor de discos”.
No entanto, o decreto esclarece que “não serão emitidas novas licenças para vendedores de discos”, apontou o Periódico 26.
O jornalista Raudel Rodríguez apontou uma consideração pessoal sobre o novo decreto: “O pacote se mantém. O que não se autorizará são novas licenças para vendedores de discos (neste caso, aqueles que realizam gravações de materiais audiovisuais)”.
Em relação à polêmica que envolve o famoso “pacote semanal”, e ao post original do Periódico 26, o influenciador Edmundo Dantés Junior apontou no Facebook: “O decreto deixa bem claro que não serão emitidas novas licenças de ‘vendedores de discos’. Mas não diz absolutamente nada do pacote semanal”.
O perfil também acrescentou: “Então não sei se é que nunca iam tirar e entendemos mal (por culpa da sua redação), ou se é que os jornalistas não comeram o suficiente para analisar que não responderam à pergunta”.
Por último, ironizou: “Quem compra discos de música? O que é isso, 1984?”, sugerindo o absurdo do novo decreto, que parece estar desconectado dos hábitos de consumo cultural atuais e de como os conteúdos circulam na sociedade.
Além disso, evidencia que o regime busca controlar a distribuição do “pacote semanal” limitando a emissão de novas licenças.
No ano passado, o governante Miguel Díaz-Canel disse que o conteúdo desse “pacote semanal” constituía uma "preocupação", pelo que defendeu a introdução de histórias de produção nacional no mesmo.
Não é apenas o tema dos "telefones", poderia haver mais preocupações, tudo que nos chega pelo pacote, por um filme, e “vamos deixar de ver filme, vamos deixar de usar o telefone?”, questionou em um encontro com parlamentares cubanos.
Em 2018, o regime introduziu a censura nesta iniciativa, ao proibir alguns programas de televisão realizados em Miami, e alguns espaços informativos, entre eles os telejornais da Telemundo e o da Univisión 23. Também foi eliminado então o programa TN3, apresentado pelo apresentador cubano Carlos Otero.
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