O regime cubano desterrou na quarta-feira, 10 de setembro, o opositor Jorge Cervantes García, sem que sua família soubesse e em um processo caracterizado pelo secretismo.
Cervantes García, pai de dois filhos pequenos, foi desterrado sem aviso prévio, segundo denunciou o Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH). O opositor foi escoltado pelas autoridades até embarcar em um avião e ainda se desconhece seu destino.
Informou que dará mais detalhes quando considerar oportuno, de acordo com uma publicação nas redes sociais do OCDH.
Cervantes, expresso político e membro da opositora União Patriótica de Cuba (UNPACU), é uma peça incómoda para a ditadura cubana devido às suas denúncias nas redes sociais. Por isso, tem sido um alvo frequente da Segurança do Estado e tem enfrentado ameaças e encarceramentos.
Em fevereiro passado, enviou uma mensagem contundente ao regime castrista, na qual denunciou a falta de liberdade, o aumento da repressão e a escassez generalizada que atinge a população.
Cervantes García afirmou que o governo pode abrir de uma vez por todas as portas para a democracia, "para que todos, não apenas aquele grupinho, possamos ter o que custou tanto sangue e tanto sacrifício".
Também, em março deste ano, foi detido de forma arbitrária e, como protesto, iniciou uma greve de fome para exigir sua libertação.
O nome deste opositor se soma ao de outras pessoas que o regime qualificou de incômodas e levou até este limite de separá-las de seu país, de sua cultura e de sua família de maneira arbitrária.
O que disseram outros opositores cubanos sobre seu exílio da ilha?
Os nomes de nacionais cubanos que vivem no desterro aumentam uma lista considerável. Muitos deles expressaram suas opiniões sobre a obrigatoriedade de viver fora de seu país.
O jornalista independente cubano Héctor Valdés Cocho, desterrado em 2021, criticou que o governo cubano aplicasse o desterro como outro método para “punir” aqueles que discordam da ideologia castrista.
“O desterro tem que deixar de ser um método de castigo por discordar. Ninguém deveria ter que experimentar a saída forçada de sua terra pelo simples fato de querer salvá-la. Um governo que utilize ou pratique essas ações aberrantes deixa de ser governo para se tornar uma ditadura”, refletiu em seu perfil no Facebook na ocasião.
Sobre o tema, o escritor cubano Carlos Manuel Álvarez, desterrado em 2022, disse: "Embora a gente suspeite disso de antemão, ou vá bastante consciente de que esse poderia ser o resultado imediato, isso me causou consternação. Foi uma espécie de golpe, porque obviamente uma coisa é a possibilidade do fato e outra coisa é o fato em si".
As ativistas Anamely Ramos e Omara Ruiz Urquiola também foram desterradas pelo regime, e a esses fatos Álvarez se referiu como formações de uma “narrativa sistêmica e de métodos repressivos que duram décadas e afetaram dezenas de milhares de cubanos. Na história mais recente estão os casos já tristemente naturalizados, de médicos e pessoal de saúde em geral ou profissionais do esporte que desertaram”, comentou.
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