Cubana da ilha sobre a atitude de alguns familiares em relação aos emigrantes: "Pede, pede, pede e pede"

"O cubano que vive em Cuba acredita que nos Estados Unidos você dá um pontapé e saem $100", a reflexão viral de uma cubana da ilha.


A criadora de conteúdo Azúcar de Cuba, conhecida como Chiruza no TikTok, refletiu desde a ilha sobre as expectativas econômicas que muitos cubanos têm em relação aos seus familiares emigrados.

Ao longo do vídeo, que acumula milhares de curtidas, a tiktoker @www.tiktok.com.azucar expressou sua opinião sobre como muitos em Cuba acreditam que viver no exterior é sinônimo de riqueza.

Em sua reflexão, questionou por que muitos cubanos na ilha pediam insistentemente dinheiro a seus familiares que haviam emigrado e lançou uma pergunta àqueles que padecem tal situação: "Vocês ainda não se perguntam por que os familiares pedem e pedem, e pensam que vocês sempre têm dinheiro?".

A tiktoker que, segundo contou, vive em Cuba e não tem familiares fora do país, respondeu à sua própria pergunta expondo o que considerava uma mentalidade equivocada que ainda persiste na ilha. "O cubano que vive em Cuba ainda tem a mentalidade de que todo mundo que está nos Estados Unidos tem dinheiro, de que os Estados Unidos são um país milionário e que você dá um chute e saem $100", expressou com contundência.

Em sua análise, explicou que essa percepção errônea se agravava porque muitos emigrados publicavam fotos em redes sociais que não refletiam sua verdadeira situação econômica: "Tiram fotos com o último carro [...] cheio de correntes, e vivem em um eficiência".

Nesse sentido, destacou a importância de que aqueles que vivem fora falem com clareza sobre suas dificuldades financeiras: "Eles precisam fazer a família entender que não têm, que se pode ajudar quando se pode", recomendou, enfatizando a pressão que muitos sentiam pelas expectativas de seus familiares.

Em seu vídeo, também se solidarizou com quem se encontrava nessa situação, apontando que nem todos na ilha compreendiam as dificuldades de viver no exterior. "Eu sei como se vive nos Estados Unidos, não sou uma cubana que pensa que você tem uma passagem e sai com $100", disse, esclarecendo que conhecia a realidade fora da ilha apesar de não ter familiares emigrados.

Além disso, destacou que a cultura familiar cubana de apoiar, envolver-se e pensar sempre nos seus era um fator que tornava mais crítica essa situação, "o cubano é o único que pensa na família, mãe, pai, tio, prima, bisneto, tataraneto", e por isso sugeriu que os emigrados priorizassem a família que haviam criado em detrimento das expectativas de outros familiares. Com seu estilo franco, sentenciou: "Os cubanos que estão aqui em Cuba estão equivocados porque têm tanta sujeira enraizada dentro deles que pensam que nos Estados Unidos as árvores dão cerveja".

Como era de se esperar, dado o quão sensível é o tema, o vídeo gerou um intenso debate na plataforma, com centenas de usuários compartilhando suas próprias experiências e opiniões: "Açúcar, o pessoal de lá não considera os sacrifícios que são feitos aqui"; "E quando você diz que agora não pode, eles ficam até bravos com você"; "Uau, é a primeira vez que vejo um cubano de lá falando essas verdades", "Eu não te seguia, mas agora te sigo, nunca ninguém falou tão claro como você"; "Aqui se paga tudo até o ar que se respira"; "Eu estou aqui há 30 anos e sempre falei a verdade, sempre expliquei como é a vida aqui"; "Eu não mando ninguém, eles vivem como o jacaré, com a boca aberta"; "Meus pais são a única coisa que tenho em Cuba, é o que me dá força para trabalhar", opinaram alguns.

"A especulação dos cubanos daqui faz pensar os de lá que aqui a vida é fácil"; "Mas a culpa é de quem está aqui que engana quem está em Cuba, dizendo que aqui o dinheiro se colhe nas árvores"; "A culpa é de quem está aqui, que não sabe educar quem está lá, o favor não é obrigação"; "O problema do cubano é que vão a Cuba para especular muito, e falam mais do que têm e eu tenho e eu sou", acrescentaram outros.

Outros, em contrapartida, expressaram alívio por não estarem na situação que descrevem: "Graças a Deus minha família não me pede nada, eu dou o que posso e eles são super agradecidos"; "Eu aprendi que aqui um já não é família, é caixa eletrônico, e graças a Deus não tenho problemas com minha mãe e minha irmã, que não reclamam, mas de lá pra cá é melhor nem falar". No entanto, também houve depoimentos de quem teve que se distanciar de seus familiares devido à pressão constante: "Eu trabalho, trabalho e trabalho e sempre estou como em fevereiro, sem dinheiro, e não fumo, não bebo, mas tenho dívidas até o teto".

Você já enfrentou uma situação similar com seus familiares em Cuba? Compartilhe sua experiência nos comentários.

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