O ator cubano Omar Alí se viu diante do perigoso desafio de definir seu conceito de liberdade em uma entrevista, e a resposta que deu não foi bem recebida por centenas de internautas, que não hesitaram em questioná-lo.
Basicamente, Alí disse que a liberdade é pessoal, que ele pode ser tão livre quanto quiser, e que ser livre não está vinculado à política.
A entrevista remonta a inícios de agosto, mas nas últimas horas se viralizou após ser resgatada no Facebook pelo criador de conteúdos Alejandro Cruz, de onde o fragmento saltou para as redes gerando ampla polêmica.
“Mira, liberdade, eu penso que a liberdade antes de tudo é individual, é de um, é pessoal e um é tão livre quanto deseja e quanto é e quer. É uma palavra grande, muito manipulada”, disse Alí em resposta à sua entrevistadora, a atriz Maikel Amelia, para o programa "Cara a cara", do canal de YouTube La Familia Cubana.
“Um é livre quando é capaz de fazer e sentir o que deseja fazer e sentir”, acrescentou o ator; quem a seguir apontou que a liberdade “não tem a ver com a política”, mas sim com um mesmo.
“A liberdade é pessoal e há uma tendência no mundo de não respeitar as liberdades pessoais, porque eu não tenho que pensar como ninguém mais. Eu penso como eu penso, e a única coisa que eu quero é que você respeite esse critério”, reiterou.
Omar Alí aproveitou para criticar aqueles que promovem a liberdade, mas quando você diz algo que não está a favor de seu critério de liberdade, saltam.
“Isso já não é liberdade, é um bluff político e absurdo, mas isso não é assunto meu. Eu sou livre, eu, Omar”, concluiu.
Embora entre as centenas de opiniões expressas nas últimas horas muitos acreditem que, em essência, o que disse tem um certo grau de veracidade, criticam que ele ignorou alguns aspectos básicos do que é viver em liberdade.
Alí passou por alto que os seres humanos vivem em sociedade: isso quer dizer que, embora possam ser seres que pensam em liberdade, essa liberdade deixa de se manifestar quando são obrigados a agir sob algum tipo de submissão para não perder sua liberdade física.
Isso soará familiar para Alí de alguma coisa? Ah, não, que a liberdade não tem a ver com política, segundo o ator.
O fato de ser conhecido por interpretar um Major do Ministério do Interior (MININT) em "Tras la Huella" acabou por fechar o assunto e gerou uma ampla gama de reações, desde piadas até críticas acaloradas, nas quais não faltou o qualificativo de "desonroso" para sua resposta.
“Cada um pode pensar como quiser, mas dizer que você é livre para fazer o que quiser em Cuba é difícil de acreditar. Existe uma ditadura que impõe as normas e você é obrigado a cumpri-las, goste ou não”, apontou um internauta.
“Você foi muito morno com essa afirmação. A liberdade é individual, sim, mas também é ter a coragem de denunciar quando um governo tirano corta essas liberdades”, apontou outro.
"Ele é livre enquanto não mexer com os poderes da ditadura. Que ele se posicione no meio da rua e grite: ¡Abaixo Biden!, ¡Abaixo Milei! e que depois grite ¡Abaixo o comunismo!, ¡Abaixo Díaz-Canel, vamos ver quão livre ele é", escreveu a ativista Iliana Hernández.
"Macho, a minha filha a ensinam sem outra opção a ler com textos de Fidel, Camilo e o Che. Você acha que isso é liberdade? Você acha que isso é respeitar o pensamento dos outros? Ela deve gritar todas as manhãs que é uma pioneira comunista que quer ser como o Che. Você acha que isso é liberdade? Por que você não fala diretamente sobre isso em vez de ficar dando voltas sem dizer nada", questionou por sua parte o advogado Manuel Viera.
“A liberdade é individual, mas para exercê-la, nenhum poder deve restringi-la; caso contrário, não é liberdade”, sentenciou Sasha Borrego.
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