Primeiro-ministro afirma que em cinco anos a situação em Cuba será "mais favorável"

Manuel Marrero, em uma entrevista na televisão iraniana Hispan TV: "Nunca prometemos ao nosso povo o que não vamos poder dar"


O primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero, afirmou em uma entrevista concedida à televisão iraniana Hispan TV que em cinco anos vê Cuba "em uma situação muito mais favorável". Segundo explicou, o regime está convencido de que o caminho que traçou, embora "muito duro" e "muito difícil", terá seus frutos porque "a revolução passou por momentos mais difíceis e conseguiu a vitória".

Para isso, contam com a ajuda internacional dos "aliados", disse em referência a países como Venezuela, mergulhada em uma crise política após a fraude eleitoral; Irã, enredado no conflito com Israel ou Rússia, envolvida na guerra da Ucrânia.

"Nunca prometemos ao nosso povo o que não vamos poder dar", sentenciou o primeiro-ministro, assegurando que "irão pouco a pouco" e "a passo firme", "enfrentando todos os desafios", "até a vitória sempre" e seguros de que vão "avançar", acrescentou em uma entrevista na qual também abordou temas de atualidade como o apoio incondicional cubano ao fraude de Maduro na Venezuela.

Marrero fez estas declarações, das quais o programa Mesa Redonda se fez eco, durante uma visita "de trabalho" ao Irã (de 29 a 31 de julho) e a Angola. Neste último país, foi recebido pela secretária de Estado para Administração, Finanças e Patrimônio, María Fragoso Pascual Ramiro, (cargo inferior ao de ministro) e pela embaixadora de Angola em Cuba, María Cándida Teixeira. Acompanhou Marrero, entre outros, o vice-ministro primeiro das Forças Armadas, o general de Corpo de Exército, Ramón Espinosa Martín, e o presidente Executivo da Corporação Antex S.A., Carlos Santiago Martínez Rodríguez.

O primeiro-ministro liderou a delegação cubana que participou na cerimônia de posse do presidente do Irã, Masud Pezeshkian, no dia 30 de julho passado. Também, segundo o Minrex, se reuniu com empresários deste país e com grupos de solidariedade ao regime cubano.

Convidado à Mesa Redonda, o embaixador Carlos Miguel Pereira, diretor geral de Assuntos Bilaterais do Ministério das Relações Exteriores cubano, qualificou a visita de Marrero ao Irã como "histórica" porque é a primeira que realiza na qualidade de primeiro-ministro e também porque dá continuidade a um ano "histórico" nas relações entre os dois países, como foi 2023, com uma visita de Estado de Miguel Díaz-Canel, em dezembro do ano passado, depois que o falecido presidente iraniano Ebrahim Raisi visitou Cuba e assinou na Ilha um "número importante" de acordos.

Basicamente, esta visita de Marrero buscava ratificar todos esses acordos, embora o regime o disfarce dizendo que foi para "ratificar a vontade" de Cuba de continuar colaborando com o governo iraniano, algo que Marrero teria feito, segundo Carlos Miguel Pereira, durante seu encontro com o novo presidente Pezeshkian.

A opinião de Marrero de que dentro de cinco anos Cuba estará melhor se soma ao rosário de promessas do Governo cubano que não se cumpriram durante o primeiro semestre de 2024. Longe de reconhecer o fracasso, o Executivo prometeu novas projeções na segunda metade do ano.

“O sistema de trabalho tem que mudar, não pode ser o mesmo que tínhamos no primeiro semestre”, disse Marrero em uma reunião do Conselho de Ministros, incluindo nessa mudança a eterna batalha contra a burocracia e a lentidão dos trâmites na Ilha.

No início deste ano, enquanto crescia a preocupação do povo cubano com o aumento dos preços do combustível e de serviços como transporte, eletricidade e gás liquefeito, Miguel Díaz-Canel continuou dizendo que eles vão triunfar e vencer.

Em abril passado, o mandatário cubano prometeu "tempos melhores" com "esforço e resistência criativa". Mas esses tempos não parecem estar próximos, considerando que o turismo, um dos principais setores que gera receita para o país, continua sem se recuperar, com uma nova queda anual de janeiro a julho deste ano.

Sessenta e cinco anos depois de sua chegada ao poder, os comunistas cubanos continuam com as mesmas promessas, que deixaram cifras recordes de emigração no último ano e a previsão de que, em 2100, a população da Ilha diminuirá para 6 milhões de pessoas.

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Tania Costa

(La Habana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e a FaroTV Melilla. Foi chefe da edição murciana de 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-presidência do Governo de Murcia (Espanha).


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