Apesar de o regime cubano investir 14 vezes mais em turismo do que em saúde pública e assistência social, a chegada de visitantes não repunta na Ilha, o que dificulta o objetivo de recuperar os números pré-pandemia, já que em 2019 chegaram ao país 4,2 milhões de turistas. Segundo os dados publicados pelo Escritório Nacional de Estatísticas e Informação (ONEI), Cuba registrou 1.905.644 viajantes de janeiro a julho de 2024, números que ficam abaixo dos contabilizados no mesmo período do ano passado. No total, nos sete primeiros meses deste ano, chegaram à Ilha 15.263 viajantes a menos.
Para que se entenda, as autoridades cubanas fazem uma distinção entre viajantes (todas as pessoas que se deslocam de um país para outro) e visitantes estrangeiros. Isso significa que no dado de 1,9 milhões de viajantes estão incluídas todas as pessoas que entraram no país provenientes de outro país e que não necessariamente são turistas. Na verdade, o dado exato de turistas seria 1,4 milhões.
Se esse raciocínio for aceito, dos 1,9 milhões de viajantes recebidos, a maioria são estrangeiros (1.463.097), mas é justo o turismo internacional que mais caiu de um ano para o outro. No total, a ONEI fala de um descenso de 26.230 visitantes provenientes de outros países. Principalmente, o Escritório de Estatística coloca no top ten por nacionalidades que escolhem Cuba para suas férias canadenses, cubanos residentes no exterior, russos, americanos, alemães, mexicanos, espanhóis, franceses, argentinos, italianos e "outros", nessa ordem.
Em qualquer caso, olhe como olhar, os dados de janeiro a julho não são bons. Tudo aponta que o mês passado foi ruim para o turismo, uma vez que até junho os números, embora ajustados, superavam os registrados em 2023. No primeiro semestre, chegaram à Ilha 1,6 milhões de viajantes (+ 18.845 que em 2023).
Por países, todos baixam, exceto russos, (+141%), mexicanos e argentinos, ambos com um 108% a mais. Dessa forma, entraram em Cuba de janeiro a julho deste ano 123.358 turistas procedentes da Federação Rusa (35.852 a mais do que no mesmo período de 2023); 35.086 mexicanos (2.764 a mais) e 28.978 argentinos (2.319 a mais).
De manter-se o dado de turistas russos chegados a Cuba, pode-se alcançar o objetivo de superar os 200.000 visitantes desta nacionalidade para este ano. Para isso, as autoridades da Ilha têm negociado com companhias aéreas para aumentar o número de voos provenientes da Rússia. Planejam atrair investidores e empresas hoteleiras desse país para o setor turístico cubano.
Embora o Canadá continue sendo o principal emissor de turistas para a Ilha, este ano foi notada uma queda anual de 7.911 visitantes. Isso pode se dever ao alerta feito pelo governo canadense sobre os riscos de passar férias em Cuba. As autoridades do principal país emissor de turistas recomendaram "redobrar a cautela", devido ao aumento da violência e da criminalidade, à escassez de itens de primeira necessidade, como alimentos, medicamentos e combustível, e ao deterioro das infraestruturas hoteleiras.
Da mesma forma, os cubanos residentes no exterior se mantêm como o segundo cliente do mercado turístico da Ilha, mas este ano registraram uma queda importante de 30.280 visitantes.
Também caiu muito o mercado espanhol, com 11.797 turistas a menos, sendo, de fato, o segundo que mais diminui. Em seguida, vem a Itália, com 5.520 viajantes a menos no mesmo período do ano passado.
Na tabela a seguir, que por motivos óbvios a ONEI não compara com 2019, que é o dado prepandemia com o qual se pode medir a recuperação na chegada de turistas, pode-se ver que o mês mais fraco do ano foi junho, com 134.948 turistas internacionais chegando a Cuba. O melhor dado corresponde a março, coincidindo com as férias da Semana Santa, que atraiu à Ilha 281.139 turistas.
Além disso, de acordo com o gráfico, os dados da alta temporada (primeiro trimestre do ano) superaram os registrados no ano passado, portanto, a queda ocorreu, principalmente, entre abril e julho.
A epidemia do Oropuche também não ajuda a atrair turismo para a Ilha. Neste mês de agosto, as autoridades de saúde dos EUA emitiram um alerta de nível 2 por vírus do Oropouche em Cuba e recomendaram que gestantes não viajem para o país. Apesar da falta de transparência do Ministério da Saúde Pública, os dados de falecidos por complicações têm circulado através das redes sociais. Assim, CiberCuba teve acesso ao testemunho de um pai que perdeu sua filha de 3 anos por um contágio, complicado por uma meningite.
Não ajudam também queixas como a da tiktoker argentina Georgi, que este mês denunciou as más condições em um hotel All Inclusive em Varadero, onde o buffet de comida carecia de variedade, a pizza não tinha queijo e os pães estavam "como uma pedra".
Justamente esta semana, a cubana Yanelys González fez uma denúncia pelo roubo de 70 mil pesos cubanos ocultos em sua bagagem, enquanto se hospedava no hotel Grand Memories Santa Maria, em Villa Clara.
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