A Federação de Mulheres Cubanas (FMC) reconheceu que no país houve um aumento dos feminicídios - embora se negue a usar esse termo e use o de femicídio - a partir da pandemia.
Em uma entrevista com Dania Rodríguez e Omaida Hernández, responsáveis pelas relações internacionais da organização, ambas admitiram que há um aumento da violência de gênero em Cuba e que falta sensibilização sobre o tema.
"Este ano e, sobretudo, a partir da pandemia, houve um aumento da violência de gênero, dos feminicídios", disseram à RojoyNegro Cgt, porta-voz da Confederação Geral do Trabalho (CGT) espanhola.
Com muita cautela, as diretrizes comentaram que nas delegacias de polícia é possível denunciar atos de violência, mas que "é preciso capacitar os profissionais que lá trabalham e conseguir que haja mais mulheres para atender as vítimas".
"O problema é que apenas 3% das mulheres vítimas denunciam", asseguraram.
Sem mencionar a crise econômica e social que atinge o país, as entrevistadas disseram que a FMC está "estudando as causas" do aumento dos assassinatos de mulheres e que a tarefa mais importante neste momento é empoderá-las.
"A primeira medida que se pode tomar contra as pessoas maltratadoras é que se as priva de liberdade até 30 anos e até com cadeia perpétua se forem reincidentes", sublinharam.
A FMC, defensora dos interesses do regime, tentou dissociar sua responsabilidade no aumento dos crimes contra mulheres dizendo que em Cuba se utiliza o termo femicídio e não feminicídio, pois este último define que as instituições são cúmplices através da violência institucional, "e afirmamos que as instituições cubanas não o são".
Na semana passada, uma jovem de 25 anos foi assassinada por seu ex-parceiro em Güines, município de Mayabeque, no que pode ser o feminicídio número 33 do ano em Cuba.
O fato ocorreu no bairro Leguina. A vítima, identificada como Saimí Hernández, mãe de um menino pequeno, recebeu três facadas.
Foi confirmado que o autor do crime foi um homem que havia sido seu parceiro e tinha um extenso histórico criminal.
Dias antes, a plataforma feminista independente YoSíTeCreo em Cuba elevou para 32 o número de feminicídios ocorridos em 2024, após verificar como tal a morte da adolescente de 16 anos Yenifer Vargas Gómez, apunhalada pelo ex-namorado em Santiago de Cuba.
O subregistro realizado pelo Observatório de Gênero Alas Tensas (OGAT) e YoSíTeCreo em Cuba até 14 de agosto era de 32 feminicídios, três tentativas de feminicídio, seis casos necessitando de acesso à investigação policial e dois assassinatos de homens por motivos de gênero.
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