Tribunais cubanos julgaram 110 feminicídios e 378 casos de violência sexual em 2023.

Em 2023, 110 mulheres foram assassinadas por seus parceiros em Cuba. O governo reconhece a violência machista, mas o feminicídio não está tipificado na lei.

Grafiti contra los feminicidios © Flickr/Lunita Lu
Grafite contra os feminicídiosFoto © Flickr/Lunita Lu

O Governo de Cuba confirmou nesta quinta-feira que 110 mulheres foram assassinadas por seus parceiros ou ex-parceiros em 2023.

Esta cifra foi divulgada pelo Observatório de Cuba sobre Igualdade de Gênero (OCIG) e refere-se apenas aos casos julgados no ano anterior, onde as vítimas tinham mais de 15 anos.

A estatística distingue entre os assassinatos "por motivos de gênero" (60) e aqueles que, embora cometidos por parceiros ou ex-parceiros, não foram julgados sob este agravo (50).

Em Cuba, o Código Penal em vigor desde maio de 2022 não contempla a figura do feminicídio.

Os dados oficiais indicam que Cuba terminou 2023 com uma taxa de 2,16 feminicídios para cada 100.000 mulheres. Esta informação, se comparada com os registros de 2022 do Observatório de Igualdade de Gênero da CEPAL, mostra a sexta taxa mais alta na América Latina e no Caribe.

Outro aspecto interessante na informação oficial é que os dados de 2023 superam os 88 feminicídios registrados pelas plataformas feministas independentes na ilha, como Yo Sí Te Creo e Alas Tensas durante o mesmo ano.

Até 2024, a imprensa oficialista cubana não costuma fornecer informações sobre assassinatos machistas, nem costuma usar termos como "feminicídio" ou "crime machista". No entanto, nos últimos meses, o governo reconheceu publicamente a gravidade do problema.

Em julho, o Conselho de Ministros de Cuba aprovou um sistema nacional para "registro, atenção, acompanhamento e monitoramento" da violência contra a mulher. É composto por 25 especialistas do Ministério do Interior e do Tribunal Supremo Popular.

O objetivo deste grupo governamental é desenvolver um "registro administrativo informatizado e interoperável" para gerenciar processos penais.

A procuradora-geral, Yamila Peña Ojeda, indicou que em Cuba 75% dos casos de violência machista ocorrem em casa e que essa tendência continua em 2024.

Setenta e dois por cento das vítimas têm entre 25 e 59 anos, e oitenta e quatro por cento dos agressores são parceiros ou ex-parceiros. Outro dado importante é que trinta e um por cento dos atacantes tinham antecedentes criminais de violência.

Há poucos dias, as organizações não governamentais Alas Tensas e Yo Sí Te Creo confirmaram o feminicídio número 31 em Cuba em 2024. Até 29 de julho, houve também 3 tentativas de feminicídio e seis casos que precisam de investigação policial.

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