Sem data de julgamento dez meses após o assassinato de um adolescente de 16 anos em Las Tunas.

Leandro Baro Lameiro faleceu no hospital, de um parada cardiorrespiratória, após ter sua perna amputada, onde recebeu uma facada. Há vários menores de idade em centros de reabilitação pelo assassinato. O adolescente que o esfaqueou tem família na Promotoria e estão "tirando documentos" para justificar o que fez, dizendo que está doente dos nervos. O entorno do falecido pede justiça.

Cedida © El adolescente apuñalado fue atendido en un policlínico el día de la agresión.
CedidaFoto © O adolescente esfaqueado foi atendido em um policlínico no dia da agressão.

Tinha apenas 16 anos e faleceu em novembro de 2023 após levar uma facada em uma perna. Dez meses depois, a família não conhece as conclusões da investigação policial. Só sabem que há vários menores internados em um centro de reabilitação, acusados da morte de Leandro Baro Lameiro. Nem mesmo sabem se haverá julgamento após o ocorrido. Até o momento, não há data para a audiência.

Ainda assim, o entorno do jovem pede justiça. "Eles o mataram cruelmente e não nos dizem nada sobre o processo; apenas que ainda está sob investigação". Do que aconteceu, muito pouco sabem os familiares do falecido. As amigas de Leandro Baro comentaram que o adolescente foi agredido por cerca de vinte pessoas, entre maiores e menores de idade.

A briga começou em um bar de Las Tunas, mas vinha de outra briga que ocorreu na escola secundária Wenceslao Rivero. Leandro Baro Lameiro recebeu uma única facada na parte inferior de uma perna e perdeu muita sangue. Os médicos de Las Tunas decidiram amputá-la para salvá-lo, mas, finalmente, o adolescente morreu de uma parada cardíaca, após ter superado uma anterior.

No bairro comenta-se que o rapaz que deu a facada está tendo sua família, que trabalha na Promotoria, tirando laudos psiquiátricos para que ele se livre da prisão. Dizem que ele tem "problema de nervos" para justificar o que fez.

Em um vídeo ao qual CiberCuba teve acesso, é possível ver em que condições Leandro Baro Lameiro chegou ao policlínico onde foi atendido. Ele estava completamente ensanguentado. Três rapazes da sua idade o carregavam nos braços.

As redes sociais se mobilizaram após sua internação no pediátrico de Las Tunas pedindo doações de sangue, mas não puderam fazer nada para salvá-lo. Durou uma noite e ao amanhecer do dia seguinte "entrou em parada". Faleceu no dia 1 de outubro de 2023, às 3h45.

A morte de Leandro Baro Lameiro não é um fato isolado. Na semana passada, Jancel Ríos Pérez, de 24 anos, faleceu após receber uma facada em Sancti Spíritus. Também na semana passada, morreram outros dois jovens cubanos: Flavio Alonso Piedra, de 20 anos, encontrado morto na unidade onde fazia o Serviço Militar em Baracoa, e Usiel Quesada Florat, apunhalado nas costas em Camagüey.

O think tank Cuba Siglo XXI identificou 2023 como o ano em que o regime reconheceu a criminalidade como um problema nacional, sendo os meses de julho e junho os mais violentos. "Dos 649 crimes reportados, 265 foram roubos, 199 pessoas foram assassinadas em 197 incidentes e 124 pessoas sofreram assaltos", destaca o relatório ao qual a CiberCuba teve acesso.

Segundo o Observatório Cubano de Auditoria Cidadã (OCAC), entre janeiro e junho de 2024, foram registrados um total de 432 delitos, o que representa uma média diária de 2,37 crimes, marcando um aumento de 152% em comparação com o mesmo período de 2023. (1,82 crimes diários em 2023). A análise mostra um "preocupante aumento" em delitos violentos no primeiro semestre deste ano, destacando um crescimento de 111% nos assassinatos, 290% em agressões e 208% em roubos no primeiro semestre de 2024.

O OCAC atribui esse aumento da criminalidade à descapitalização e desprofissionalização da Polícia; a mudanças nos valores sociais e culturais, e a "uma crescente percepção de impunidade e corrupção dentro do sistema judicial cubano". Diante dessa situação, "faz um apelo urgente às autoridades cubanas para abordar de forma transparente essa preocupante situação".

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Tania Costa

(La Habana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição murciana de 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo da Murciana (Espanha).


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