Cubanos sob outras bandeiras em Paris 2024: Néstor Almanza Jr., jovem lutador que busca a glória de seu pai.

Filho do atleta cubano Néstor Almanza Baro, que foi campeão mundial de luta greco-romana em 1993 e quarto em Barcelona 92, se naturalizou chileno no ano passado e já conquistou uma prata e um bronze nos Campeonatos Pan-Americanos de 2023 e 2024.

Néstor Almanza Jr. / Facebook © Néstor Almanza, envuelto en la bandera de Chile, país al que representa en París.
Néstor Almanza Jr. / FacebookFoto © Néstor Almanza, envolto na bandeira do Chile, país que representa em Paris.

Néstor Evian Almanza Truyol (La Habana, 28 de julho de 2002) competirá nesta quarta-feira, 7 de agosto, a partir das 11h21 da manhã (hora europeia), na categoria de 67 quilos de luta greco-romana, representando o Chile, país que lhe concedeu a nacionalidade em 2023. Será nas oitavas de final que se realizarão na Champ de Mars Arena Pista contra o moldavo Petic Valentin.

Em Cuba, começou na escola de iniciação esportiva EIDE Mártires de Barbados, de Havana, da qual guarda gratas lembranças. Segundo contou, em 2020 chegou ao Chile porque estava há vários anos separado de seu pai, Néstor Almanza Baro, quarto colocado em Barcelona 1992 e campeão do mundo em luta greco-romana em 1993. Um de seus grandes sonhos era que ele fosse seu treinador, mas seu pai estava desde 2013 no Chile, contratado pela Federação, como treinador principal da seleção nacional.

Nada mais chegar ao Chile, sua avó faleceu em Cuba e seu pai teve que ir para a Ilha. Ele ficou sozinho em um país que não conhecia e por isso lembra desse momento como muito difícil, apesar de ter encontrado apoio em quem o acolheu como um a mais da família e lhe deu "a força para continuar lutando". Naquele momento, ele não tinha certeza de que poderia estar nos Jogos Olímpicos de Paris porque lhe haviam dito que a nacionalidade poderia demorar alguns anos. Mas ele a recebeu por graça e, ao consegui-la, os céus se abriram para ele.

Em 2023 e 2024, após se nacionalizar, Néstor Almanza Jr. conquistou as medalhas de prata e bronze nos campeonatos Pan-Americanos de luta. Ter se classificado para Paris para ele já é "algo grande" e "um orgulho" porque "nem todo mundo tem a possibilidade de competir em Jogos Olímpicos". Isso não aconteceu por acaso. Estava dentro de seus objetivos no último ano porque era seu "sonho" e assim o comentou em uma entrevista concedida ao CDO Notícias.

Uma semana antes de se classificar para Paris, Néstor Almanza Jr. esteve no Panamericano específico e perdeu uma luta difícil contra o mesmo adversário que enfrentou na eliminatória olímpica de Acapulco. Longe de se desanimar, ele se concentrou em detectar os detalhes a melhorar. E ele os melhorou. "Continuei trabalhando junto com meu pai e fizemos as coisas bem", disse. Ele também contou que havia conversado com o medalhista olímpico Yasmani Acosta, que acabou de conquistar a prata na luta greco-romana em Paris após enfrentar o lendário Mijaín López. "Yasmani me dizia: 'Isso é algo grande. Você tem que dar tudo de si. Me acompanhe a Paris."

Foi assim que Néstor Almanza Jr. superou o americano Alejandro Sancho no Pré-Olímpico de Acapulco, se classificou para Paris e celebrou com uma pirueta de ginasta que a Federação chilena destacou em suas redes sociais. "Assim se celebra!"

Para chegar onde chegou, sua fórmula é simples: seguir à risca o que diz seu treinador. "Ele é quem sabe. Tem um currículo incrível", admite o cubano-chileno.

Néstor Almanza Jr. chega a Paris com boas sensações. Ele vê possível a medalha. Para isso, este ano treinou em Cuba com atletas de alto nível, depois foi para a Europa e finalmente aterrissa nos Jogos Olímpicos, com 22 anos e fome de triunfos e de seguir os passos de seu pai. "Sempre foi meu exemplo". Ele já leva vantagem porque seu pai competiu em seus primeiros Jogos Olímpicos com 21 anos e ele chega com 22; para superá-lo, precisa conquistar uma medalha.

Um total de 21 atletas cubanos representarão outras delegações nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, um número que reflete o implacável êxodo de atletas nos últimos anos.

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Tania Costa

(La Habana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição murciana de 20 minutos e assessora de Comunicação da Vicepresidência do Governo da Murcíia (Espanha).


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