Maduro alardeia de mão dura: "Temos 2.000 presos capturados; desta vez não vai haver perdão."

“Todos confessam, todos, porque houve um processo estrito, legal, dirigido pela Procuradoria Geral da República, com plenas garantias, e todos estão convictos e confessos”, afirmou Maduro.


O governante Nicolás Maduro aproveitou sua intervenção diante dos chavistas que se reuniram neste sábado em Caracas para se vangloriar da mão pesada contra os manifestantes que protestam contra a fraude cometida nas últimas eleições na Venezuela.

Desatada a repressão contra os seguidores da líder María Corina Machado e do candidato Edmundo González Urrutia, as redes sociais têm refletido as operações organizadas pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e pelo serviço de inteligência do regime (SEBIN).

Grupos de represores em moto, uniformizados ou à paisana, foram gravados enquanto perseguiam e agrediam manifestantes, especialmente jovens. Disparos no ar, residências de opositores marcadas ao mais puro estilo nazista e outras fechorias foram registradas por ativistas e cidadãos venezuelanos.

Informes de organismos internacionais afirmam que a repressão já custou mais de 20 vidas de pessoas executadas pelos sicários de Maduro, ao mesmo tempo em que são relatados dezenas de desaparecidos e mais de 2.000 detidos.

Sem pudor algum e se exibindo como um valentão de pátio de escola, o ditador que herdou o poder de Hugo Chávez confirmou este último ponto e avisou que “desta vez não haverá perdão”.

“Temos 2.000 presos capturados e daí vão para Tocorón e para Tocuyito [prisões de máxima segurança do regime, situadas nos estados Aragua e Carabobo, respectivamente]”, revelou Maduro com a impostada voz de homem forte.

Jaleado e aplaudido pelos seus, o ditador pediu "máximo castigo" para os detidos e assegurou que "desta vez não vai haver perdão... desta vez o que vai haver é Tocorón".

“Todos confiesan, todos, porque houve um processo estrito, legal, dirigido pela Procuradoria Geral da República, com plenas garantias, e todos estão convictos e confessos”, afirmou Maduro, acusando os detidos de serem fascistas treinados para queimar centros eleitorais, assim como sedes regionais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e outros supostos atos terroristas.

Segundo o autoproclamado presidente, a operação repressora se desenvolve de maneira eficiente graças à “união cívico-militar-policial” sobre a qual se sustenta seu regime de terror, detestado pela imensa maioria dos venezuelanos, conforme indicam as atas das eleições apresentadas pela oposição.

Consciente de sua crescente impopularidade e do esgotamento de um modelo autocrático importado e assessorado de Havana, o ditador Maduro ameaça empregar a violência muito antes de serem realizadas as eleições.

"Se não querem que a Venezuela caia em um banho de sangue e uma guerra civil fratricida causada pelos fascistas, garantamos o maior sucesso, a maior vitória eleitoral da história do nosso povo", gritou o governante no dia 17 de julho durante um comício realizado em La Vega, Caracas.

As ameaças do líder chavista alarmaram meio mundo, desde o presidente brasileiro Lula da Silva até o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Este último manteve na sexta-feira uma conversa telefônica com González Urrutia e Machado, manifestando sua preocupação com a segurança de ambos.

Durante a chamada, Blinken parabenizou González Urrutia por ter recebido a maioria dos votos nas eleições do dia 28 de julho e expressou sua preocupação com o bem-estar dos líderes da oposição.

No mesmo dia da chamada de Blinken, o partido de María Corina Machado, Vente Venezuela, denunciou um ataque à sua sede em Caracas. Seis homens armados invadiram o local, rendendo os vigias e levando equipamentos e documentos.

Em uma coluna publicada no The Wall Street Journal, Machado expressou seu temor por sua vida, afirmando que poderia ser capturada a qualquer momento.

A oposição venezuelana publicou em uma página da web 81% das atas eleitorais, alegando que González Urrutia ganhou a presidência por uma ampla margem.

Esta denúncia de fraude eleitoral desencadeou numerosas protestos em todo o país, resultando em pelo menos 20 mortos, entre eles um militar, e mais de 2.000 detidos.

Passadas 72 horas das fraudulentas eleições, a Organização dos Estados Americanos (OEA) solicitou à Corte Penal Internacional (CPI) que emitisse uma ordem de prisão contra Maduro.

A petição, liderada pelo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, baseou-se nas acusações de crimes contra a humanidade supostamente cometidos por Maduro, ao ordenar a repressão de manifestantes após as eleições.

Em uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA em Washington, Almagro argumentou que chegara o momento da justiça para a Venezuela e foi apresentado um projeto de resolução que obrigava o governo venezuelano a mostrar os resultados das eleições.

No entanto, a OEA não conseguiu chegar a um consenso para pressionar as autoridades venezuelanas. Entre os países que se abstiveram da resolução estavam Brasil e Colômbia, cujos líderes haviam pedido anteriormente transparência às autoridades de Caracas.

México havia antecipado que não estaria presente. No total, houve 17 membros do Conselho Permanente da OEA que votaram a favor, 11 se abstiveram e cinco estavam ausentes, dentre eles Trinidad e Tobago e a própria Venezuela. Vale destacar que não houve votos contra.

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