![Mujeres cubanas © Granma](https://cdn0.celebritax.com/sites/default/files/styles/watermark_100/public/1722277029-gobierno-crea-registro-nacional-monitoreo-genero-cuba.jpg)
O governo cubano criou um sistema nacional de registro, atendimento, acompanhamento e monitoramento dos casos de violência de gênero no contexto familiar, segundo disseram em uma reunião do Conselho de Ministros.
Um relatório do periódico oficial Granma menciona que o Sistema é composto por “25 especialistas” do Ministério do Interior e do Tribunal Supremo Popular, e seu objetivo é desenvolver “um registro administrativo informatizado e interoperável, que utilizaria as plataformas próprias dessas instituições para a gestão dos processos penais”.
A procuradora-geral da República, Yamila Peña Ojeda, indicou que a maior utilidade desse acompanhamento é servir de base de dados para “dispor de informações estatísticas para a prevenção na luta contra os delitos de violência de gênero”.
Para os dirigentes cubanos, “a implementação do Sistema Nacional de registro e a transparência dos resultados fortalece o Estado de Direito, contribui para desestimular as manifestações de violência, combate a impunidade, eleva a educação jurídica da população e fortalece o tecido social em torno de um problema que diz respeito a todos,” defendeu Peña Ojeda.
Da mesma forma, a procuradora geral cubana apontou que durante 2023, o regime da ilha obteve dados sobre esses casos, entre os quais se destacou que 75% dos fatos ocorreram na residência, e alertou que essa tendência continua este ano.
Além disso, 72% dos casos envolvem vítimas entre 25 e 59 anos; 45% são trabalhadoras não remuneradas.
Afirmaram que “foram identificadas as sobreviventes que sofreram maus-tratos durante o relacionamento, e aquelas que fizeram denúncias anteriores por ameaças ou lesões, às vezes retiradas como parte do ciclo da violência”.
Peña Ojeda sentenciou que, de acordo com seus dados, 84% dos agressores eram parceiros ou ex-parceiros; 46% tinham o nono ano de escolaridade; 40% mantinham vínculo laboral; e 31% tinham antecedentes criminais de atos violentos.
Não obstante esses por cento, o governo continua sem ser claro nas cifras que maneja e existe pouca clareza nos números que fornece à população, sobretudo quando as plataformas feministas cubanas, que realizam um trabalho sustentado na recuperação e denúncia dos casos, registraram 220 feminicídios na ilha de 2019 a 2023, dos quais 89 ocorreram nesse último ano.
Tanto os observatórios independentes Alas Tensas (OGAT) e YoSiTeCreoCuba fazem seus registros diante do olhar passivo das autoridades que se recusam a reconhecer que a morte violenta de mulheres é um problema crescente.
Em seu Conselho de Ministros, o regime enumerou suas diretrizes para avaliar a violência de gênero: ações em posição de domínio; manifestando que os homens estavam insatisfeitos com a ruptura de relações. Outra característica é que uma cifra aproveitou a presença de filhos para infligir mais sofrimento; assim como foi feito uso de armas brancas ou de fogo, ou das próprias mãos dos agressores.
Também é importante reconhecer que o regime cubano não contempla a figura do feminicídio no Código Penal vigente, que foi aprovado em maio de 2022.
Enquanto se esconde por trás de argumentações semânticas e politiquice barata, o totalitarismo comunista imperante em Cuba evita falar da violência de gênero com a terminologia utilizada e aceita internacionalmente por todos os países que reconhecem a existência e combatem esse flagelo.
Por sua parte, o governante Miguel Díaz-Canel qualificou o feminicídio como uma “construção midiática” dos meios independentes.
“As plataformas subversivas anticubanas tentam impor a matriz de que em Cuba existe feminicídio, termo que indica suposta inação estatal diante de fatos violentos por razão de gênero. Podemos afirmar aqui categoricamente que essa é uma construção midiática completamente alheia à realidade cubana”, afirmou em março passado Díaz-Canel na clausura de um Congresso da insípida Federação de Mulheres Cubanas.
A justificativa para não fazê-lo, segundo Díaz-Canel, é que não existe "inação estatal" diante desses crimes. O subterfúgio pretende encobrir a natureza profundamente patriarcal e machista que subjaz na sociedade cubana e, especialmente, no imaginário viril desenvolvido pela propaganda da chamada "revolução" e o adoctrinamento do Partido Comunista de Cuba.
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