A ex-juíza Melody González Pedraza, atualmente detida na Flórida após chegar com um visto humanitário, apresentou uma denúncia perante a Relatoria Especial da ONU sobre Independência dos Magistrados e Advogados, alegando a "distorção" do sistema judicial em Cuba.
A jurista, que enfrentará sua primeira audiência de asilo nos Estados Unidos no dia 31 de julho, também solicitou proteção ao organismo internacional caso seja deportada para a ilha, segundo informou um familiar próximo ao meio independente Diario de Cuba.
González Pedraza argumentou em sua denúncia que o sistema judicial cubano está controlado por decisões políticas e agentes externos como o Partido Comunista, o Governo e a Segurança do Estado.
A denúncia, apresentada em 25 de julho, busca que a ONU investigue essas práticas e detenha as interferências que impedem o acesso do povo cubano a uma verdadeira justiça, como foi demonstrado durante os julgamentos arbitrários contra os manifestantes de 11 de julho de 2021.
Através de uma carta dirigida a uma alta funcionária da relatoria com sede em Genebra, Suíça, também pediu proteção pelas possíveis represálias do regime cubano caso seja deportada para a ilha.
A ex-juíza, que se encontra no centro de detenção Broward Transitional Center (BTC) em Pompano Beach, Flórida, expressou que se sente "mais tranquila e segura" apesar de não contar com um advogado para sua audiência de asilo, onde poderia receber uma ordem de deportação.
"Confio que minha voz seja ouvida e que não me entreguem à morte, ao provável encarceramento e à situação mais humilhante", disse em seu pedido de proteção à ONU.
González Pedraza também mencionou seu desejo de exonerar quatro jovens cubanos que ela mesma condenou sem provas suficientes e que terão um novo julgamento no dia 9 de agosto.
O Tribunal Popular Provincial de Villa Clara admitiu o recurso da sentença proferida contra Andy Gabriel González Fuentes, Adain Barreiro Pérez, Eddy Daniel Rodríguez Milián e Luis Ernesto Medina Pedraza, que foram acusados de lançar coquetéis molotov em novembro de 2022 contra propriedades de chefes da polícia e da Segurança do Estado em Encrucijada, Villa Clara.
A magistrada, que presidia o Tribunal Municipal, confessou que condenou os jovens apesar da existência de provas exculpatórias devido a pressões da Segurança do Estado.
As outras juízas que assinaram a sentença foram Marlenis Toriza Rivero e Ana Ivis Rodríguez Rodríguez.
González Pedraza chegou aos Estados Unidos no dia 31 de maio sob o programa de Parole Humanitário, mas teve a entrada negada ao país ao chegar ao aeroporto de Tampa por constar na lista de reprimidores da Fundação para os Direitos Humanos em Cuba (FDHC).
A denúncia de González Pedraza busca não apenas proteção para ela, mas também justiça para os jovens que sentenciou e uma reforma no sistema judicial cubano.
Sua família expressou confiança nas estruturas da ONU e no sistema de justiça dos Estados Unidos para lidar com o caso da juíza.
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