Meio centena de cubanos está presa há alguns dias no Aeroporto Internacional Jorge Chávez, em Lima, Peru, após a cancelamento de um voo que os levaria a Nicaragua.
“Estamos aqui há três dias. Por problemas que houve em Havana, com uma tempestade, o nosso voo foi atrasado em duas horas. Quando chegamos aqui, o voo em que deveríamos continuar já partiu e a companhia aérea não se encarrega de nos colocar em outro avião”, relatou a oposicionista cubana Midaisy Marrero Gil, que se encontra no grupo de cubanos retidos, ao jornalista Mario Pentón do Martí Notícias.
Marrero Gil disse que, tendo passado as 24 horas que as autoridades migratórias do Peru permitem para fazer trânsito aeroportuário no país, correm o risco de serem deportados para Cuba.
Cada cubano pagou 2.800 dólares pelo bilhete de avião que deveria levá-los a Managua e que nunca chegou.
A oposicionista cubana comentou que a situação da alimentação é problemática, devido aos custos dos produtos dentro do aeroporto.
“Uma maçã custa 2,50 dólares”, mencionou. “Estamos dormindo nos bancos e quando já não aguentamos mais, pegamos o chão”, apontou a mulher que viaja com seus dois filhos.
Disse que apesar de ter ultrapassado o tempo de estadia legal no aeroporto, o próximo voo para Cuba só sai no dia 25 de julho. “Durante todo esse tempo a companhia aérea não se responsabiliza”, apontou.
“É muito difícil nos vermos nesta situação e que ninguém responda por nós. Nos vermos sem um respaldo”, sentenciou.
As cancelamentos de voos para a Nicarágua têm ocorrido com frequência nos últimos meses, sem que os viajantes cubanos tenham as garantias correspondentes para recuperar o dinheiro que investem para sair da ilha.
A finais de junho, passageiros cubanos que planejavam viajar para o país centro-americano com escala em Caracas, Venezuela, protestaram na entrada do Aeroporto Internacional José Martí, em Havana, devido ao cancelamento de seu voo, sem aviso prévio.
Enquanto isso, em dias recentes, tornou-se viral como dezenas de viajantes cubanos exigiram à companhia aérea de baixo custo Wingo que lhes permitisse fazer um voo com destino a Bogotá, Colômbia, durante uma protesto também no Aeroporto Habano.
"Queremos voar", clamaram em coro os passageiros diante de funcionários da companhia aérea colombiana e do aeroporto, após a decisão da Wingo de exigir "visto de visitante" para os cubanos que fazem escala no país sul-americano.
Por sua parte, os opositores visíveis do regime não têm garantias de uma entrada segura na Nicarágua, país aliado de Cuba. Há alguns dias, o regime do ditador Daniel Ortega negou a entrada no país ao ativista e jornalista independente cubano Yoel Acosta Gámez e a sua esposa, Alisanni Lores Furones, quando se preparavam para viajar ao país centro-americano a partir do Uruguai.
Assim denunciou a organização não governamental (ONG) Cubalex em uma publicação em suas redes sociais, na qual informou sobre a proibição de entrada na Nicarágua imposta pelas autoridades de Migração daquele país.
Em meio à pior crise migratória da história do país, os cubanos não têm instâncias para protestar, reclamar ou exigir o reembolso de seus bilhetes às companhias aéreas ou agências de viagem, tanto dentro quanto fora do país. As autoridades do regime, em vez de apoiar suas reivindicações, respondem com repressão ou convênios para prejudicar seus cidadãos.
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