Cubana residente no Suriname fala com dureza aos que pedem aos cubanos de dentro que se joguem para a rua.

A cubana chamou os residentes no exterior a não serem tão exigentes com seus compatriotas, nem exigir deles o que eles mesmos não foram capazes de fazer.


Uma cubana que vive no Suriname pediu aos cubanos que vivem fora do país e instou os residentes na ilha a se lançarem às ruas para terem uma melhor memória e lembrarem que, quando eles próprios estiveram em uma situação similar, também não optaram - na sua maioria - por esse caminho.

“Me dói muito porque a maioria dos cubanos que estão fora do país se esquece de que alguma vez estiveram em Cuba e como as coisas funcionam dentro da ilha”, disse Elizabeth Padrón no início de um vídeo no TikTok onde abordou o tema.

A jovem -que documenta há meses suas experiências de vida em Suriname- disse que a incomoda ouvir outros compatriotas radicados fora do país que os cubanos estão assim “porque querem”.

Padrón chama os cubanos "de fora" a serem mais empáticos e a entender que ninguém quer ir para a prisão e que as pessoas escolhem tentar escapar do país para ter uma vida melhor. O mesmo que fizeram muitos dos que agora criticam.

“Porque quando nós estávamos em Cuba, e eu me incluo, nunca dissemos nada. Tínhamos medo como eles têm,” observou Elizabeth.

A jovem admitiu, no entanto, que se o povo saísse em massa, todos, o regime não teria a possibilidade real de frear essas protestos, embora veja poucas probabilidades de que algo assim ocorra.

"Não deixa de ser verdade que, se toda a população de Cuba sair para a rua, não há policiais nem castristas que possam acabar com toda uma população", observou Elizabeth Padrón, mas por outro lado acrescentou que uma parte importante dos que vivem agora em Cuba é uma população envelhecida, pessoas mais velhas que lhes falta garra para essa luta.

“O povo se atreveu há dois anos a sair para a rua e gritar pela primeira vez e, mesmo assim, quanta gente ainda não está presa,” argumentou também.

“Quem não é cubano não sabe como funciona, mas nós, cubanos, sabemos como funciona. Aquele que fala assim é porque esquece todas as coisas que acontecem na ilha quando você está em desacordo com algo”, concluiu Elizabeth Padrón que, apesar de sua análise, faz votos para que algum dia, por alguma via, chegue a mudança definitiva em Cuba.

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