Nicarágua: Estratégia e negócio lucrativo na crise migratória que afeta a fronteira dos EUA.

Desde que Nicaragua eliminou o requisito de visto para cubanos, a ilha passa por uma crise migratória sem precedentes.

Miguel Díaz-Canel y Daniel Ortega © Estudios Revolución
Miguel Díaz-Canel e Daniel OrtegaFoto © Estudios Revolución

Nicarágua tornou-se um ponto estratégico para a migração irregular em direção aos Estados Unidos, facilitando o trânsito de milhares de pessoas que buscam evitar a perigosa travessia do Tapón del Darién.

Sob a administração do presidente Daniel Ortega, o país tem isentado várias nacionalidades de visto, permitindo que migrantes de diferentes partes do mundo cheguem de avião a Manágua e sigam viagem para o norte, o que se tornou um negócio lucrativo para o regime sandinista, conforme um artigo da BBC intitulado "O negócio milionário da Nicarágua como porta de entrada para migrantes irregulares rumo aos EUA".

Esta política tem incentivado mudanças em vários países da região, como Cuba. Após o levante antigovernamental de 11 de julho de 2021, Ortega deu apoio ao regime de Havana, antigo aliado, e eliminou o requisito de visto para os cubanos a fim de aliviar a pressão da crise interna no país.

Desde então, a ilha tem vivido o pior êxodo migratório de sua história, com mais de meio milhão de pessoas tendo deixado o país.

O artigo da BBC refere que nos últimos dois anos, mais de 5 milhões de migrantes cruzaram a fronteira sul dos Estados Unidos de forma irregular, muitos deles utilizando a Nicarágua como plataforma de entrada; e com isso o governo nicaraguense gana receitas através de impostos aeroportuários, taxas de visto e outros serviços.

Em 2023, foram registados cerca de 1.200 voos privados destinados a transportar migrantes para a fronteira sul dos Estados Unidos, vindos de países distantes como a Índia e o Cazaquistão, mas também de nações vizinhas como Cuba e Haiti, conforme detalhado no texto.

Segundo o meio nicaraguense Confidencial, entre janeiro e outubro de 2023, o governo teria arrecadado cerca de $65,9 milhões de dólares em taxas ou multas de migrantes em trânsito, enquanto nos primeiros três meses de 2024, o valor atingiria os $8,4 milhões de dólares.

No entanto, acredita-se que os benefícios para o governo nicaraguense são muito maiores, pois, nos últimos dois anos, uma passagem só de ida de Cuba para a Nicarágua custava cerca de US$ 3.000, e cada migrante costuma pagar entre US$ 10.000 e US$ 15.000 pela rota completa desde o local de origem até a fronteira entre o México e os EUA, conforme o relatório.

Parte dessas quantias pagas a intermediários ou agências pelos milhares de usuários da rota de Manágua teria ido parar nas mãos do governo de Ortega e seus aliados, conforme reportado pela BBC.

Analysts indicate that the Ortega regime is using this situation not only to obtain economic income, but also as a political tool to pressure the United States.

Arturo McFields, jornalista exilado e ex-embaixador da Nicarágua na OEA, destaca que Ortega promoveu esses voos e estabeleceu embaixadas em vários países de origem para coordenar melhor essa atividade.

Nicarágua se beneficia politicamente ao manejar esta válvula migratória, utilizando o fluxo de migrantes como uma carta em futuras negociações bilaterais com Washington.

É preciso lembrar que os regimes de Cuba, Nicarágua, Venezuela têm usado a questão migratória para pressionar os Estados Unidos e obter algum tipo de benefício", afirma McFields.

Esta estratégia, no entanto, representa um desafio significativo para a administração Biden, que vê nessa prática uma ameaça à sua segurança.

A chegada em massa de indocumentados sobrecarrega os recursos das autoridades dos Estados Unidos e aumenta o risco de entrada de pessoas com intenções criminosas ou terroristas.

Apesar das preocupações expressas pelos Estados Unidos, o governo de Ortega decidiu não colaborar na redução da migração irregular, mantendo um silêncio absoluto sobre o assunto.

Enquanto isso, o lucrativo negócio de facilitar a migração irregular continua prosperando na Nicarágua.

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