O economista cubano Pedro Monreal detectou dados falsos sobre a chegada de turistas a Cuba no primeiro semestre deste ano. Ele se refere aos 1,8 milhões de visitantes que o regime afirma, através do Cubadebate, que chegaram à Ilha de janeiro a junho deste ano.
Segundo explica Monreal na rede social X (antes Twitter), "sabe-se que o acumulado de janeiro a maio foi de 117.488 visitantes e não é possível que o acumulado de janeiro a junho seja de 1,8 milhões" porque "para poder acumular 1,8 milhões de visitantes de janeiro a junho, teriam que ter chegado 625.112 visitantes em junho, mas o número máximo de visitantes recebidos em um mês de junho nos anos recentes foi o registrado em junho de 2018 (342.195)".
Cubadebate publicou nesta segunda-feira que o ministro da Economia Joaquín Alonso Vázquez informou na Comissão de Economia da Assembleia Nacional do Poder Popular que o turismo cresceu (supõe-se que no primeiro semestre deste ano) 1,8% em relação ao mesmo período de 2023. As cifras da ONEI, das quais se fez eco a agência EFE, apontam que Cuba registrou 742.094 visitantes estrangeiros de janeiro a junho do ano passado.
Também detecta o economista irregularidades, por chamá-las de alguma maneira, na ordem dos principais mercados emissores de turistas para Cuba. Segundo o Cubadebate, são Canadá, Rússia, os cubanos residentes no exterior e Alemanha. No entanto, Pedro Monreal lembra que no acumulado de janeiro a maio os cinco principais emissores eram Canadá, comunidade cubana, EUA, Rússia e Inglaterra. Os dados oficiais de junho não foram publicados.
"Talvez nos dados de janeiro-junho de 2024, a Rússia possa ter superado os EUA, mas é menos provável que tenha ultrapassado a comunidade cubana. Não parece viável que a Alemanha tenha superado os EUA, que nem mesmo é mencionada no relatório", conclui.
Os números não batem e as costuras do discurso oficial estão à mostra. O próprio ministro do Turismo de Cuba felicitou-se no dia 26 de abril por ter alcançado um milhão de visitantes no primeiro trimestre do ano e avançou que o objetivo estabelecido para este ano é chegar a 3 milhões de visitantes.
É uma meta um pouco mais baixa do que a proposta em 2023, quando se pretendia alcançar 3,5 milhões e o ano fechou com 1,9 milhões de janeiro a outubro, ficando muito atrás dos 6 milhões da República Dominicana e dos 4 milhões de Cancún (México).
No ano passado, o regime voltou a investir mais no desenvolvimento do turismo em Cuba do que em infraestruturas de Saúde e Educação, apesar de que o discurso do Governo tente fazer parecer o contrário. Nessa ocasião, também foi o economista Pedro Monreal quem expôs a realidade ao PCC, consultando dados oficiais da ONEI.
"A estatística confirma a persistência de uma estrutura muito deformada de investimento em Cuba, onde um terço se concentra em atividades articuladas principalmente em torno do turismo", disse na ocasião Monreal.
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