Faleceu o ator cubano Carlos Massola

"Nunca se calou diante de nenhuma injustiça, nunca tremeu a voz para dizer o que sentia e, acima de tudo, o país onde desejava voltar a atuar", recordou a ativista Yamilka Lafita.


O ator cubano Carlos Massola faleceu nesta quarta-feira em Havana, aos 62 anos de idade.

Fabio Corchado Borroto, opositor e amigo próximo de Massola, expressou sua tristeza pela perda por meio de uma publicação no Facebook.

"Acaba de falecer meu irmão Carlos Massola. Ontem ele me ligou dizendo o quão mal se sentia e hoje de manhã a mãe dele me ligou para informar sobre o falecimento. Descansa em paz, meu irmão. Estou devastado", expressou.

Captura de tela Facebook / Fabio Corchado Borroto

Também foi noticiada a morte da atriz e ativista Yamilka Lafita (Lara Crofs nas redes sociais), de quem disse no Facebook que "nunca se calou diante de nenhuma injustiça, que nunca teve a voz trêmula para dizer o que sentia e, acima de tudo, o país no qual ansiava voltar a atuar".

"Nos encontramos e debatemos centenas de vezes sobre a luta cotidiana que enfrentamos aqueles que querem uma Cuba livre. Sonhamos muito, muito. Sinto muito, querido Carlos, sempre vou me lembrar de você como o amigo solidário e justo", acrescentou.

Captura de tela Facebook / Lara Crofs

Uma nota publicada pelo meio independente CubaNet, com o qual o ator colaborava, indicou que o falecimento foi confirmado por sua mãe.

Em uma de suas últimas transmissões ao vivo nas redes sociais, o ator enviou uma mensagem aos trabalhadores cubanos pelo Primeiro de Maio, onde reconheceu o trabalho que realizam diariamente e afirmou que não mereciam o tratamento que recebem do governo.

"Respeito muito as pessoas que trabalham. Há muitas pessoas em Cuba que trabalham duro, muito duro", disse Massola. "Mais uma vez... ¡Fora a ditadura! ¡Fora o comunismo! ¡Fora a tirania! ¡Pátria, Vida e Liberdade!".

A mediados de março, Massola manifestou seu apoio ao povo cubano, que se havia mobilizado nas ruas de várias cidades para exigir liberdade e direitos humanos básicos do regime da ilha.

Em entrevista exclusiva à CubaNet, Massola se posicionou ao lado dos cubanos, cansados de “tanta ignomínia, tanta desgraça e tanta miséria”, e afirmou: “Este ano não pode passar sem que essa ditadura caia”.

No início deste ano, o ator se reuniu com ativistas e familiares de prisioneiros políticos em Havana, demonstrando mais uma vez seu compromisso com a causa da libertação dos presos políticos e da liberdade em Cuba.

Massola se reuniu com o médico e ativista político Fernando Vázquez Pérez e com dois familiares de presos políticos do 11J: Luis Wilber Aguilar, pai de Walnier Luis Aguilar Rivera, um jovem com problemas de saúde mental condenado a 23 anos de prisão, e com Ángel Delgado, ex-marido da oposicionista Lisandra Góngora, que cumpre 14 anos de prisão.

Em outubro passado, o ator fez duras críticas a Miguel Díaz-Canel pelo sofrimento dos presos políticos e de seus familiares, demonstrando especial preocupação com os casos de Walnier e Lisandra.

"Qual é a morbidez de fazer sofrer os presos políticos e suas famílias? Tire-os da prisão se você não tem nada a perder. Eles não são uma ameaça para você; eles não têm armas para te matar", exigiu então em uma mensagem.

"Por que você faz sofrer a pobre família dos prisioneiros políticos, como Lisandra Góngora, a quem obrigou o pai a levar as crianças até a Ilha da Juventude, a Wilmer? Estou pedindo um pouco de bondade, salve seu povo enquanto pode, que já está bastante difícil."

Por seu ativismo e declarações públicas, Massola sofreu censura institucional ao compartilhar nas redes sociais suas críticas sobre a situação em Cuba, razão pela qual também se sentiu afastado de sua prima, a atriz e apresentadora estrela do regime, Edith Massola.

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