Cubanos cansados dos apagões: "É criminoso".

"Não são apagões, são iluminações", reclamou um ativista que também denunciou a propagação de doenças como a dengue e o Vírus do Oropouche devido à insalubridade crescente nas cidades.

Caída del Sol en La Habana (imagen de referencia) © CiberCuba
Pôr do Sol em Havana (imagem de referência)Foto © CiberCuba

O crítico cenário da geração de eletricidade em Cuba está a aprofundar a sensação de exaustão na população, que sofre com apagões frequentes e prolongados e ouve promessas de melhorias há anos.

A crise energética que o país enfrenta desde 2018, com altos e baixos mas sem solução, soma-se à crise generalizada que se manifesta na escassez de alimentos e medicamentos, inflação descontrolada, altos preços, colapso dos serviços públicos e aumento da insalubridade, bem como o surgimento de surtos de doenças como o Vírus de Oropouche.

Com esse panorama, e após a saída do Sistema Electroenergético Nacional (SEN) da usina termoelétrica Felton, em Holguín, a Martí Noticias coletou declarações de vários cubanos para entender a situação enfrentada pela população em todo o território cubano.

O fornecimento de eletricidade dura quatro horas, o desabastecimento de alimentos é total. O que a população recebeu agora pela cesta básica foi de maio, de junho ainda não chegou absolutamente nada", disse na sexta-feira passada o ativista Alfredo Álvarez Leyva, de Sagua de Tánamo, em Holguín.

Em Pinar del Río, a situação epidemiológica é complicada. O ativista José Rolando Cásares disse ao meio de comunicação citado que, além de apagões prolongados, na província há uma grande ineficiência na coleta de resíduos sólidos.

"Não são apagões, são clarões. Com o problema da dengue e dos mosquitos, não há limpeza das áreas com produtos", afirmou o ativista.

A saída de Felton complicou ainda mais o fornecimento de eletricidade na região oriental da Ilha. O comunicador independente Anderlay Guerra Blanco relatou que em Guantánamo os cortes de eletricidade são constantes e intermináveis.

"Os níveis de apagão aqui são super, mas super elevados o dia inteiro, há empresas que trabalham até o meio-dia", indicou o jornalista.

Também em Santiago de Cuba, no município de Palma Soriano, a situação é muito complexa, comentou à Martí Noticias Daniel García. "Para um terço de Palma a eletricidade está faltando, e a situação é imensa, noites ruins, crianças chorando e coisas assim... É criminoso, criminoso", afirmou o residente.

Desde Holguín, Dámaso Alberto Fernández assegurou que os cortes de energia duram 14 horas. "Hoje de manhã já cortaram até ao meio-dia, mas depois das seis da tarde às doze da noite voltam a cortar novamente", explicou.

Apesar da leve e relativa melhoria experimentada neste domingo, Dia dos Pais, em Cuba, a saída do Felton também causou efeitos nas províncias centrais. Segundo declarou o empreendedor Yoel Espinosa Medrano, na sexta-feira passada, a maior parte da cidade de Santa Clara ficou quase todo o dia sem fornecimento elétrico.

"Neste momento, mais da metade de Santa Clara está sem eletricidade, a noite foi um caos total, o que gerou problemas na preparação de alimentos, na produção de pão", alertou o trabalhador autônomo.

No sábado, a situação não melhorou em todo o país. De acordo com o relatório nas redes sociais da União Elétrica de Cuba (UNE), "o impacto no serviço devido à falta de capacidade de geração manteve-se por 24 horas por dia" e chegou a atingir os 847 MW ao meio-dia.

Para o domingo, a empresa estatal liderada por Alfredo López Valdés previu uma redução de 326 MW, significativamente inferior à do dia anterior, mas ainda insuficiente para atender à demanda de serviço elétrico de seus clientes.

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