O economista cubano Emilio Morales, que está de visita em Madrid, afirmou nesta segunda-feira em entrevista ao CiberCuba que é "impossível" que o peso cubano tenha se valorizado por si só, ganhando terreno em relação ao dólar, como vem ocorrendo nos últimos dias, e atribui a compra e venda de moedas abaixo do preço estabelecido pelo mercado negro às ciberclarias da UCI (Universidade de Ciências da Informática) da ilha.
Na opinião de Emilio Morales, a única notícia que pode valorizar o peso é "a queda do Governo" porque pode haver esperança de uma mudança de sistema. Enquanto isso não acontece, o peso continuará a subir". Ao mesmo tempo, rejeitou que El Toque seja responsável pela inflação que o país está a enfrentar, devido à publicação da evolução da moeda no mercado informal. "O que influencia a inflação é a má gestão da economia e da Gaesa por terem assumido o controle do principal banco de Cuba, que é aquele que gere os recursos do país".
À pergunta se pode existir algum mecanismo que não seja a intervenção das claras para controlar a inflação esta semana, o economista respondeu contundente: "Isso é mentira. Cuba não produz. Onde está o respaldo produtivo para que isso aconteça? Provavelmente isso vai recuperar seu curso e ultrapassar a barreira dos 400 pesos", insistiu.
Morales também descarta que essa redução do peso do preço do dinheiro em Cuba se deva a uma suposta injeção de divisas no mercado informal. "De onde eles vão tirar divisas se têm apagões todos os dias porque não têm dinheiro para comprar petróleo? Teria que ser uma injeção bilionária e eles não têm."
Na sua opinião, a situação cambial descontrolada que Cuba está vivenciando se deve ao Gaesa e à má gestão de Diaz-Canel, que, quando assumiu o poder há seis anos, encontrou o peso com uma taxa de câmbio de 1 x 24 e agora enfrenta uma inflação de 1.500%.
O economista criticou o fato de a Gaesa se desentender do pacto social que Fidel Castro tinha com os cubanos em troca de retirar seus direitos e liberdades. Morales acusa agora o governo de "roubar as finanças do Estado" e de realizar "uma ruptura do pacto social que atualmente não existe. O que existe é essa máfia", enfatizou.
E é a esses "mafiosos" que ele acusa de terem roubado o país. A este tema dedica seu último artigo em Cuba Siglo XXI, publicado neste domingo: "Gaesa e Díaz-Canel, os principais responsáveis pela inflação em Cuba".
Neste ponto, Morales criticou o fato de que, numa entrevista concedida à EFE, a controladora-geral da República, Gladys María Bejarano Portela, tenha falado em "termos políticos" sobre Alejandro Gil, o ex-ministro da Economia cubano, envolvido num processo judicial por corrupção. Ele está incomodado por ela não ter fornecido detalhes sobre o que realmente aconteceu e por tê-lo referido como "uma traição". No entanto, o que ele acha realmente grave é ter admitido que não pode fiscalizar a Gaesa.
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