Continua crescendo a lista de contas bancárias em Wells Fargo de clientes de origem cubana aos quais o banco americano congelou suas contas devido a dúvidas sobre a condição migratória de seus proprietários, os quais estão sendo solicitados a assinar uma declaração juramentada sobre Cuba.
“O que me incomoda é que a Wells Fargo nunca me notificou. Eu percebo quando é feito o depósito da minha empresa, pois vejo que não chega para mim”, disse em declarações à Telemundo 51, Akmel Díaz Reyes, um dos afetados, a quem foi negado o acesso ao seu dinheiro por 20 dias.
Seu ponto de vista coincide com o de outros entrevistados anteriormente, que concordaram em questionar a forma como a empresa desenvolve esse processo, sem aviso prévio a seus clientes.
Interrogado sobre o assunto, Karel Suárez, advogado especializado em operações comerciais, alerta que quando os clientes assinam seu primeiro contrato com um banco, estão concedendo um "poder significativo" à entidade bancária.
“Os bancos, no início, quando se cria a conta, há um contrato que basicamente confere ao banco toda a autoridade para fazer muitas coisas. O banco pode congelar a conta para investigar várias questões, como para que o dinheiro está sendo usado, de onde vem, entre outros assuntos”, explicou.
No entanto, alguns clientes, além das formas, que não consideram as melhores, uma vez que a entidade não avisa sobre a congelamento do dinheiro depositado, consideram excessivo o nível de intromissão.
“O que isso tem a ver com o fato de eu ser militante? Que eu não sou, é claro. São coisas que eu não entendo”, disse o cubano Akmel Díaz Reyes, que qualificou como “invasiva” a declaração jurada que a entidade bancária obriga a assinar.
O documento obriga os clientes a assegurar que não têm vínculos com entidades repressoras do regime e os faz prometer que informarão ao banco sobre possíveis planos de retornar a viver em Cuba.
Quanto a esse ponto, o advogado Karel Suárez esclareceu que é uma forma que a Wells Fargo encontrou para se proteger caso a OFAC [Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros] venha depois e diga que não agiram como deveriam.
O mencionado meio de comunicação lembra que o Wells Fargo afirmou que realiza esse processo de acordo com os requisitos regulatórios e as sanções dos Estados Unidos a Cuba, embora a Diretriz Federal não exija uma declaração jurada ou o bloqueio de contas.
Nas últimas declarações do Wells Fargo à Telemundo 51, a companhia disse que está “fazendo o possível para ajudar os clientes afetados e minimizar os inconvenientes para eles”, ao mesmo tempo em que sugere às pessoas afetadas que compareçam à sua agência bancária e forneçam as informações necessárias o quanto antes.
No início de dezembro, foi notícia que dois cubano-americanos proprietários do bar Cubata, localizado em Little Havana, não conseguiram pagar seus funcionários e fornecedores porque o Wells Fargo havia congelado suas contas bancárias.
Por aqueles mesmos dias, surgiu o caso de uma filial do Wells Fargo em Hialeah que congelou de forma inesperada as contas de um cubano residente permanente nos EUA desde os anos 90 e de sua esposa, cidadã de origem americana.
De momento, o Wells Fargo continua sem especificar quantos clientes estão sujeitos a esse processo, nem quais os critérios para exigir a assinatura da declaração jurada.
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