O regime cubano embolsou mais de dois milhões de dólares em 2025 por contratos de seus jogadores de beisebol em ligas estrangeiras



Segundo o governo, a FCB recebe entre 10% e 20% por cada atleta contratado no exterior, valor que não é descontado do salário do jogador.

Seleção cubana de beisebol após jogo em 2023Foto © JIT / Roberto Morejón

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O governo cubano, por meio da Federação Cubana de Beisebol (FCB), obteve em 2025 mais de 2,3 milhões de dólares com contratos de seus jogadores contratados em ligas estrangeiras, um fluxo de receitas que evidencia a mercantilização do talento esportivo sob controle estatal e as prioridades questionáveis no uso dos fundos.

Segundo o jornalista esportivo oficialista Pavel Otero, o FCB recebe entre 10% e 20% por cada atleta contratado no exterior.

Este percentual, ressaltou, não é descontado do salário dos jogadores, mas é pago diretamente pelos clubes contratantes à Federação, mantendo os ganhos dos atletas intactos.

Por exemplo, um jogador que receba 500 mil dólares gera um pagamento adicional à FCB correspondente ao percentual acordado, sem alterar seu salário.

O detalhamento dos 2,3 milhões de dólares arrecadados revela um destino majoritariamente administrativo e operacional, com despesas que incluem:

565.256 USD em vestuário da Liga Élite e da Série Nacional.

297.619 USD em bolas para todas as categorias.

35.400 USD em tênis de treinadores e árbitros.

11.095 USD em parcelas de garantia e membros.

3.000 USD em tênis para o Mundial sub-12.

74.062 USD em roupas de árbitros e 7.453 USD na do Campeonato Nacional de Softbol.

62.577 USD em tacos de beisebol e 14.222 USD em luvas de beisebol.

539.412 USD em roupas para a próxima Liga Élite e Série Nacional, encomendadas com antecedência.

536.900 USD em passagens aéreas e despesas logísticas de 17 eventos internacionais.

119.000 USD em superfícies de jogo, implementos e premiações de Béisbol 5.

210.000 USD em bolinhas KENKO para o beisebol infantil.

98.000 USD em equipamentos e adequação do ginásio de primeiro nível do Estádio Latinoamericano.

Além disso, existem despesas pendentes destinadas a luminárias para quatro estádios, além de equipamentos esportivos, ginásios, cages de rebatidas e máquinas de arremesso, assim como aportes a outros esportes com menor financiamento.

Este esquema evidencia como o regime se beneficia diretamente da mobilidade internacional de seus atletas, um mecanismo que tem sido criticado como uma forma de exploração econômica e controle sobre o talento esportivo.

Em 2019, a FCB assinou um acordo que permite contratar jogadores e treinadores no exterior, excluindo expressamente a Major League Baseball (MLB), devido às restrições impostas pela administração dos Estados Unidos sob o embargo e ao fato de que a FCB continua sendo parte do aparato estatal.

Em 2018, um acordo semelhante assinado durante o governo de Barack Obama baseado em uma suposta autonomia da FCB permitia a contratação de jogadores cubanos nos Estados Unidos.

Mas a administração de Donald Trump cancelou meses depois, argumentando que a Federação era controlada pelo Estado e que os contratos com a MLB requeriam licenças especiais do Departamento do Tesouro.

A medida americana buscava evitar que o regime cubano utilizasse os jogadores como peões econômicos, uma afirmação reforçada por funcionários como John Bolton e o senador Marco Rubio, que denunciaram que esses contratos equivalem a um "resgate" estatal dos atletas, legalizando o que consideraram tráfico de pessoas.

O caso evidencia um contraste: enquanto os jogadores de beisebol cubanos geram milhões para a Federação e, por conseguinte, para o governo, o investimento direto em desenvolvimento social e nas condições de vida dos atletas e cidadãos é limitado, refletindo prioridades questionáveis e um sistema que prioriza as receitas do Estado em detrimento do bem-estar dos atletas.

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