Filho do ativista cubano Óscar Casanella pede asilo nos EUA para seu pai em carta ao Papai Noel



Óscar Casanella, ativista cubano, espera asilo nos EUA. Seu filho pede ajuda em uma carta ao Papai Noel. A família teme deportação após experiências de repressão em Cuba. Processo de asilo ainda sem veredicto.

Óscar CasanellaFoto © Facebook / Óscar Casanella

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O ativista e cientista cubano Óscar Casanella divulgou nesta quarta-feira o conteúdo de uma carta ao Papai Noel escrita pelo seu filho mais velho, na qual a criança pede “o primeiro e mais importante”: que concedam asilo político a seu pai nos Estados Unidos para que ele não seja deportado.

Na carta, Pablo Casanella afirma ter se comportado bem e estudado, pede desculpas “se às vezes jogo demais Minecraft e vejo muitos vídeos no YouTube” e solicita como segundo desejo “um set de Lego do explorador antártico”.

O pedido principal, no entanto, está centrado na situação migratória do pai: “por favor, conceda asilo político ao meu pai para que não o deportem”, segundo o texto compartilhado.

Casanella explicou que a carta o levou a publicar uma mensagem dirigida a “familiares e amigos”, na qual afirma sentir-se “muito mal” por não ter conseguido proporcionar ao filho “segurança, estabilidade, tranquilidade e alegria”.

Captura de Facebook

En seu relato, precisa que se enfoca em seu filho mais velho porque foi quem “viveu em Cuba vários anos” e porque, já nos Estados Unidos, vive com o temor de que lhe neguem o asilo de seu pai e a família seja deportada.

O ativista atribui o estado emocional da criança a experiências vividas em Cuba, onde —segundo afirma— presenciou episódios de repressão, incluindo agressões, detenções e noites em celas por manifestações pacíficas.

Casanella afirma que seu filho foi detido junto com ele e sua esposa em 23 de abril de 2021 pela “polícia política” com a ajuda da PNR, e sustenta que existem vídeos públicos na internet sobre esses eventos.

Também descreve que em 2021 teria havido vigilância permanente em frente à sua residência, com uma patrulha e agentes, o que —segundo sua versão— limitou sua saída de casa durante esse período.

Captura de Facebook

Em sua publicação, Casanella afirma que no dia 10 de dezembro de 2025 completaram-se "exatamente quatro anos" desde que ele conseguiu sair de Cuba junto com sua esposa e seu primeiro filho em busca de refúgio.

Pese a isso, afirma que não conseguiu fazer com que o menor deixasse de sentir “ansiedade, insegurança, preocupação e estresse” pelo temor de uma eventual deportação.

O ativista acrescenta que já se passaram “quase seis meses” desde seu julgamento de asilo político e que ainda não receberam resposta.

“Quanto tempo mais terá que passar para que meu filho comece a se sentir seguro e a desfrutar plenamente de sua infância?”, pergunta no texto.

A audiência de asilo de Casanella em uma corte de imigração em Miami concluiu sem veredicto.

De acordo com essa informação, o processo se estendeu por mais de seis horas (das 8h30 às 15h) e a juíza estabeleceu como prazo final o dia 11 de julho para emitir o parecer por escrito.

Em declarações citadas, Casanella disse que gostaria de uma resposta imediata, mas que a juíza precisava de tempo, e acrescentou que só conseguiu apresentar “uma mínima parte da dor” vivida.

Suas advogadas descreveram o julgamento como extenso, mas justo, e indicaram que a decisão foi adiada para analisar as provas e elaborar o veredicto formal.

Casanella é um bioquímico e ex-professor universitário em Havana, vinculado ao Movimento San Isidro, com antecedentes de vigilância, ameaças e represálias desde 2013.

Cruzou a fronteira sul dos EUA por El Paso, Texas, em janeiro de 2022, e recebeu um documento I-220A em vez de parole, o que o deixou em um "limbo legal".

Em sua mensagem, Casanella encerra com apelos por "segurança e felicidade" para as crianças cubanas, respeito pelos direitos humanos e liberdade para os prisioneiros políticos.

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