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O repórter independente Yosmany Mayeta Labrada denunciou nesta segunda-feira dificuldades no serviço de hemodiálise do Hospital Clínico Quirúrgico Juan Bruno Zayas, em Santiago de Cuba, onde os pacientes permaneceram por horas sem receber tratamento devido à falta de sal necessário para o funcionamento da planta de desinfecção.
En uma primeira publicação no Facebook, Mayeta apontou: “A planta de desinfecção não tem sal, motivo pelo qual os pacientes de hemodiálise do Hospital Clínico Quirúrgico Juan Bruno Zayas não estão recebendo seu tratamento. Hoje, segunda-feira, desde as 5 da manhã, ninguém entrou”, acompanhando a mensagem com imagens tiradas dentro do hospital.
O jornalista citou uma paciente que afirmou ter vivido uma situação semelhante dias antes: “No sábado foi a mesma coisa. Só se resolveu algo quando as publicações chegaram às mãos de quem se importa. Sou cristã, não gosto da força, mas temo pela minha saúde”.
Em uma atualização posterior, Mayeta informou que o serviço começou após as quatro da tarde. “Acabaram de começar, já estou na máquina, mas vão ficar quatro horas e depois é a vez do outro grupo. Até quem sabe que hora do dia seguinte”, citou o jornalista da paciente.
O repórter também mencionou que ocorreram cortes de energia durante o dia: “A luz se foi. Formou-se uma grande correria. Não sei o que aconteceu com os pacientes de terapia, aqueles que estão conectados a ventiladores artificiais. Que desastre.”
Segundo acrescentou, os atrasos afetam o estado físico dos doentes: “Esses pacientes não podem passar tanto tempo sem diálise. Eles se descompensam, se exaurem, e a impotência os mata mais rápido do que a doença”. Até o momento, não foi emitida uma explicação oficial sobre a falta de sal nem sobre as falhas elétricas reportadas.
As publicações de Mayeta geraram numerosos comentários. Várias pessoas lamentaram a situação e concordaram que “sempre há déficit de algo”. Outras qualificaram o ocorrido como “um calvário” e lembraram que “cada dia é um milagre poder receber o tratamento”. Alguns usuários também questionaram como, em um país “rodeado de mar”, falta sal para manter ativo o sistema de hemodiálise.
O Hospital Juan Bruno Zayas tem sido cenário de outras denúncias de cidadãos nas últimas semanas. No final de novembro, Yosmany Mayeta Labrada publicou fotografias que mostravam banheiros quebrados, corredores alagados e acúmulo de lixo em algumas salas do centro, incluindo a área 5D, destinada a pacientes com doenças crônicas. “Entrar em um banheiro é um desafio... não deveria ser assim para um doente”, contou um familiar citado naquela ocasião.
Dias depois, em 3 de dezembro, o hospital recebeu um donativo de 100 colchões por parte da União de Indústrias Militares das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), entregue durante um ato público com autoridades do Partido Comunista e do Governo provincial, “no contexto do Dia da Medicina Latino-Americana e do centenário de Fidel Castro”.
A entrega gerou comentários divididos entre aqueles que agradeceram a ajuda e os que consideraram que o ato não abordava os problemas estruturais do hospital. “Por favor, continuam chovendo mentiras. Em nenhum hospital há medicamentos, roubaram tudo e vendem na rua como se fosse amendoim”, escreveu um usuário. Outro comentou: “Isso era para os afetados pelo ciclone, não para redecorar o hospital”.
O hospital santiaguero tem estado no centro da conversa pública nas últimas semanas devido a diversas denúncias e ações oficiais que, segundo vários usuários, não têm resolvido as dificuldades diárias de pacientes e do pessoal médico.
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