Conforme as horas passam, aumenta a questão sobre a identidade do ex-agente da inteligência cubana preso na manhã desta quarta-feira nos Estados Unidos por suposto fraude relacionado ao seu status de residente legal permanente (LPR).

O jornalista Juan Manuel Cao lançou a hipótese de que poderia ser o piloto militar do regime cubano, Luis Raúl González-Pardo Rodríguez, envolvido na derrubada de dois aviões de Hermanos al Rescate, que, segundo foi divulgado em outubro do ano passado, estaria residindo nos Estados Unidos graças ao parole humanitário.
Retirado com graus de coronel, González-Pardo fez parte da Defesa Anti Aérea e Força Aérea Revolucionária (DAAFAR) e participou do abate das aeronaves de Hermanos al Rescate em 1996, um fato no qual perderam a vida os pilotos americanos de origem cubana, Mario Manuel de la Peña (24 anos), Armando Alejandre (45), Carlos Costa (29) e o residente cubano Pablo Morales (29).
Cao indicou que não há confirmação, mas compartilhou algumas fotos de González-Pardo nas quais se observa que pode ser a mesma pessoa que aparece de costas na única foto divulgada pelas autoridades nesta quarta-feira.
No ano passado, membros do exílio e congressistas cubano-americanos alertaram sobre o crescente número de repressoras e dirigentes do regime cubano que estavam chegando ou residem há bastante tempo em território americano.
Embora não tenha sido o responsável direto pelos disparos de mísseis que derrubaram os dois aviões no dia 24 de fevereiro de 1996, o piloto teria decolado naquele dia e perseguido a terceira aeronave, pilotada pelo líder da organização José Basulto e Arnaldo Iglesias, e na qual também estava a líder da organização M.A.R, Silvia Iriondo, e seu esposo Andrés, que conseguiram escapar.
Após sua aposentadoria, González-Pardo ocupou importantes cargos na aviação civil cubana, incluindo o cargo de segundo chefe da Terminal 4 do Aeroporto Internacional José Martí de Havana, também conhecida como a Terminal de Carga Internacional, operada em colaboração entre empresas cubanas e espanholas.
Outra hipótese sobre a identidade do detido
En redes sociais, numerosos internautas também levantaram a possibilidade de que o detido seja Manuel Menéndez Castellanos, ex-secretário do Partido Comunista na província de Cienfuegos e antigo membro da "equipe de coordenação e apoio" de Fidel Castro, que chegou em agosto do ano passado ao Aeroporto Internacional de Miami.
A notícia foi divulgada na ocasião pelo jornalista Mario J. Pentón, que foi testemunha direta da chegada do ex-líder partidário.
Menéndez Castellano - quem teria chegado através da reunificação familiar - tentou passar despercebido usando boné, máscara, óculos. Chegou em uma cadeira de rodas e carregando uma mala preta sobre as pernas.
Ao se identificar como jornalista para o ex-dirigente, Mario J. Pentón teve sua câmera quase arrancada por Menéndez Castellano, que se tapou o rosto e disse: “Eu vou para minha casa”, em imagens que se tornaram virais.
Menéndez Castellanos trabalhou para o regime cubano desde 1972. Ele se vinculou primeiro à Central de Trabalhadores de Cuba (CTC) e depois foi promovido a Primeiro Secretário do Partido Comunista em Cienfuegos, cargo que ocupou entre 1993 e 2003.
Deputado da Assembleia Nacional durante vários anos, Menéndez Castellanos também foi representante do regime em eventos internacionais como o Congresso do Partido Comunista da Venezuela e o X Aniversário da Unificação do Iémen.
O misterioso arresto
Nesta quarta-feira, o ICE, o HSI e o FBI informaram sobre a prisão de "um ex-membro da inteligência cubana por ter obtido fraudulentamente seu status de residente permanente legal (LPR)"
A nota acrescentou que "HSI e seus parceiros continuarão seus esforços para identificar e prender as pessoas que representem uma ameaça à nossa segurança nacional", reiterou o comunicado.
A prisão destacou os esforços das autoridades americanas para investigar e processar casos de fraude migratória, particularmente aqueles que envolvem pessoas com vínculos anteriores a entidades de inteligência estrangeiras.
As autoridades prometeram para esta quinta-feira tanto a identificação quanto um vídeo da detenção.
No entanto, até o fechamento desta nota, a identidade do detido não foi revelada.
Caso não sejam nenhum dos dois cubanos mencionados, o que muitos internautas concordam é que, à luz do histórico político de ambos, fica evidente que possuem méritos de sobra para merecer uma deportação à ilha.
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